terça-feira, 4 de março de 2014

É EXPRESAMENTE PROIBIDO USAR BONÉ NA ESCOLA

O artigo de Alencar Luis Zanon é amplo, busca as justificativas mais frequentes sobre o assunto e analisa a razoabilidade das mesmas. Regras mal formuladas geram rebelião. Será uma questão de viajar numa ilusão, dar uma interpretação pessoal e insistir em não enxergar o moderno?

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É EXPRESSAMENTE PROIBIDO USAR BONÉ NA ESCOLA 



sexta-feira, 6 de setembro de 2013

MANIFESTAÇÕES NA RUA - PRA QUÊ?






MANIFESTAÇÕES – PRA QUÊ?

O subsídio mensal dos membros do Congresso Nacional, referido no inciso VII do art. 49 da Constituição Federal, é fixado em R$ 33.763,00 (trinta e três mil, setecentos e sessenta e três reais).
Verba de R$ 15 a 20 mil mensais que pode ser usada em despesas de fotocópias, manutenção de escritório, alimentação, serviços de consultoria e pesquisa(?).
Verba de gabinete de R$ 78.000,00 (setenta e oito mil reais), de acordo com o Ato da Mesa 44/2012. A verba é destinada ao pagamento de salários dos secretários parlamentares, funcionários que não precisam ser servidores públicos e são escolhidos diretamente pelo deputado (sem concurso). 
Salário dos Vereadores – o mais alto do Brasil: R$ 15.031,76 . O mais baixo: R$ 6.129,00. Trabalham normalmente 8 horas por semana.  
Os técnicos legislativos de nível médio também têm altos salários, por volta de  R$ 20.297,24, líquidos. É o exemplo de um técnico administrativo do exercício de 1993 que ganha R$ 17.454,04 de remuneração básica, mais R$ 7.863,10 em vantagens pessoais, R$ 4.308,24 de comissão e R$ 740,96 de auxílios.
O menor salário pago no Senado, sem contar os benefícios, é para os chamados auxiliares legislativos de nível fundamental e varia de R$ 10.753,42 e R$ 15.142,83.


Comparando o trabalhador comum com o político

Manifestações são necessárias para a população exercer a democracia. Cobra-se o fim da corrupção, uma utopia. Cobra-se melhores condições na educação e na saúde.

Me incomoda a corrupção. Mas me incomoda ainda mais o sistema que “nós” criamos, ou permitimos existir, ou nascemos compassivos com a sua existência.

Quando eu nasci, já encontrei um mundo com a corrupção. Depois descobri que além desta, ainda havia uma distorção absurda do que poderíamos chamar de “legal”.

Através dos anos, trabalhadores conquistaram direitos valiosos para sua existência como profissionais e como membros de famílias que merecem ser feliz.

Enquanto ficamos indignados frente aos noticiários de corrupção, existe uma distorção de valores acontecendo de maneira legalizada.

Férias
O trabalhador conquistou o direito a 30 dias de férias por ano. Mas há uma classe de trabalhadores que tem direito a 60 dias de férias por ano. Com certeza estes devem merecer esta diferença a mais porque trabalham mais, ou seu serviço tem mais valor ou são de fato pessoas mais importantes.

Estabilidade
Uma pessoa que se dedica ao estudo e consegue passar num concurso público adquire depois de 3 anos de serviço a possibilidade de usufruir a estabilidade. Mas existe uma classe de profissionais que também passa num concurso e a “aquisição da vitaliciedade ocorre após estágio probatório de dois anos”. Precisa explicar o que é isto? Simples, é emprego seguro para o resto da vida. O que acontece, no entanto se um profissional desta área comete faltas graves? Numa empresa,o trabalhador corre o risco de ser mandado embora, se concursado de enfrentar um processo administrativo e ser exonerado sem fundo de garantia. Mas para uma classe específica de profissionais, este será punido com a aposentadoria compulsória, que poderá ser com subsídio integral (salário integral). Se você não entendeu direito, eu também não, pois achamos que aposentadoria é uma espécie de prêmio ao trabalhador que por décadas trabalhou e contribuiu para fundos de aposentadoria. A explicação para a vitaliciedade é que estes profissionais “sofrem pressões próprias da função”. Será que eu entendi direito? Esta “pressão” se refere a pressões por parte de pessoas influentes que poderiam prejudicar o trabalhador desta classe e forçá-lo a decidir em favor do errante com o risco de ser despedido se não fizer?
E eu pensava que todos os trabalhadores deste Brasil sofriam pressões. Levantar às 4 horas da manhã, levar o filho na creche, pegar o trem, depois o metrô, depois o ônibus e chegar no serviço às 7, passar por lugares sombrios, manter a concentração no trabalho para não ser mandado embora, nem causar danos materiais e em muitos casos colocar em risco a saúde e vida de outros, pegar ônibus às 5, pegar o metro, pegar o trem, chegar em casa pelas 8 ou 9, pagar o aluguel, e . . . receber dois salários no fim do mês. Mas se trabalhar direitinho, de repente pode “merecer” um aumentozinho no salário.
Aumento de salário
O trabalhador quando quer aumento de salário tem que pedir ao patrão, demonstrar seu desempenho e . . . Existe uma classe de trabalhadores que simplesmente se reúne e decide o que vão ganhar no próximo ano. ”Aumento foi aprovado nos minutos finais da última sessão ordinária do ano”. Estes não precisam, ou acham que não, consultar quem lhes paga seu salário. Há casos impressionantes em algumas cidades como aquela em que de um ano para outro deram a si mesmos aumento de 63% no salário e que chegou aos quarenta mil (incluindo verbas indenizatórias e de gabinete). Me lembrei que no final do ano de 2006 “em clima de zombaria, decidiram aumentar os próprios salários em 91%. Assim, com a força de uma canetada, seus vencimentos saltam de 12.847 para 24.500 reais”. http://veja.abril.com.br/201206/p_070.html

Material de serviço
Um trabalhador de qualquer empresa precisa ter a sua disposição ferramentes próprias para desenvolver seu trabalho. Em alguns casos, professores por exemplo, tem uma cota de fotocópias para usarem com seus alunos por que afinal tinta e papel acabam custando caro para as escolas e para o governo. É preciso economizar sempre. Há uma classe de trabalhadores que, além de receber seu salário titanico, recebe verba indenizatória. O que é isto? Verba de R$ 15 a 20 mil mensais que pode ser usada em despesas de fotocópias, manutenção de escritório, alimentação, serviços de consultoria e pesquisa(?), contratação de segurança, assinatura de publicações, TV a cabo, internet, transporte e hospedagem do trabalhador, entre outras. O saldo não utilizado fica acumulado para o mês seguinte, dentro do limite de um semestre. Mas, conforme dados do site do senado, muitos destes trabalhadores gastaram entre 30 e 40 mil por mês com estas verbas.
Mas além desta ainda há a verba de gabinete. O que é isto? O valor da verba de gabinete é de R$ 78.000,00 (setenta e oito mil reais), de acordo com o Ato da Mesa 44/2012. Este é o novo valor com o aumento de 30% valendo a partir de julho ( antes era sessenta mil). A verba é destinada ao pagamento de salários dos secretários parlamentares, funcionários que não precisam ser servidores públicos e são escolhidos diretamente pelo deputado (sem concurso). O salário dos secretários parlamentares é de, no mínimo, R$ 845,00 e, no máximo, R$ 12.940,00. Cada deputado pode contratar até 25 secretários parlamentares. Para um profissional ter 25 secretários é por que trabalha pra valer. Vamos combinar, não precisa tantos, uns dez já tava bom. Divida 78 por dez e veja o que dá para pagar para cada um e lembre-se, sem concurso nenhum. Quem paga a conta? Considerando que temos 513 trabalhadores com estes direitos, a população de trabalhadores “normais” contribuem com alguns milhões para este objetivo, faça a conta.

O salário
O salário médio do trabalhador brasileiro é de R$ 1.792,61, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a partir de pesquisa do Cempre (Cadastro Central de Empresas). O estudo apontou que os funcionários com ensino superior (17,1% dos trabalhadores) ganham, em média, R$ 4.135,06, valor mais de 200% acima da remuneração média daqueles sem diploma universitário (82,9% do total), de R$ 1.294,70.

