quinta-feira, 24 de agosto de 2017

EDUQUE COM EDUCAÇÃO - O QUE TODO GESTOR E PROFESSOR DEVERIA SABER

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EDUQUE COM EDUCAÇÃO




Para todas as coisas existem duas maneiras de se resolver bem os assuntos,
1- A maneira eficiente
2- A maneira eficaz

EFICIÊNCIA E EFICÁCIA

A maneira eficiente é a solução para o momento, extremamente necessária, mas fugaz, efêmera.
Na escola, um berro, um sermão, uma limitação, um castigo, etc.

A maneira eficaz é a solução permanente. Exige-se projeto, plano. Exige participação das pessoas envolvidas no ambiente com a certeza que serão ouvidas. Exige tempo para se determinar a melhor solução, que seja a mais simples e duradoura. Exige a participação dos envolvidos na aplicação das ações determinadas pelo grupo e organizada pela direção. Na escola, a solução principal é a conversa contínua, respeitosa, mas repetida até o excesso, ou seja até que haja respostas concretas ao problema.

ENSINAR E EDUCAR

Ensinar é transmitir conhecimento e usando raciocínio lógico, produzir uma compreensão seguida de um convencimento intelectual na mente do aprendiz. No ensinar basta que o aprendiz demonstre a certeza de ter assimilado o conhecimento administrado com destreza pelo ensinador. Ele entendeu o assunto, mesmo que não aplique em sua vida.

Educar é um segundo nível. É quando aprendiz passa a aplicar e se acostuma a isto. Ele torna-se educado quando, depois de tantas vezes aplicar o conhecimento, lhes é fácil, pois já incorporou este em si mesmo.

O “ENSINAR”

Há diversos meios de se ensinar. E há armadilhas a serem evitadas. O melhor método ainda é deixar o aprendiz chegar a conclusões baseadas em seu próprio raciocínio, e para isto basta que o ensinador o auxilie em levá-lo ao rumo certo e a conclusões acertadas e verdadeiras. O ensinador fornece a estrada, mas é o aluno que define seu destino. O Ensinador não passa o conhecimento, nem dá as respostas. 
Primeiro ele estimula o aprendiz a querer saber. Depois ele, através de perguntas inteligentes, deixa que aprendiz chegue às conclusões por si mesmo, entendendo plenamente o conteúdo daquele conhecimento. Por quê, quando e onde são perguntas que se constituem ainda o melhor método de ajudar o aprendiz a “buscar” o conhecimento e é a própria mente do aprendiz que vai chegar a este. 
As armadilhas acontecem quando o ensinador dá dicas, responde as perguntas, dá o fonte de pesquisa, ou pior, faz um discurso “esclarecendo” dúvidas do aprendiz. Neste caso o ensinador está fornecendo erroneamente o destino sem dar oportunidade ao ensinado de trilhar qualquer estrada. Como se pegasse o ensinado e colocasse direto no destino, ele nunca verá a estrada. O destino cabe somente ao aluno, mas o ensinador ajudará o aprendiz a achar o caminho. 
 
Por aí se vê que o Brasil está longe de 'ensinar com qualidade'. Professores desandam a falar sem parar para uma turma inteira achando que estão "ensinando". Depois perguntam a turma toda: Todos entenderam? E todos, numa só voz respondem: Sim, todos entendemos!



O “EDUCAR” É UM PROCESSO

Já o “educar” é muito mais sublime. É guiar e conduzir, é ajudar alguém a aplicar conhecimentos e padrões de comportamentos (note-se aqui "padrões"). Levar a ações de civilidade.
É a repetição do aprendido que leva uma pessoa a acostumar a fazer e assim se educar. Ainda que um fonte de educação externa possa encaminhá-lo, obrigá-lo até mesmo, o educar é algo próprio do aprendiz, é quando ele se apropria por si mesmo, se veste, do conhecimento. Mas é pela prática voluntária que ele se educa. Ele talvez não consiga fazer isto por si mesmo, precisando de um educador para apoiá-lo e incentivá-lo. Mas no fim, ele é que vai absorver pela prática e tornar isto intrínseco em si mesmo, como que fazendo parte inerente dele. Educar-se então, nada mais é do que a pessoa se acostumar a fazer algo que aprendeu um dia. O educador irá incentivá-lo à pratica, mas é o próprio aluno que vai internalizar em si mesmo, pela prática, a conduta desejada.