O salários de supertrabalhadores em média são:
Vereadores – o mais alto do Brasil: R$ 15.031,76 . O mais baixo: R$ 6.129,00. Trabalham normalmente 8 horas por semana. FONTE: Senado Federal. Interlegis. Censo Legislativo – 2005 http://dados.gov.br/dataset/censo-do-legislativo

Quem tem curso superior ingressa no Senado com um cargo que recebe o nome de "analista legislativo". No último concurso, o salário inicial previsto para essa categoria era de R$ 18.440,64. Com o reajuste, o salário base desses profissionais hoje varia entre R$ 19.362,65 e R$ 21.945,12, sem benefícios. Os advogados que foram aprovados no último concurso da Casa, em 2012, entraram ganhando R$ 23.826,57.  Eles foram contratados para trabalhar oito horas por dia, mas até o início do ano faziam uma jornada de seis horas, por regulamentação da Casa”.
Os técnicos legislativos também têm altos salários, se comparado com a média paga pelo mercado. Para passar num concurso público para o cargo é exigido apenas nível médio. Dos servidores selecionados aleatoriamente pelo R7, há casos de salários de R$ 20.297,24, líquidos. É o exemplo de um técnico administrativo do exercício de 1993 que ganha R$ 17.454,04 de remuneração básica, mais R$ 7.863,10 em vantagens pessoais, R$ 4.308,24 de comissão e R$ 740,96 de auxílios.  

Quem cursou apenas ensino fundamental também tem alta remuneração para auxiliar na gráfica. O menor salário pago no Senado, sem contar os benefícios, é para os chamados auxiliares legislativos e varia de R$ 10.753,42 e R$ 15.142,83.     http://noticias.r7.com

Nenhum funcionário público pode ganhar mais que R$ 26.700 - a remuneração dos juízes de instâncias federais superiores. Porém, um terço dos ministros e mais de 4.000 servidores federais teriam rendimentos superiores a esse teto. Incluindo o presidente do Senado, José Sarney, cujo salário chegaria a R$ 62 mil, devido a um acúmulo de pensões.

De maneira que o Brasil está em segundo lugar no mundo em gastos com políticos. E ainda assim é o dobro do país que está em terceiro lugar. Cada membro do Congresso brasileiro custa em média o equivalente a 2068 salários mínimos anuais, mais do que o dobro do México, segundo
colocado segundo esse critério, cerca de 37 vezes superior ao da Espanha e 34 vezes maior do que o do Reino Unido http://www.transparencia.org.br/docs/parlamentos.pdf
  
O trabalhador normal tem um benefício no final do ano que parece ser um presente de natal: o 13º salário. Mas há uma classe de trabalhadores que merece mais do que isto, sim um 14º, um 15º. Claro que o dito benefício tem nome de “ajuda de custo” (?). Este benefício (14º e 15º) foi descontinuado com a proposta aprovada do dia 27 de fevereiro de 2013. Este benefício começou em 1938 e chegou a pagar até 19 salários (19º salário?). Lembrando que para incentivar o trabalhador a trabalhar direitinho, há as ajudas de custo para as convocações extraordinárias que aliás os próprios trabalhadores marcam, lerdeando nas ordinárias para provocar as extras. Cada sessão destas tem uma ajudazinha de mil e quinhentos reais, noticiou o: http://www.jornalnh.com.br/politica/467831/camaras-da-regiao-ja-gastaram-mais-de-r-100-mil-em-sessoes-extraordinarias.html
Todos os trabalhadores mereciam uma ajuda na motivação assim.

Auxilio moradia
Muitos trabalhadores estão sendo agraciados com o plano “ Minha casa minha vida”. Famílias com salário até 1.600 reais tem o melhor plano para a compra da casa própria. Podem adquirir para pagar a perder de vista casas com uns 40 m². Mas há uma classe de trabalhadores que, mesmo tendo casa própria e ganhando muitas vezes mais que a média de trabalhadores brasileiros, tem direito a “auxilio moradia”. Nada mais justo, visto que são trabalhadores que viajam ou trabalham por determinado tempo em cidades diferentes de sua residência. Muitos destes recebem R$ 3.800,00 por mês para isto. Quem determina o valor e eventual aumento? Eles mesmos. “Os deputados da Assembleia Legislativa de Santa Catarina aprovaram, nesta quarta-feira (19/12/2012), um aumento de 79% no próprio auxílio moradia, retroativo ao mês de setembro de 2011. O aumento vale também para juízes, desembargadores, procuradores e promotores do Estado. O valor do benefício passa de R$ 2.400 para R$ 4.300 mensais”. Que casa é esta que custa este valor de aluguel? Mas é que em Brasília o custo de vida é alto, e eu pergunto por que é alto, e respondo, porque há quem pague com dinheiro dos outros preços super altos. Pechinchar pra quê? 
E mais . . . 
Art. 1º O subsídio mensal dos membros do Congresso Nacional, referido no inciso VII do art. 49 da Constituição Federal, é fixado em R$ 33.763,00 (trinta e três mil, setecentos e sessenta e três reais).
§ 1º É devida aos membros do Congresso Nacional, no início e no final do mandato, ajuda de custo equivalente ao valor do subsídio, destinada a compensar as despesas com mudança e transporte.(18 de dezembro de 2014)
Quer dizer, o parlamentar precisa de  R$ 33.763,00 para "fazer a mudança" para Brasília.
 
Bem uma destas 'moradias' temporárias será reformada. Custará R$ 90.000,00, o equivalente a construção duma casa popular. São quatro banheiros e quatro salas.

Além destas ajudinhas, poderíamos mencionar ainda mil reais para assinaturas de jornais e fotocopias, nove mil para despesas de viagem para Brasília, e por ai vai.
O trabalhador precisa ter um convenio de saúde. Estes trabalhadores mencionados acima podem pedir reembolso ilimitado de gastos com saúde. Em 2009, a Câmara gastou R$ 50 milhões com médicos e dentistas: deu R$ 8 mil para cada.

Agora veja esta notícia: “Atualmente, um a cada cinco senadores exerce o mandato e participa de decisões políticas importantes para o país sem ter recebido um voto sequer.
Dos 81 senadores com mandato no país, dezesseis fazem parte dessa categoria. O cobiçado cargo de suplente é escolhido a dedo conforme o interesse do político titular. É comum que parte dos parlamentares destine o posto a empresários que financiam suas campanhas. Além das generosas doações para o caixa de campanha, outra prática recorrente é a nomeação de parentes para a suplência”.
Mas se você está pensando algum mal destes trabalhadores honrados, vale dizer aqui que houve uma proposta sim de mudar isto. Veja a reportagem: “Senado rejeitou na noite desta terça-feira (10/07/2013) a proposta de emenda à Constituição (PEC) que proibia que senadores escolhessem como suplentes seus cônjuges ou parentes de até segundo grau - como filhos, irmãos, pais e primos”. Mas “ o Senado rejeitou”.

Falando sobre aposentadoria . . . Ah deixa pra lá, é mais uma distorção monstruosa.
Falando sobre imunidade parlamentar . . . Ah.
Falando sobre a diferença do tratamento que recebe alguém que tem ensino superior em relação ao que não tem ao ser preso por exemplo. . .
Eu poderia escrever dias e dias sobre o assunto.
Sobre prefeituras que fazem uns acordos secretos com médicos para que eles recebam por 20 horas para trabalharem só dez, ou de médicos e outros concursados e não concursados que recebem salários acima do teto que a lei permite.

Alguns profissionais ocupam funções mais importantes para vida de outros. Um médico, por exemplo, cuida da vida do paciente. Advogados da liberdade e justiça. A vida da pessoa tá na mão dum médico. O Estado na mão da administração pública. Como se as vidas dentro dum ônibus não estivessem na mão do motorista, do piloto de avião, do policial, do professor, do . . .

Como este sistema chegou a este ponto? Todos somos iguais perante a lei diz o artigo 5º da Constituição.

As manifestações são para cobrar o quê mesmo?
Desde o início deste texto não falei de Corrupção, mas de absurdos cometidos por “pessoas que amam o povo” e “trabalham para o Brasil”, que usufruem descaradamente de benefícios imorais que são regulamentados ou pela Constituição ou por quaisquer outras leis. Nada fora da lei.


Tenho escutado a seguinte frase: “Na hora de votar, lembre-se dos políticos maus, para não votar neles”. To achando esta frase ridícula. Outra frase: “o Brasil é uma terra sem lei”.
Ora todas estes absurdos citados acima são feitos dentro da lei, pois existe leis ridículas que os apoiam. Quanto a eleição, ora esta serve apenas para trocar pessoas, o sistema de leis e normas absurdas continuam lá e os que assumirem vão fazer exatamente o que os anteriores fazem, “dentro da lei”. Vão ganhar seus 15, 20, 30 mil, vão ter seus 50 mil de ajuda de custo, vão se aposentar com seus 26 mil com uma década de trabalho, vão ter auxilio moradia, vão trabalhar de terça a quinta, etc. É interessante que quando perguntados sobre estes assuntos dizem que é porque trabalham, é pela importância da função. Como se o trabalhador normal não fosse importante, ou como se este não trabalhasse tanto quando deveria.

As manifestações são para cobrar o quê mesmo?

Certamente se a saúde pública está doente, se a educação sofre, e se isto se deve a falta de projetos e verbas, então o dinheiro deve estar indo para algum outro lugar. Para a corrupção? To chegando a conclusão que a quantidade de dinheiro que a corrupção surrupia ainda não é tão grande como o montante necessário para manter os privilégios legais de administradores.

Onde está a ilusão nisto tudo?

Quer dizer, se um dia fosse possível acabar de vez com a corrupção, ainda faltaria dinheiro para cuidar da saúde e da educação, pois não há dinheiro que chegue para manter a administração dum Estado assim.


Afinal, ali estão pessoas tão especiais, tão trabalhadoras e estas merecem benefícios superespeciais!!


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sexta-feira, 7 de junho de 2013

OS NOSSOS SÃO MUITO MELHORES

NOSSA HERANÇA



Nós seres humanos temos a mania de nos apropriarmos do que não é nosso.
Falamos de nossa pátria, nossa cidade, nosso emprego. Mas muitas vezes o bem de que falamos não foi exatamente nosso feito.
Se olhamos para um país com carros diferentes dos nossos,  dizemos, os nossos são muito melhores. Como se nós tivéssemos tido pessoalmente o crédito de tê-los criado.
Nossa terra, nosso país, nosso céu que tem mais estrelas, nossa mata que é mais verde são motivos de nosso orgulho, mas o que fizemos para ter isto na melhor forma?
Quando visitamos uma cidade pequena e nos deparamos com o pequeno shopping, imediatamente pensamos no grande e  gigantesco shopping de nossa cidade e já falamos que o de nossa cidade é muito melhor. Como se nós mesmos tivéssemos construído o tal shopping. Talvez até expressemos, que coisa pequena, os shoppings na minha cidade são muito maiores, tem muitas lojas, tem cinemas, tem muita gente, como se o morador da cidade grande tivesse um shopping particular dele, e o morador da cidade pequena não tivesse esta condição privilegiada. Mas nenhum dos dois foi responsável em determinar o tamanho, ou de contruir esta coisa. Na verdade é só na cabeça do ser humano esta pretensão, seja shoppings, aeroportos ou qualquer outra coisa. Minha escola, meu carro, minha seleção de futebol, etc.
Isto não é diferente com os jovens.
Criticam os mais velhos devido aos costumes aparentemente ultrapassados destes. Mas pensando bem, quem produziu , preparou e deixou este mundo do jeito que está para o jovem? As boas e as péssimas coisas.  O jovem domina a tecnologia e critica o atraso de velhos tempos. No entanto qual foi exatamente a contribuição deste jovem para que surgisse tal avanço, senão a presença dos mais velhos criativos, estudados e dispostos a legar aos mais novos suas criações? Quando o jovem nasceu, a coisa já existia, graças a alguns de mais idade que estudaram, lutaram, implantaram, fizeram nascer idéias e as concretizaram, e deixaram para uso dos que ainda viriam a habitar a terra. Mas agora o jovem se vangloria de usar melhores artefatos, avanços tecnológicos que simplesmente apareceram na vida dele prontos para uso. Ele só aprendeu a usá-los.
De novo o jovem critica a maneira de falar, pois está ligado nas gírias da hora. O jovem não criou nada, herdou a linguagem culta por meio dos professores de mais idade, assim como as gírias produzidas em geral por adultos de mais idade, uma vez que mesmo as gírias seguem uma lógica da linguagem do momento. Nada surge do nada. Daí o jovem apreende, assimila e passa a usar sem questionar muito sua origem ou sua aplicabilidade real a uma língua culta, mesmo porque gírias de qualquer época são assim, apenas palavras sem sentido dentro de um contexto totalmente diferente da mesma. Mas são necessárias e inevitáveis, contribuem para a identidade de um grupo, de um povo ou de uma comunidade. O jovem as capta, e usa, mas não produz, apenas repete o que ouve. E se orgulha, e arroga ter como se fosse sua  criação e porque não, acompanhada de um certo ar de superioridade, pois o mais velho se presta a não entender por estar por fora das novas modas da linguagem.
São muitas as coisas que defendemos como nossa, que aprendemos de outros. Provavelmente muitas das lições que ensinamos aos filhos são herdadas de nossos pais, mesmo que nem nos lembremos destas por sermos muito pequeninos na época. Cada vez que estivemos em contato com um outro ser humano, nosso cérebro aprendeu alguma coisa sem que nós percebêssemos. Às vezes estamos defendendo uma ideia como se fosse nossa, como se tivéssemos feito extensa pesquisa, mas não nos lembramos de perguntar a nós mesmos se um dia ouvimos alguém falando a respeito seja uma pessoa, seja televisão, professores ou algum transeunte em nossa vida. Ouvimos alguém falar, assimilamos sem estar totalmente conscientes disto, acrescentamos nosso tempero e lançamos a ideia como se fosse nossa.
Por outro lado talvez notemos uma pessoa defendendo uma ideia e nos lembramos que tempo atrás, ou anos, nós conversamos com aquela mesma pessoa sobre aquele assunto e que ela está agora mesmo passando para outros como se fosse sua tese. Não é originalmente sua, e certamente não foi nossa criação, apenas fomos repetidores da mesma.
Em nossa vida, quase tudo que temos, recebemos pronto de outros. Isto e ótimo, porque toda produção humana, nunca é produto de um ser só, é está disponível para todos.
Mas eu pensei agora numa produção artística, numa musica ou numa invenção em particular e quase tive certeza que foi criação de uma única pessoa num dia de grande inspiração. O que realmente aconteceu foi que aquele autor, muito embora tenha, num lance de iluminação inspirativa criado algo, seu cérebro juntou ideias de sua vida inteira, repetiu partes, ajustou outras, repetiu frases, usou um principio criativo de que tivera contato em algum momento anterior em sua vida mesmo que ele nem se lembre. Criamos muito pouco, repetimos muito, acrescentamos ideias novas e isto já é maravilhoso. Ninguém cria do nada. Em praticamente sua totalidade, pessoas que criam arte, musica, pintura, livro, teatro, ou pessoas que fazem girar as indústrias com novas tecnologias estudam bastante para entender seu campo de atuação, e daí, quando produzem ideias “novas”, nem são assim tão novas, mas ajustes, releituras, adaptações com algumas novidades acrescentadas.
 A nossa cultura, nosso jeito de ser, de falar, de se vestir, de comer, de cantar é herança de nossos antecessores. Mas toda cultura se transforma através dos tempos, e conta com a contribuição de cada um que ali vive. Até mesmo pequenas partes de outras cultura são inseridas conforme pessoas de fora se instalam entre nós. Daí, defendemos nosso modo de ser como se fosse sempre o melhor, como se pessoalmente fôssemos os idealizadores de nossa cultura.
 Aqueles que são considerados belos em nossa sociedade são elogiados, às vezes até venerados na mídia. Na escola, quando considerados belos, são alvo de pretendentes diversos. A família fica orgulhosa da criança ou jovem bonito. Espera-se que a pessoa bonita ache outra pessoa bonita para se relacionar e casar. A própria pessoa considerada por outros tão bela começa a se achar merecedora de algo mais, como se isto lhes desse algum status. Mas a bem da verdade, além de cuidados óbvios e necessários, comuns a bonitos e feios, a pessoa herdou sua beleza e não foi por merecer que recebeu tal dádiva, ainda que esta varie de cultura para cultura.  Mesmo que haja unanimidade em achar tal pessoa bela, não foi ela que se fez bela, não foram seus pais que souberam conceber uma pessoa bela. Simplesmente foi dádiva divina, ou da natureza, ou dos genes e algum cuidado pessoal também. Por isto mesmo que, embora a sociedade leve em tamanha conta a beleza, por bem da valorização humana como toda, devemos nos concentrar nos valores mais sublimes do ser, nas qualidades interiores de amizade, compaixão, compreensão, bondade, enfim que torna a pessoa bonita sob um novo olhar, uma visão de valores soberanos que superam a beleza física que é passageira.
Ao nos apropriarmos de ideias, nos arrogarmos de bens de nossa cidade, de nossa cultura, vivemos uma ilusão. É necessário que seja assim, pois assim como pertencemos ao meio, este pertence a nós ao mesmo tempo. Mas a ilusão, nós vivemos quando, diante de outros, nós defendemos estes como sendo melhores por ser nossos de alguma maneira sem termos feito muito para sua criação e manutenção. 