Depois de aplicar aquele determinado conhecimento em tantas ocasiões, chega uma hora em que ele aplica muitas vezes sem mesmo perceber. Como quem aprender a dirigir automóvel, exige-se memória para guardar os passos, coordenação para seguir a sequência desde a ignição até o passar a das marchas na velocidade e rotação correta, coisa que o motorista mais experiente mal percebe que faz por tantas vezes que já fez.
É o caso do atleta que repete incessantemente algum movimento de modo que na competição ele faz com muita facilidade o que tanto treinou.

Exemplos mais simples:
O motorista “aprendeu” que ao sinal vermelho deve parar, mas ele nunca faz. Ele sabe, mas não aplica. Ele foi ensinado, mas não educado. A repetição de multas irá educá-lo.
Ouvimos adultos muitas vezes repetindo expressões dos pais porque ouviram a vida inteira estas de modo que foram incorporadas neles. Usam as mesmas palavras para ensinar seus filhos e, conforme repetem tantas vezes da mesma maneira, educam seus filhos.

Usamos o termo "educação" também para nos referir a ser respeitoso e agradável.

Mas note-se que "educar" é praticar um conhecimento até acostumar, portanto este conhecimento pode ser bom ou mal. Se o jovem estiver exposto a um ambiente de violência, desrespeito e crime, ele estará se educando, ou incorporando em si mesmo, violência, desrespeito e atitudes criminais.

A TV pode "educar" a criança a fazer o bem ou o mal.
Veja:  A deseducação educativa


A ESCOLA ENSINA, NÃO EDUCA!

- "A escola ensina, não educa!"
E quem educa? Os pais educam!
Nada poderia ser mais longe da verdade.

Os pais tem a obrigação de ensinar e educar.
A escola tem obrigação de ensinar e educar.
A escola deseduca quando trata sem educação, aos berros por exemplo, seus alunos. Deseducar: fazer perder a educação.


Perguntamos então: A escola não tem então a missão de entregar um cidadão educado à sociedade? Entregará um cidadão sem educação, sem virtudes? E no próprio ambiente escolar, não se cobra “educação”, boas maneiras, respeito aos direitos de outros, respeito aos professores, respeito ao regimento escolar? E fazendo assim, não participam também da construção do "caráter" em seus alunos?

Se aluno não teve o ensino "moral" correto em casa, ou a "formação do caráter" em seu lar, irá a escola se eximir de fornecer "educação"?
Na verdade, respeito, "educação", não se cobra somente, se cultiva pela repetição de admoestações.


Cartazes em paredes na escola com "as palavras mágicas" como obrigado, com licença, desculpe, etc, e admoestações de professores e diretores com objetivo de ajudar alunos a se comportarem certamente mostram que "educar" é mais do que obrigação da escola, e também é inevitável pois tendem a se amalgamarem com demais obrigações da escola.

Muitas vezes parece que os adultos pensam que a criança sabe distinguir o certo do errado. E quando erra, é por querer, sabendo que está errada, é mal educada mesmo, assim basta um grito, um sermão ou uma bronca para realinhar a criança aos trilhos.

Na verdade, quando uma criança pratica uma ação indesejada, ou ela não sabe do erro ou ela sabe e não tem controle sobre o mesmo (como também acontece com adulto).
Não adianta o adulto cobrar, dar bronca ou sermão.

A coisa certa a fazer é ajudá-la a entender e oferecer sua mão (ali e nos dias a frente) para que desenvolva um novo costume desejado.