quarta-feira, 15 de maio de 2013

TODOS ENTENDERAM?


Tenho notado que nos últimos anos, professores dão aulas em meio a tumultuados alunos que não param de falar o tempo todo. Em muitos casos, parece que eles não entenderam que para estudar precisam ouvir atentamente em silêncio. Entender que no momento da aula só professor fala, alunos escutam e aprendem, está longe da compreensão deles. Mas professores erram também. Exigem o silêncio, gritando suas ordens para alunos com ouvidos surdos. Assim como alunos berram o tempo todo, professores gritam mais alto, e alunos berram ainda mais. Professores ameaçam, exigem que suas ordens sejam cumpridas, mas alunos não têm a menor reação.
Professores erram ao elevar tanto a voz para expressar sua autoridade. Ao falar gritando, ensinam seus alunos a fazer o mesmo, ficando um mal exemplo de má educação. Sim porque alunos mal educados fazem exatamente isto, berram.
Quando professores estão dando aula e todo tempo são interrompidos por alunos inquietos, a atenção é voltada a tais alunos e seus nomes são repetidos vez após vez, bronca após bronca. Se não forem tomadas medidas imediatas, o caos continua e alunos bem comportados pagam tendo uma aula de qualidade duvidosa.
Após explicar conteúdo, professor pergunta generalizadamente:
-Entenderam?
 Imediatamente escuta-se um coro, “sim professor, entendemos”. A pergunta é: Todos entenderam? E se metade dos alunos não tiver entendido, irão se expressar? E se uns poucos não entenderam terão coragem de se manifestar correndo risco de  serem caçoados pelo restante?
Depois duma pergunta desta, todos entenderam, um aluno vira-se discretamente para seu colega e pergunta baixinho, você entendeu (porque eu não entendi). Pergunta ao professor. Eu não.
Depois da avaliação, professor se pergunta por que alunos se saíram mal se o assunto foi muito bem explicado por ele mesmo. Mera ilusão.
Obs. Eu não acho que "Entender que no momento da aula só professor fala, alunos escutam e aprendem". Mas,  
“O educador não pode ser aquele que fala horas a fio a seus alunos, mas aquele que estabelece uma relação e um diá logo intimo com ele, bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa capacidade de gerar ideias e colocá-las ao serviço de sua própria vida”.
SALTINI, Cláudio J.P. Afetividade e Inteligência. Rio de Janeiro: Wak, 2008 pag 69.

Veja também:
EDUCANDO COM BERROS - RESOLVE MESMO


A ESCOLA FORA DA SALA - A IMPLANTAÇÃO DE ESCOLA INTEGRAL
(Também trata de indisciplina, berros, falta de respeito) 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A TERRA DE PONTA CABEÇA


A TERRA DE PONTA CABEÇA.

O norte fica para cima, o sul para baixo, o leste para o nascente do sol e o oeste para o poente.
Alguém que bateu a cabeça ficou ‘desnorteado’, sem rumo, sem direção.
Um palestrante citou vários pontos para ajudar os atentos ouvintes a ‘nortear’ suas decisões na vida.
O “norte” é coisa séria.
Um suposto viajante do espaço avista de longe o nosso planeta. A beleza da terra colorida fascina. Mas que estranho, a terra está de ponta cabeça.
Não é a terra que está de ponta cabeça, é a nave que está. Solução fácil. Desvirar a nave.
Mas será preciso virar a nave 180 graus? O visitante se aproxima e nota que não importa o que seus olhos vêem, não importa se a terra está de ponta cabeça, conforme a nave entra na estratosfera ele chegará sem dificuldade em algum ponto da terra. Mas depois disso, para chegar a outro lugar, ele precisará de direção, para o norte, para o sul. . . O que não significa que o norte seja “para cima” como nós nos acostumamos a ver.
Nosso visitante do espaço está de partida. Ao sair da estratosfera, ele tira uma bela foto da terra para mostrar aos seus ao voltar para seu lar. Mas a foto está de ponta cabeça! Para eles, definitivamente não. O hábito de menosprezar a cultura alheia é próprio da raça humana. Os que moravam no Hemisfério Setentrional usavam mapas e olhavam ‘para baixo’ aos habitantes do hemisfério meridional. Nos acostumamos a olhar para cima para ver americanos e europeus. Para quem olha do espaço, não existe norte ou sul.
Isto significa que poderíamos ter fotos da terra ou mapas onde o sul está para cima? A terra gira pelos pólos e mesmo pela lógica dum suposto visitante doutra galáxia a parte de cima será um dos pólos.
Mas se eu ver um mapa com o pólo sul para cima, os países contantes do mapa estarão todos “de ponta cabeça”.
Mera ilusão. Quem poderia dizer que do modo como os mapas são feitos é o correto. Não poderiam estes estarem agora mesmo ‘de ponta cabeça’.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

MAS ISTO NÃO É JUSTO - E QUEM DISSE QUE A VIDA É JUSTA?


"MAS ISTO NÃO É JUSTO – “E QUEM DISSE QUE A VIDA É JUSTA”.



Na história da humanidade ‘sempre’ imperou a injustiça. Quem detinha o poder sempre usou mal seu poder.
Assisti um filme chamado “ O Egípcio” de 1954 e numa parte do filme os Hitítas estavam formados para atacar a capital Tebas, mas o Faraó, um bom rei, acreditava que podia resgatar a bondade no coração das pessoas e achava que poderia evitar a guerra com diplomacia. Os Hitítas avançaram e destruíram a capital matando grande parte da população.
Surgiu uma questão moral: Optar pela guerra, perder soldados, mas proteger a população, ou optar pela paz e ser atacados com perdas de vidas inocentes da população.
Considerava-se Faraó como sendo um Deus, ninguém podia ficar com a cabeça acima da dele, todos tinham que se curvar, ninguém podia encostar na pessoa dele, ninguém podia contradizê-lo.
Veja a dissertação do personagem do filme, um médico que zelava pela vida das pessoas, conversando com o chefe dos exércitos do Egito, depois de tentar convencer Faraó de se preparar para a guerra:
Sinuhé (Médico) – “Faraó poderia te impedir de fazer o que você quiser com o exército? Você não é o General?”
Horemheb (General) – “Não, os homens atendem a mim e não a ele. Mas é ao Faraó que jurei lealdade. Ele vai escrever para os hitítas...! Pode até convidá-los para tomar seu trono".
Sinuhé  - "Faz diferença? Já vi grandes e pequenos governadores... velhos e jovens...  virís e afeminados. O povo sofre e morre... qualquer que seja o soberano. Hititas, egipcios, cretenses... É ruim acreditar demais, como crê o Faraó. Mas é pior acreditar em tão pouco, meu amigo. Não, não acredito em nada”.
Mas você pensou agora: Mas teve bons Reis, como hoje certamente tem bons políticos.
Bem, comecemos, não pelas intenções de quem governa, mas a tipo de vida que levam em contraste com a vida do povo.
Reis e governantes, regem, não sobre pedaços de terra, mas sobre grupo de pessoas, com o suposto intuito de proteger a elas e seu modo de vida.
Por que em todas os tipos de governos da história, as famílias dos governantes “sempre” usufruem o melhor da região, enquanto muitos trabalham arduamente para manter o Reino? Veja: Quanto ganha o político brasileiro?
Por que em casos de desastres ou guerra, a família dos reinantes recebe atenção, e o povo fica como escudo?
Por que as famílias de governantes “sempre” viveram na riqueza descomedida?
Desde milênios atrás a história é a mesma. Quando leio livros ou assisto filmes da realeza, seja da França, Inglaterra, China e Japão, ou de qualquer outra terra, vejo com tristeza a arrogância da realeza. Pessoas que não faziam absolutamente nada, não trabalhavam, mas viviam as custas dos tributos e impostos duma população pobre que trabalhava 7 dias para sustentá-los. Junto dela (da realeza) sempre tinha um grupo de parasitas que viviam às custas da amizade com a realeza. Andavam de barcos conversando educadamente, compareciam a teatros, faziam fartos piqueniques. Grandes festas para ostentar os belos e caríssimos vestidos das damas dos castelos assim como preservar seu “Status”social, eram comuns.
Em muitos casos, a realeza tinha empregados para vestí-los, para provar sua comida, e até para limpá-los depois de usar o banheiro. Muitos davam o direito a si mesmos de desfrutarem de lascívia e luxúria dos prazeres da carne.
Outros arrogantes eram religiosos influentes. O poder concedido à igreja fornecia a esta junto a riqueza, o poder sobre a vida da população pobre. Sim, as pessoas que politicamente chegavam à liderança na Igreja tinham o poder de condenar à morte a quem quisesse, e faziam isto com muita frequência queimando em praças públicas seus inimigos ou qualquer pessoa que pudesse apresentar riscos a seu poder. A história dos papas sangra as páginas da história com assassinatos, poligamia, conspirações, e até incestos.  Muitos eram depravados e pervertidos sexualmente, vivendo na luxúria. Durante a Idade Média é impressionante o número de líderes religiosos, não faltaram papas, que foram especialistas em conspirações, assassinatos e até bruxarias. O ouro incrustado nas paredes, nos tetos das igrejas e nos objetos de culto era uma afronta à pobreza dos simplórios leigos.
Para se obter esta arrogante condição vantajosa, conluios e golpes de estado aparecem com muita frequência nas páginas sangrentas do livro de história das potências europeias desde os primórdios. Pais matando filhos, primos, e até a mãe, é uma constante, para manterem-se no poder. Casamentos arranjados com nobres da realeza de países vizinhos eram na verdade meios para famílias se manterem no poder e na luxúria.
No antigo Egito, Pérsia, Babilônia, Grécia, Roma, assassinar para se manter ou mesmo tomar o poder era comum.
Resolvi dar uma pesquisada nas histórias políticas da França, da Alemanha, da Espanha e especialmente da Inglaterra, usando a Wikipédia. Fiquei pasmado com a quantidade de tramas entre familiares para se manterem no poder na maioria das vezes com assassinatos entre eles. Veja:
- “Os ingleses apoiaram o rei de Castela, Pedro I, na luta contra seu irmão Henrique II. Em 1369, Pedro foi assassinado por seu irmão”.
- “O Duque de Gloucester reivindicou o trono e capturou o jovem rei e seu irmão e os prendeu na Torre de Londres. Gloucester se converteu no rei Ricardo III. Os dois meninos encarcerados, conhecidos como os "Príncipes da Torre"desapareceram e foram possivelmente assassinados”.
- “Ana Bolena foi acusada de traição e tentativa de assassinato do rei, foi condenada e decapitada”.
- “A oposição às políticas religiosas de Henrique VIII foi rapidamente suprimida, vários monges dissidentes foram torturados e executados inclusive Thomas More”.
- “Em 1571, um plano para colocar Maria Stuart no trono, com apoio da Espanha, para restaurar o catolicismo, foi descoberto e seus idealizadores executados. Uma nova conspiração católica contra Isabel que pretendia assassinar a rainha e coroar Maria Stuart foi descoberta em 1586 e terminou com a execução da prima de Isabel”.
- “Em outubro de 1641, produziu-se uma nova rebelião na Irlanda. Muitos protestantes foram assassinados. Os católicos ingleses apoiaram os irlandeses”.
- “A reputação de Guilherme se viu afetada pelo massacre de Glencoe (1692), no qual centenas de escoceses foram assassinados por não prometer corretamente sua lealdade aos novos reis”.
- Ricardo III: Deu o golpe, e provavelmente assassinou seus sobrinhos para assegurar sua subida ao trono. - Ethelweard I: Assassinado, talvez por ordem de Athelstane. - Edmund I: Foi assassinado com seus filhos ainda crianças, por isso foi sucedido por seu irmão Eadred I. -  São Eduardo, o Mártir: Assassinado enquanto jantava por partidários de Ethelred II. –
No século X os papas envolveram-se em lutas com diversas facções políticas, e em alguns casos foram assassinados ou depostos.