Bons costumes, respeito, ética e caráter, são adquiridos pela repetição de palavras respeitosamente faladas com firmeza, tanto no lar da criança como na escola, ou em qualquer outro lugar apropriado. Nunca aos berros e sem controle, ou através de sarcasmo.
Sermões descontrolados não educam, voz alta muito menos.
É a repetição de maneira respeitosa que faz isto!





INCIVILIDADE NA  ESCOLA

Quando os níveis de indisciplina se tornam preocupantes, é hora da comunidade escolar parar, sentar, debater o assunto. Mas, . . . não é função do diretor sair berrando pelos corredores, pelo refeitório, ou fazendo ecoar o que se faz na sala - professores berrando com alunos?
Não, não mesmo, isto só deseduca. Pode até ser eficiente no momento, mas o mal que provoca a longo prazo é enorme.
 
Se berros e sermões fossem verdadeiramente eficazes, por que os anos se passam e os berros continuam para os mesmos alunos?
Os alunos não sabem que foram desrespeitosos?
Eles sabem! Precisam agora praticar por um bom tempo, mesmo que sob alguma pressão, até se acostumarem a aplicar o que já sabem muito bem. Broncas e sermões jamais atingirão este objetivo, é pura perda de tempo, porque vêm de fonte externa e não internalizam na mente do aluno. Vire as costas e aluno não muda nada seu proceder, só que agora escondido do adulto.
 
É como um banheiro com vazamento em que um funcionário age eficientemente ao concertá-lo. Todo o dia ele põe um esparadrapo no furo. É eficiente, mas não é nada eficaz! Não resolve de vez por todas.
E quanto aos alunos comportados que se acostumam a ouvir berros por parte de adultos? Alguns sofrem traumas emocionais e passam a odiar o ambiente escolar e ninguém descobre o que se passa naqueles corações. Outros passam a comportar-se mal também, e passam a berrar com colegas e em casa com pais.. E os mal comportados, continuam mal comportados por anos. É eficiente porque sana o problema para aquele dia. Noutro dia. . .
 
Alguns educadores parecem acreditar que os conflitos sejam ocorrências atípicas. . . Diante das brigas e atritos, esses educadores sentem-se inseguros. . . sentem-se despreparados para realizarem intervenções diferentes de conter, punir, acusar, censurar, ameaçar, excluir, ou mesmo ignorar... Assim, acabam por educar moralmente agindo de maneira intuitiva e improvisada,
pautando suas intervenções principalmente no senso comum”. (VINHA,T.P., TOGNETTA, L.R.P.)


SOLUÇÃO 'EFICAZ'

Quando a Diretoria assume sozinha esta responsabilidade de cuidar da indisciplina escolar, os demais passam a se eximir da mesma. As paredes das salas passam a ecoar: “Fulano, se você não se comportar, vou te levar à diretoria”.
Mas quando o grupo senta, estuda e debate o assunto, surgem ideias e ações interessantes, simples na maioria dos casos; também aparecem planos de média duração em que todos se prontificam a colaborar com alguma parte. O trabalho unido com objetivo específico comum, tira dos ombros da direção o peso, pois este é compartilhado. A direção fica com a incumbência de apenas organizar e conduzir o plano.
 
Se o plano contemplar ações já em sala, mais da metade dos casos nem chega até a direção como problema, mas como algo já solucionado.
Talvez uma primeira ação possa ser o de identificar quais alunos são indisciplinados contumazes, e daí identificar também as causas, sejam familiares, seja de algum incômodo na própria escola. Sim, às vezes a própria escola fornece o solo fértil para o crescimento da indisciplina.
Neste passo deve-se identificar quais alunos são causa e que alunos são apenas seguidores de outros, estando sempre à sombra dos verdadeiros indisciplinados. Daí o plano fica mais simples, pois basta afastá-los dos mesmos. No fim, ficam os problemas concretos.
Veja o passo-a-passo em: Problemas de comportamento: os 5 passos da disciplina