Existem inúmeras outras passagens. Veja: A História da Inglaterra
Reis eram coroados ainda crianças, para manter a família na realeza (Rei Jaime I foi coroado com 13 meses de idade, Henrique IV com 9, entre muitos, que absurdo). A luta pelo poder era contínua, tramas e conspirações foram uma constante em toda a história envolvendo reis e ricos da terra.
Enquanto milhões trabalhavam duro e viviam aos trapos, famílias ricas viviam cercadas de ouro pelos móveis, portas, teto, paredes, pelo corpo, nas roupas. Comiam o melhor da terra.
O que eu acho interessante é os ricos sempre se consideraram como merecedores da riqueza, superiores e “cultos”. O Rei Jaime I, sucessor da famosa filha da Anna Bolena, a Rainha Elizabeth I ( a rainha virgem), escreveu um livro em 1597 chamado “The True Law of Free Monarchies” onde ele desenvolve a teoria do ‘direito divino dos reis’, e explica que por razões bíblicas os reis são superiores a outros homens. O direito divino dos reis fora defendido por Jean Bodin, francês, alguns anos antes.
Para o rei inglês, a sua autoridade régia era de "direito divino", pretendendo ter sido eleito pessoalmente por Deus para governar o seu povo. A sua realeza era absoluta, independente de qualquer poder ou autoridade da terra. O rei era assim uma espécie de lugar-tenente de Deus no seu reino, e só perante Deus teria que prestar contas do modo como exercera o seu poder. http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_divino_dos_reis
Claro que este suposto direito não contemplou apenas a estratégia inglesa de governar, praticamente todos os reis da terra agiram da mesma forma, alguns sendo considerados como “deuses”.
A história andou, e embora tenha mudado muitas coisas, muitos ricos continuam do mesmo jeito.
O sistema político abriga sempre os maiores salários da terra, pagos com o dinheiro de impostos da grande maioria pobre. Com seus tributos, os pobres bancam não só os salários, mas uma quantia de dinheiro inesgotável para viajens dos políticos, para saúde da família dos políticos, para aluguel, para funcionários diretos contratados não por concurso, mas por amizade. Vivem numa vida de ‘regalias’ (dicionário: Direito inerente à realeza), e dentro da lei, porque esta lhes proporciona tudo isto (não sei como chegamos a isto!). Alguns poucos, não contentes, acham que devem se envolver na corrupção para ter mais (alguns milhões de Reais). A esposa do ditador das Filipinas tem mais de mil pares de sapatos.
Na China, Li Cuxin vivia numa cidade onde não se tinha o que comer, a cidade cheirava a fezes humanas devido a grandes privadas feitas de madeira em cima de buracos no chão. Adoravam Mao Tse Tung que os conveceu que viviam na riqueza graças a ele. -Adeus , China - O Último Bailarino de Mao. Autor: Cunxin, Li. Editora: Fundamento.
Não poderíamos esquecer de mencionar o que aconteceu no Navio Titanic. Os ricos na primeira classe tinham o melhor. Pagaram por isto, mas trancar o pobre para não se salvar é ridículo. Usar os botes salva-vidas com metade de sua carga e deixar pobres morrerem sem barcos salva-vidas, é ridículo. O famoso filme de 1997 destacou com bastante clareza isto, baseado em fatos reais, mas não conseguiu mudar nada no coração de quem assistiu.. . .
Onde entra o pobre nesta história?   
O pobre sempre sonhou em ser exatamente, como o principe e a princesa, como algum daqueles parasítas, como um rico e seu luxo.
Ultimamente, alguns pobres conseguem enriquecer rapidamente. Alguns são atletas, outros viram celebridades, cantores e atores famosos. Alguns começam a se achar superiores, ficam arrogantes, orgulhosos e insolentes.
Cantores pedem coisas absurdas no hotéis onde se hospedam: "Cores brancas em todo aposento das paredes até as velas, milhares de flores espalhadas (plantas naturais, ficus ou palmeiras de dois metros de altura) e flores frescas. Nada de crisântemos, lírios, cravos ou margaridas. Cinco vasos quadrados de vidro com as flores: cinco das vermelhas e duas das brancas. E somente rosas. Nada de folhas. Os caules das rosas não deverão ter espinhos e medir exatamente 11 centímetros)".
A polêmica rainha do pop não poderia deixar de integrar esta lista. Uma frota com seis carros da marca Audi, troca do assento do vaso sanitária a cada ida ao banheiro e 25 caixas de água da Cabala, 20 linhas telefônicas, não são nada comparados a exigência de que somente 13 pessoas, de sua equipe, possam-lhe dirigir a palavra. Outro exige "o ambiente seja enfeitado com 19 plantas com cerca de 1,8 metro de altura e quatro plantas de tamanho aproximado em 1,2 metro de altura”dentro dos aposentos do hotel. Quando o assunto é toalha, Elton John e P. Diddy lideram a lista dos mais exigentes. O cantor inglês gosta de ter a mão 74 toalhas. Já P. Diddy não economiza e exige 204, sem contar as 20 barras de sabonete.   
Outra exigiu 48 toalhas, 24 brancas e 24 pretas, louças chinesas e bandejas de prata. Ainda outra foi mais além por ter solicitado um tanque de lagostas vivas que estariam sendo preparadas sempre que ela tenha fome. Um ator já requereu um andar inteiro de um hotel contendo: uma academia privada, um som estéreo extra-grande, juntamente com a Nintendo e PlayStation. O piso de filtros de ar condicionado deveria ser mudado na sua chegada e puxadores das portas deveriam ser desinfectados a cada hora. Para uma cantora, os banheiros da sua suíte de hotel devem estar equipados com torneiras de ouro. Um novo assento deve ser instalado antes de sua chegada. Sua própria roupa de cama são entregues com antecedência. Para Mariah Carey banhar com seu cão só em água mineral francesa. Além disso, camarim dela deve conter uma caixa de canudinhos bendy, dois purificadores de ar, cachorrinhos e gatinhos (de pelúcia?), um atendente de quarto que esteja usado goma de mascar quando fosse servir sua champanhe Cristal. A lista de exigência duma cantora que recentemente esteve no Brasil tinha quase 30 páginas.
Mas não é de hoje que a pessoa começa a ganhar milhões e fica “excêntrico” (dicionário: Extravagante, ridículo, esquisito).
Como entra o pobre na história da injustiça social?
Se o pobre fica rico, ele se transforma, compra mansões, carros caros e fica todo “excêntrico”.
Quem é que paga os 20 milhões de dolares que Nicolas cage ganha num filme só? Certamente não são seus produtores, nem empresas que primeiro bancam a gravação. Sim, é o pobre que paga para ver um filme porque o tal ator está lá. É nisto que grandes empresas investem. Clubes pagam milhões por um jogador porque sabem que o pobre irá ao estádio para ver o tal jogador.
O pobre fica todo bobo de ver um artista ao vivo, se é que isto é possivel. O fã (pobre fã) gasta seu dinheirinho para ir longe ver seu ídolo, quando consegue, vê lá de longe. Uma grupo de fãs se reuniu em frente do prédio onde estava Roberto Carlos no dia de seu aniversário, para cantar, comemorar, expressar seu amor pelo cantor. O Cantor apareceu na sacada durante cinco minutos, de longe, e disse que “ficou emocionado” com a expressão de amor da parte dos fãs.  
No passado quando a realeza passeava com sua corte, o pobre corria para ver e admirar. Hoje, um pobre anda pela rua, ninguém lhe cumprimenta. Ele fica famoso por se tornar uma cantor, um ator, um jogador ou seja lá o que for, noutro dia pessoas pedem autógrafos, e pagam para vê-lo.
Programas de TV arrecadam milhões, porque o pobre corre para frente da televisão para admirar o seu ídolo, que aliás nem conhece e provavelmente nunca conhecerá este pobre fã.
Pobre pobre! É este quem mantém a indústria do entretenimento, que gera bilhões, que produz ricos e riquezas para pouquíssimos. É verdade que muitos (muitíssimos) contribuem com pouco, mas os poucos que arrecadam,  acumulam muito, causando um desiquilíbrio social gigantesco, mesmo porque sempre que existir um acumulo de valores centrada numa pessoa ou empresa, como o dinheiro não poderá estar em dois lugares ao mesmo tempo, certamente terá muitíssimos outras pessoas sofrendo com a falta dele.
Em Nova Iorque, em frente ao ‘Central Park’, foram vendidos 92 apartamentos de luxo, o mais barato por cinquenta milhões de dólares, o mais caro cem milhões. Se uma pessoa, uma família, uma empresa tem a posse de tanto dinheiro, certamente muitíssimos pobres terão dificuldades para viver.
Portanto, pobre, quando reclamar da injustiça, lembre-se da parcela de culpa que temos em manter um mundo que admira o rico, que admira a casa do rico, o carro do rico quando passa na rua. Um mundo que admira celebridades, políticos, empresários, atletas, etc. Um mundo onde o pobre sonha que sua filha irá casar com "um príncipe", quer dizer, com um rico como se isto fosse a solução de seus problemas. Um mundo que despreza o pobre, mas paga para ver o rico, para ter um autógrafo, ou apenas  um sorriso fortuito. E de onde vem tanto dinheiro que agracia a vida do rico?
Mas a arrogancia não para por ai. O mundo acostumou-se a se espelhar nos “merecedores” da opulência, e o ser humano sob qualquer desculpa aprende a ser arrogante igual. Se é um funcionário e se torna patrão, se é um empregado como os demais, e se torna chefe de setor, o poder o corrompe, ele passa a agir igual aos “ricos” da terra. Se tem uma faculdade, olha para a senhora da limpeza com desprezo. Se consegue adquirir um apartamento, se recente da favela que lhes tira a beleza da vista.
Estes somos nós: seres humanos. Criamos um mundo injusto para nós mesmos e somos incapazes de desarraigar este complexo sistema de humano pisar em humano. Muitas vezes o próprio humano escolhe por voto, seu representante para enriquecer e se arrogar ter o “direito divino dos reis”, quando por exemplo se dá ao parlamentar, segundo nossa Constituição,  a ‘Imunidade Material’  – “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. De acordo com ela, o parlamentar não se sujeita a quaisquer conseqüências civis ou penais em razão das suas opiniões, palavras e votos. Durante o mandato, deputados e senadores não podem ser presos  e só podem ser processados pelo Supremo Tribunal Federal.
E a prisão especial, você já ouviu falar? 
Apesar do art. 5.° da Constituição da República consagrar o princípio da igualdade, estabelecendo que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", a Lei Maior, o Código de Processo Penal e a legislação extravagante conferem a certas pessoas o direito à prisão especial, ou seja, o "privilégio" de ficar preso em cela ou estabelecimento penal ou não, diverso do cárcere comum, até o julgamento final ou o trânsito em julgado da decisão penal condenatória.
O benefício penal visa oferecer um tratamento mais humano ao indiciado ou réu que, pelas "qualidades morais e sociais", merece melhor tratamento e, também, pelas conseqüências graves e irreparáveis que a convivência desordenada com presos perigosos, poderia lhes causar. Mas se voce não for politico em função ou não tiver diploma por faculdade superior, . . .


A conclusão é que a humanidade vive na ilusão em toda sua historia. Sempre houve os que achassem ser "superiores", "merecedores", "patrões", "deuses", "doutores", "abençoados" e coisas assim. Passaram a vida toda, muitas vezes, convencidos que era assim. Os pobres foram convencidos disto também. Em alguns países com diferenças entre castas, pensam que é o destino, pessoas nascem superiores simplesmente. 


Ilusão, criação da mente humana para propósitos de dominação, riqueza e poder.


Mas isto não é justo, - “E quem disse que a vida é justa”?!!





quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A ILUSÃO DA SUPERSTIÇÃO



Por que você acredita em Horóscopo, espíritos, ETs e religiões?

A resposta está no cérebro, uma máquina de projetar crenças. Conheça o que a ciência sabe sobre nossa necessidade de construir noções espirituais ou supersticiosas e como ela pode afetar suas escolhas

por Diogo Sponchiato/Colaboração: Fronteira Agência de Jornalismo/Fotos: Iara Venanzi
Revista 'Galileu' Out 2012.



África, 3 milhões de anos atrás. Um dos nossos ancestrais caminha por uma trilha cercada de arbustos. De repente, ouve um barulho no mato. Pode ser o vento, mas também pode ser um bicho pronto para o bote. Se o hominídeo se apega à segunda possibilidade e corre, mesmo não existindo fera por perto, comete um engano, mas continua vivo. Se, no entanto, atribui o ruído a uma brisa e segue a passos lentos, seus minutos estão contados caso exista um animal à espreita. É a esse exemplo que recorre o psicólogo americano Michael Shermer em seu novo livro, Cérebro e Crença, para sintetizar nossa necessidade biológica e evolutiva em criar e reforçar crenças.



“O cérebro conecta pontos em busca de padrões, mas nem sempre distingue o que é real. É como se estivesse programado para crer em qualquer coisa por precaução”, explica a GALILEU. Essa mesma lógica abre as portas para o sobrenatural. Imagine a cena: você, que já ouviu falar em assombração, está sozinho em casa à noite. Escuta, então, um ruído estranho na cozinha. O barulho pode ser um móvel rangendo ou... um espírito vagando. Na dúvida, precisamos crer em mais de uma possibilidade para agir, mesmo que seja ficar encolhido no sofá.



Shermer, Ph.D. em história da ciência, baseia suas conclusões em evidências que ligam a origem das crenças a nossos instintos mais primitivos. A seleção natural teria privilegiado os mais “crentes” porque os propensos a acreditar, seguindo nosso exemplo inicial, no predador, mesmo sem ter informações suficientes para deduzir isso, aumentaram suas chances de sobrevivência. Como nosso cérebro muitas vezes não identifica os erros, tendemos a acreditar em muitas coisas, principalmente se não temos como negá-las — bem-vindo ao mundo dos fantasmas, ETs e cia. A questão, como você vai ver, é que os genes, a personalidade e o ambiente se misturam na receita que nos faz mais ou menos adeptos a crenças.



Nascido para crer
Estudos apontam que a nossa maneira de adquirir informações sobre o mundo é criar padrões e generalizações em nossas mentes. “Há grupos de neurônios responsáveis por criar espécies de protótipos internos. Logo que vemos um objeto, não processamos todas as informações, mas tentamos encaixá-lo nesses protótipos”, explica o filósofo João de Fernandes Teixeira, professor da Universidade Federal de São Carlos.Um exemplo prático de como isso funciona: alguém que normalmente tem dificuldade para achar uma vaga para estacionar perto do trabalho observa que, ao chegar em um horário diferente, a rua está cheia de espaços livres.



Outro dia, nesse mesmo período, encontra vaga de novo. Sem precisar pensar muito, ele cria um padrão (horário diferente = rua livre) e passa a chegar sempre nesse novo horário, embora não tenha identificado razão lógica para isso. Esse modus operandi também pode funcionar de outro jeito. Vamos supor que nosso amigo em busca de uma vaga toque no seu chaveiro com um símbolo da sorte e, em poucos minutos, encontra um lugar para deixar o carro. Ele já tinha uma ideia da função do amuleto e, quando ele lhe traz uma vantagem, liga uma coisa à outra. Pronto: nasceu outro padrão (tocar o chaveiro = achar vaga). As superstições, assim, compartilham de um mesmo mecanismo de associações rápidas que nos fazem deduzir uma porção de coisas úteis.



Essa fome cerebral por padrões é o que define como ele lida com um universo marcado por fenômenos aleatórios. Para encontrar coerência nesse mundo caótico, dizem os cientistas, ele estabelece crenças justificadas por uma série de acontecimentos captados e editados ao longo da vida. Assim surgiria, segundo Shermer, nossa tendência a aderir a uma religião. As ideias de Deus e céu, por exemplo, nos ajudam a entender o mundo e o destino, e ainda balizam nossas atitudes e preceitos morais. Pense como isso pode facilitar a vida em sociedade e estimular um grupo a prosperar. “Não é por menos que há quem defenda que as pessoas geneticamente inclinadas a acreditar em religiões auxiliavam umas às outras e geravam mais filhos, espalhando, assim, os genes da religião”, diz o teórico evolucionista Craig James, autor do livro O Vírus da Religião.






Tá no sangue
Será que a vocação de cada um para a crença no sobrenatural ou em elementos religiosos estaria no DNA? “Há evidências de que o peso genético é decisivo e o ambiente cultural atuaria como um fornecedor de alternativas de crença”, diz o neurocientista Ricardo de Oliveira, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. Mas como é possível medir isso? Estudos têm acompanhado gêmeos que vivem em ambientes diferentes para ver o quanto compartilhar os mesmos genes interfere na crença deles. Uma série dessas pesquisas, feitas na Universidade de Minnesota, concluem, por exemplo, que cerca de 40% da propensão a uma crença religiosa tem base genética. “Em tese, alguém criado numa família religiosa, mas sem essa base favorável à capacidade de crer, dificilmente preserva tal comportamento fora desse contexto”, analisa Oliveira.



Apesar de terem mecanismos em comum, religião e pensamentos mágicos não podem ser colocados no mesmo barco. “As emoções são mais intensas nas experiências espirituais, que transmitem uma maior sensação de realidade”, conta o neurologista Andrew Newberg, que tem 5 livros analisando cientificamente a crença. Já se observou, por meio de ressonância magnética, que os cérebros de pessoas religiosas e céticas têm diferentes padrões de ativação. “Em um trabalho que fizemos com pessoas que rezam e meditam, visualizamos isso em estruturas cerebrais como o tálamo, ligado à nossa competência de construir uma visão de mundo”, relata Newberg.



A fé também está sendo relacionada a mensageiros químicos que excitam os neurônios. Uma quantidade maior do neurotransmissor dopamina, por exemplo, normalmente vem acompanhada de uma predisposição aumentada a endossar crenças no sobrenatural. Em um trabalho do Hospital Universitário de Zurique, 40 pessoas (metade crentes e metade céticas) foram submetidas a imagens de rostos normais e alterados. Constatou-se que os crentes tendiam a enxergar menos as distorções, sinal de que têm maior capacidade de estender padrões para situações em que eles não existem. Na segunda parte da pesquisa, todos os voluntários tomaram uma dose de dopamina sintética. E, veja só: não é que eles passaram a considerar rostos deformados como normais mais vezes?! Sobretudo os céticos. “A dopamina está associada ao aprendizado e a recompensas. Se você se sente bem ao presenciar ou ver alguma coisa, ela fará com que você repita essa atitude”, explica Shermer, que também é professor da Universidade Claremont Graduate.



Outra substância associada à crença é a serotonina. Um estudo do Ph.D. em psiquiatria sueco Lars Fade mostrou por meio de scanners cerebrais que uma quantidade baixa de receptores de serotonina no cérebro está relacionada a pessoas que dizem ser mais religiosas. Mesmo diante de estudos como esses, ainda não há um consenso sobre um elo entre fé e neurotransmissores. Aliás, a polêmica discussão em torno da existência de um “gene de Deus” diz respeito à identificação de trechos do DNA que regulam justamente a fabricação dessas substâncias.