Para que as escolas possam solucionar todos suas dificuldades na escola, não importa quais sejam estas, o MEC fornece um formulário chamado "análise dos critérios de eficácia escolar". Escolas que preenchem este e fazem exatamente como se sugere ali têm todos seus problemas resolvidos com "eficácia". 
Veja consideração sobre esta ferramenta no link: QUALIDADE DE ENSINO E A AUTO AVALIAÇÃO ESCOLAR


EDUQUE COM EDUCAÇÃO

Deve fazer parte deste plano de ação substituir berros e sermões, por repetidas conversas, inclusive dando oportunidades para alunos se expressarem sobre o assunto. A maioria das conversas deveriam ser particulares em tom baixo e respeitoso, sem ameaças, não em público, não importa quantas vezes necessárias.
 
Quem poderia achar que, usando de má educação, berrando, usando de sarcasmo, talvez até palavrões, se possa 'educar' alunos?
Educar sendo mal educado? 
 
- Mas conversar não adianta!
Na verdade é aí que está a diferença entre ensinar e educar.
O 'ensinar' pode envolver uma ocasião apenas, mas inevitavelmente o 'educar' sempre exigirá tempo e repetições, pelo que envolve o termo. Em geral todos os alunos já estão ensinados, já sabem o que é certo.

A maioria do atos de indisciplina não acontece deliberadamente no coração do aluno. Ele não sai de casa com planos maus, nem arquiteta ações maldosas. Mas, alunos mal educados, ou seja, que não estão acostumados a agir com o conhecimento que já têm, 'sabem mas pouco aplicam', se envolverão em situações do momento, sem planejamento e vão agir mal. Outro que os acompanham, sem perceber, vão agir do mesmo modo. Depois é que irão se conscientizar da gravidade, ou mesmo quando alguém conversar com eles.
Por que, não sabiam?
Sabiam, mas no momento, com aquele vírus do ser humano de querer agradar seus pares, irão arriscar e agir mal para pensar depois.
Havia um menino com seu grupo, e algum colega desafiou: - “Duvido que você jogue uma pedra em algum carro que passa na BR”. Ele jogou! Na hora nem pensou o que poderia acontecer. Uma pedrinha tão pequenininha! Não sabia? Claro que sabia que podia acontecer algo errado mas tinha pouca noção disto. A pedra quebrou o para-brisa dum automóvel em alta velocidade e quase houve um acidente grave. Mais tarde foi conscientizado da gravidade do ocorrido.

Fato é que sempre dar sermões e às vezes grosseiramente, ou 'mal educadamente', simplesmente não resolve. Não educa.
No momento que a maioria do grupo, e aqui pode se referir até a agentes de alimentação e agentes de limpeza, passam a tratar com educação, começa a acontecer uma mudança incrível.



O MUNDO DESEDUCA

Pense em quantas maneiras os alunos estão sendo deseducados fora da escola. Pense em quanto tempo ficam expostos a agentes que os deseducam. Na verdade, os educam para o mal caminho.

Filmes violentos, especialmente brasileiros, lutas de MMA, novelas, jogos infantis violentos, desenhos de TV infantis violentos, pais que falam palavrões e berram com filhos, e a internet mal usada.
A escola acaba sendo um pequena ilha onde se poderia admitir que o 'deseducar' estivesse ausente.
Mas subentende-se que os alunos deveriam vir de suas casa, vir do mundo, para a escola, já educados, e que a escola não tem este papel.
Se assim for realmente, diga adeus à educação!
 
Pelo contrário, ali na escola têm as pessoas melhor capacitadas, devidamente formadas, pedagogos, inclusive psicopedagogos, e devem, no mínimo, tratar com educação em todos os momentos. Pelo menos para dar algum exemplo diferente do que eles têm fora da escola.
Ainda existem aquelas famílias que educam bem seus filhos. Não admitem palavrões, conversam gentilmente com eles, treinam, falam amorosamente, cuidam deles. E eles reagem bem. Então eles vão à escola e lá observam adultos tratando alunos indisciplinados com berros, com sarcasmo e grosseria. . . Desaprendem o que pais ensinam.