O peso do ambiente
Dá pra dizer então que as nossas crenças são definidas só pela nossa carga genética, certo? Errado. Tomemos como exemplo um daqueles estudos feitos pela Universidade de Minnesota, no qual mais de 250 pares de gêmeos responderam a perguntas sobre a frequência a cultos, orações e discussões teológicas em suas vidas. Quando os gêmeos eram mais novos e conviviam com outros membros da família, todos apresentavam um nível de espiritualidade parecido, demonstrando forte influência do ambiente; na idade adulta, somente os gêmeos univitelinos (que têm carga genética semelhante) continuavam compartilhando os mesmos índices. “Crenças partilhadas no meio em que nos desenvolvemos são tomadas como naturais, enquanto as cultivadas por outros grupos nos parecem improváveis”, analisa o cientista cognitivo da religião Ilkka Pyysiäinen, da Universidade de Helsinque, na Finlândia.




É por isso que alguns pesquisadores têm certo receio dessa onda recente de determinismo em relação à fé e ao pensamento. “Assim como a ciência já sabe que o ambiente interfere na atividade de genes e predispõe doenças, a capacidade de crer parece ser moldada pela combinação de fatores biológicos e culturais”, avalia Teixeira, que também é Ph.D. em ciência cognitiva.



Por falar em influência, já parou para pensar no poder da mídia sobre as crenças? Glenn Sparks, professor de comunicação da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, avaliou o impacto da série Arquivo X sobre uma audiência aleatória de 200 americanos. Ele constata que os espectadores, ao acompanharem a série, se tornaram mais dispostos a dar crédito a fenômenos sobrenaturais e conspiratórios. “As representações ficcionais buscam ser verossímeis, tornando-nos propensos a acreditar que aqueles eventos são plausíveis na TV e fora dela”, diz Sparks. É por isso que até alguém mais cético pode ficar com a pulga atrás da orelha após ver filmes que tratem de exorcismos, aparições do além...



Crer ou não crer?
Não são poucas as pessoas que se consideram céticas, mas espiam o horóscopo ou evitam, de todo jeito, passar debaixo de uma escada. Seria paradoxal? De acordo com Shermer, nosso cérebro contaria com uma espécie de compartimento para crenças e outro para nosso lado mais pé no chão. “A racionalidade que usamos em alguns aspectos da vida, como no trabalho, nem sempre é utilizada em outros, como nossa postura diante do Universo, da política e de relacionamentos afetivos”, diz o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Se todo mundo fosse totalmente cético, ninguém jogava na loteria”, exemplifica Teixeira. Ao levarmos isso para o domínio religioso, encontramos inúmeros casos de cientistas que acreditam em Deus. “Fé e razão podem ser conciliadas até porque dividem o mesmo cérebro. São irmãs”, diz Jorge Claudio Ribeiro, professor de ciências da religião da PUC-SP.




Há momentos, porém, que aguçam nosso lado espiritual ou supersticioso. Logo após os atentados de 11 de setembro de 2001, o número de americanos que passaram a frequentar igrejas aumentou, segundo o instituto de pesquisa Barna, em 25% — o que, no entanto, durou apenas algumas semanas. O drama nem precisa ser coletivo. Pense em alguém acamado, deprimido ou frente a frente com um incêndio. “Quanto mais inesperada e difícil a situação, maior a tendência a nos comportarmos de modo supersticioso”, afirma Wellington Zangari, professor de psicologia da Universidade de São Paulo. Se por um lado crer nos dá forças para seguir adiante, por outro nos deixa mais vulneráveis. É por isso que Shermer alerta para a necessidade de termos em mente nossa queda por crendices. Afinal, ela pode, num contexto de fraqueza, nos tornar vítimas de charlatões.



Acreditar faz bem?
Chegamos a essa incontornável pergunta. “Centenas de estudos indicam que um maior envolvimento religioso está relacionado a menores índices de mortalidade, taxas mais baixas de depressão e uso de drogas e maior tempo de vida em doenças graves”, diz Moreira-Almeida. Um levantamento da Universidade Yeshiva, nos EUA, por exemplo, analisou dados de 92.395 mulheres e concluiu que as religiosas assíduas apresentaram uma redução de 20% no risco de mortalidade.



Há quem diga, no entanto, que o poder medicinal da fé se resume ao efeito placebo, a habilidade da mente de induzir melhoras diante de uma expectativa. Será? Neurologistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, perceberam, lançando mão de ressonância magnética, que a crença religiosa propicia um efeito analgésico ao regular processos cerebrais. Placebo ou não, o fato é que a dor diminui... quem não deseja isso num momento de aperto?



O perigo, contra o qual lutam céticos como Shermer, é negar a ciência e dar margem a pensamentos enganosos (e às vezes lucrativos para alguém). Na outra ponta, pode ser angustiante viver sob um ceticismo dogmático, que quer demolir tudo e se transforma, ele próprio, em uma visão extremista. Nesse mundo onde quase todo dia deparamos com um ou outro ponto de interrogação, resta a certeza de que trabalho não vai faltar para a máquina de crenças herdada do nosso longínquo ancestral.




Editora Globo

Deus, entidades e religião
A crença em um ente superior que governa o Universo representa, segundo os defensores dos princípios biológicos, uma narrativa perfeita para resolver ou minimizar dúvidas e angústias: atribui sentido aos perrengues e êxitos da vida, dá uma ideia do que o futuro nos reserva... De acordo com Michael Shermer, esse conceito, disseminado pela religião, tem um potente efeito sobre o coletivo: o de promover altruísmo e coesão social, algo útil para um grupo sobreviver. Apesar do aspecto tribal e cultural, há fortes indícios de que a genética e a personalidade contribuam para que um indivíduo tenha mais fé. Tudo isso justifica a predominância das religiões ao redor do globo. O IBGE calcula que mais de 90% dos brasileiros têm uma.



Horóscopo, tarô e astrologia
Não importa se você é mais supersticioso ou cético, não negue que aceitaria de bom grado se lhe dessem o poder de prever o futuro. Visualizar o que o destino nos reserva é uma antiga obsessão humana. E não é à toa que tanta gente lê o horóscopo quase todo dia (veja o fenômeno Susan Miller, a astróloga mais acessada do planeta) ou recorre a cartomantes, quiromantes e afins. A despeito de esses métodos funcionarem ou não, buscamos encaixar suas previsões em eventos posteriores da nossa vida, especialmente se elas forem pouco claras. É uma forma de construir padrões, já que permite conectar pontos entre a configuração dos astros e eventos do dia a dia, ignorando as informações que não batem. “Por trás da tentativa de conhecer o futuro há uma angústia frente ao desconhecido, de modo que saber o destino amortece esse sofrimento e nos dá a impressão de estarmos mais no comando da situação”, explica o psicólogo Wellington Zangari, da USP.




Superstições e destino
Se não é o seu caso, ao menos você conhece um torcedor mais fanático que tem uma camisa da sorte. Um belo dia ele a vestiu e o time ganhou de virada. Na partida seguinte (camisa no corpo), venceu de goleada. No terceiro jogo, foi empate... e, outro dia, o time perdeu. Mas não faz mal, vai voltar a dar show na próxima partida porque o torcedor estará com aquela camisa. É assim que nasce e se viabiliza um padrão supersticioso, ignorando que os elementos que o compõem sejam verdadeiros ou não. Na dúvida, é melhor vestir a camisa. Esse hábito dá confiança e reduz o estresse antes e na hora do jogo. Nessa mesma linha, precisamos descobrir ou dar significados a uma porção de eventos porque uma mente "crente" tende a se nortear por uma noção de destino. O fato de um padrão (camisa da sorte) não render o resultado esperado pode ser suavizado pela interpretação de que forças operam no mundo e nem sempre conciliam com o nosso desejo. A questão é que muitas vezes driblamos esse conflito de padrões (sorte X destino), elegendo um ou outro para nos confortar. Se o time marcou um gol foi porque você colocou a camisa-amuleto. Se perdeu, é porque já estava escrito.
 
Nota: O autor deste Blog achou interessante replicar este texto publicado na revista Galileu, concorda com a insanidade das superstições, mas discorda de citações pontuais evolucionistas, pois não acredita na Teoria da Evolução.
 Veja porque - A FRAUDE GIGANTESCA CONHECIDA COMO TEORIA DA EVOLUÇÃO!
 
 
Artigo publicado na "GALILEU" DE oUTUBTO DE 2012. 
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI320171-17579,00-POR+QUE+VOCE+ACREDITA+EM+HOROSCOPO+ESPIRITOS+ETS+E+RELIGIOES.html





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J á na infância, acabamos descobrindo que não existe Papai Noel. Depois descobrimos que Jes...