PERDENDO AUTORIDADE

Berros e palavras ríspidas e ácidas (sarcásticas) demonstram total falta de autoridade. Ora, se a diretoria, ou professores, tem autoridade, não precisa ameaçar nem levantar a voz. Pense num juiz: ele calma e firmemente dá voz de prisão. Jamais aos berros.
A escola reúne uma característica bem interessante: junta pessoas de diversas formações, crianças de diversas personalidades, raciocínios, temperamentos em um mesmo ambiente. Isto significa que uma hora ou outra inevitavelmente surgirá uma discussão, até uma briga, troca de insultos, peraltagens. Mesmo aqueles tidos como excelentes alunos podem sucumbir.
Mesmo assim não há razão para profissionais adultos perderem a paciência e se estressarem. Todos os assuntos podem ser resolvidos com calma e "eficácia".
 
Nunca vi um médico gritando com pacientes teimosos, ou comerciantes xingando seus clientes, ou advogados dando uma bronca em alta voz em seus clientes, culpados ou não.
Não há razão para isto. Os alunos são os clientes, mesmo em escolas públicas!
Antigamente os professores faziam tudo que podiam e quando aluno ainda assim era indisciplinado, os professores deixariam este para repetir o ano. Hoje, se um aluno não corresponde as expectativas, os profissionais podem ficar estressados, podem gritar, dar sermões, até ficarem doentes.
 

QUAL É O PLANO MESMO?

Como parte de um plano mais concreto de conversar repetidamente sobre os mesmos assuntos, toda a segunda feira, cordialmente, usando raciocínio e bondade, sem se exasperar, o educar acontece. Pode demorar um ano, mas uma vez resolvido, é duradouro e 'eficaz'. É simples assim. Talvez para o resto da vida do aluno.
Mas já foi conversado! Portanto, ele já está “ensinado”, não “educado”. O “educar” virá com as repetições das conversas. Conversar muito! Funciona, ninguém se estressa e é solução duradoura para o resto da vida do aluno. Poderá fazer a diferença quando um adulto responsável, cidadão equilibrado surgir para construir o futuro da nação.
 
CONFLITOS - OPORTUNIDADES PARA EDUCAR
 
Em escola modernas, construtivistas, os profissionais ficam felizes quando acontece um conflito entre alunos pois surge então uma excelente oportunidade para "educar". Jamais significa que adultos irão resolver os conflitos, mas poderão ajudar os alunos com sugestões para que eles mesmos se resolvam. E cada vez que se resolvem, se "educam" ou ficam experimentados em resolver conflitos por eles mesmos sem interferência de adultos.

ESTRATÉGIAS

Muitas vezes podemos trocar berros, estresse, por estratégias.

Às vezes o problema pode ser resolvido com ações mais locais. Por exemplo, um caso em que alunos correm por determinado corredor, ou setor em que não deviam estar, em vez de sempre ter que admoestar e recorrer ao berro pode ser melhor solucionado por restringir a passagem àquele setor, e ponto.
 
Estratégias são ações que automaticamente resolvem situações difíceis. Por exemplo, em uma sala em que alunos ficavam virando para trás, ou sendo cutucados tempo todo pelo coleguinha detrás, a professora mudou as carteiras para um circulo e acabou o problema, sem estresse.

 
O AMBIENTE FAZ DIFERENÇA?

No aprendizado o ambiente faz muita diferença. Numa sala barulhenta, a capacidade de concentração e absorção de conteúdo fica negativamente afetada. Assim, se houver barulho de uma serra elétrica ou parafusadeira em uma construção próxima, ou algum aparador de grama, a aula sofrerá mais tanto quanto mais alto seja. Além de qualquer irritação, o aprendizado em si sofrerá concordemente.
 
Não é incomum se ver uma sala com alunos barulhentos e uma professora dando  aula com voz alta e reclamando que os alunos não entendem o que ela explica, apesar de ter repetido a mesma coisa várias vezes.
 
Quando o educador consegue acalmar a turma e observa que alunos não estão entendo realmente o que explicou, ele chega perto do aluno e faz uma verificação da dificuldade que este tem e explica em tom agradável de maneira que o educando sinta real interesse.
É incrível como é constante estas situações de estresse e o professor continua sua aula, briga, dá bronca, se altera, e culpa os estudantes de não colaborar, e se passam os dias e nada muda.

Uma outra situação que pode ser pensada diz respeito a soma dos volumes de muitas vozes conversando. Alunos são reunidos numa sala de aula, ou num pátio fechado onde haverá apresentação de algum evento. Muitas vezes são eventos felizes em que alunos expressarão suas emoções. Alguma vezes, as crianças receberão presentes como no natal ou  páscoa.
Em determinados momentos o diretor ou quem administra o ajuntamento começa a dar bronca porque as crianças (e adolescentes) estão falando tão alto, todos ao mesmo tempo.           
-"Eu não entendo porque esta gritaria, todo mundo falando ao mesmo tempo!"

Mas não é difícil de entender porque acontece isto.
Veja esta página: POR QUE ALUNOS FALAM TÃO ALTO QUANDO ESTÃO AJUNTADOS?



PAIS, TOMEM PROVIDÊNCIAS

Em ocasiões em que se chamam pais tem que se ter em mente que, se a escola não consegue lidar com assunto de indisciplina, provavelmente os pais terão menores condições ainda. Na escolas tem profissionais altamente gabaritados, formados, pós graduados, mestres e até doutores.
 
Os pais muitas vezes mal tem o ensino médio. Jamais foram a uma escola que os ensinou como criar seus filhos. Muitos jamais foram chamados para criar o regimento escolar e mesmo que tenha acontecido isto, eles não têm o que fazer pois não estão na escola para controlar seus filhos, responsabilidade esta dos profissionais escolares. Talvez uma surra (claro que não!). Ou melhor, conversar muito.
 
E por que este 'conversar muito' não pode ser o primeiro passo que a própria escola tome? Por que sempre tem que ser no berro e na ameaça?
Quanto mais vezes os pais são chamados, mais o aluno passa a ser estigmatizado como aluno mal. Cria-se um ciclo vicioso: O aluno taxado como mal, passa a agir sempre mal. Quem e como será quebrado este ciclo antes que o mesmo se torne adulto, um bandido talvez?
Pais devem ser informados sim, mas que seja de assuntos mais graves e de preferência daqueles que a escola eficaz já conseguiu sanar.




QUANTAS RESTRIÇÕES!

Ainda há de se considerar que muitas vezes a escola tem restrições demais. Não há uma definição clara sobre as regras. Até pequenas indisciplinas recebem reações exageradas. 
Então, o grupo de profissionais, não só a diretoria, precisa examinar as regras e definir quais são as mais graves e que precisam de intervenção. Pequenas ações de indisciplinas, se não forem frequentes, devem ser relevadas. Mas tem de haver uma definição para que todos trabalhem em uníssono.
Às vezes acontece que falhas graves hoje são relevadas, amanhã recebem exageradas intervenções e assim há aquela confusão na mente dos alunos.

REGRAS BEM DEFINIDAS E ADMINISTRADAS

Também há o excesso de regras. Dependendo do dia, a professora não está em seus melhores dias, o aluno não pode olhar para o lado que recebe uma bronca. Assim, diminuir a quantidade de regras e montar um grupo de ação para resolver faltas mais graves, facilita em muito a vida de todos na escola.
 
Ainda há aqueles professores e professoras que já chegam irritados. Enquanto um professor calmo, tranquilo, administra uma aula prazerosa com a colaboração de todos, aquele professor que o precede chega irritado, sempre tem aquela mesma turma inquieta e comenta com outros que sua turma é indisciplinada. Mas ele não consegue vislumbrar as causas disto. O grupo, com visões externas pode fornecer aconselhamento equilibrado e gentil a este professor, e mudar a vida desta turma.


Na classe autocrática, as regras existentes e que eram impostas pela professora visavam ao bom comportamento e ao controle. Em nome da disciplina, da “aprendizagem” ou do bom andamento dos trabalhos eram tomadas determinadas medidas autoritárias e impostas regras abusivas, como, por exemplo, querer que as crianças ficassem sentadas em silêncio após concluírem suas atividades ou ainda fixar um horário antes e depois do recreio para irem ao banheiro e beberem água. Outros exemplos de normas abusivas: as crianças não deviam conversar ou somente deviam fazê-lo quando solicitado pela professora; ficar sentado todo o tempo de duração das aulas; não ficar se movimentando pela sala; estar sempre atento; não ficar fazendo outra coisa que não seja aquilo que a professora tenha mandado, etc. As normas não precisavam ser compreendidas, mas obedecidas. Não eram necessários bons argumentos que justificassem a necessidade das regras; bastava a demanda da professora, que reforçava a submissão e a obediência acrítica.
 
Para manter a obediência, conseguir o silêncio e o bom comportamento, a professora valia-se de ameaças e sanções expiatórias, como, por exemplo, deixar as crianças sem o recreio ou retirar a educação física, realizar cópias, encaminhá-las para a diretoria ou contar aos pais. . .”
Observou-se nessa classe, como em inúmeras outras classes de outras escolas, a necessidade de um controle demasiado por parte da professora, que demonstrava querer legislar sobre quase tudo. Os educadores pretendem determinar como os alunos devem se vestir. . . como devem se comportar. . . e como usar os materiais. Ficam atentos às menores “transgressões”, considerando quase tudo como “desrespeito” à figura do professor: . . . 
 
De forma contraditória, tentam ser rigorosos com os alunos, mas são bastante condescendentes consigo próprios,tanto em relação ao exemplo que dão, quanto em relação ao seu comportamento quando estão no papel de alunos ao fazerem cursos…
Muitos professores e pais brigam com suas crianças, obrigando-as a cumprir essas regras absurdas, sem ao menos pararem para refletir se elas são de fato necessárias para ordenar
as relações ou para o processo de aprendizagem, e se são justas e respeitosas.”

(Considerações Sobre As Regras Existentes Nas Classes Democráticas E Autocráticas – 2006 –Telma P Vinha e Luciene Regina Paulino Tognetta)

Mas como mensurar que regras serão apropriadas para tipos de ações que correspondam bem a cada situação? Procure por artigos de Telma Vinha na internet. Seus artigos estão em UNICAMP.



Um deles é o “CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL DNA ESCOLA”, onde é considerado como avaliar "regras tolas e desnecessárias".

". . .a resolução rápida desses conflitos. Educadores transferem o problemas para a família ou especialista; dão as soluções prontas; utilizam mecanismos de contenção e punições; incentivam a delação; culpabilizam; admoestam, associam a obediência à regra ao temor da autoridade, ao medo da punição, da censura e da perda do afeto."

Outro é o citado anteriormente: "Considerações Sobre as regras ..."

Como elaborar estas regras? Quem elabora? Quais princípios estão por trás das regras? Como são aplicadas as regras? Sabem os adultos diferenciar os tipos das regras, em que momento aplica cada tipo e como? E os alunos?

Toda escola deveria ter imprimido em papel estas matérias, e sempre considerar em suas reuniões. É um texto de fraseologia simples e de fácil entendimento, mas muito profundo e prático para a vida escolar.

Veja vídeo sobre: MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA 


BENEFÍCIOS DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
O estresse produz diversas doenças, inclusive o câncer. Acaba com o prazer de ensinar. Deixa o profissional agitado, que acaba sendo ríspido com outros profissionais e com família em casa.
Mas, pode se acostumar ao ambiente agitado da escola e o estresse fica oculto. Depois vem o atestado médico. Vêm outras dores que não sabemos de onde. Os anos passam.
Até que a escola, através de um Conselho Escolar, começa a fazer mudanças. Ajusta o regimento para sua escola, não um feito por agentes externos a ela, nem a prefeitura ou estado. A paz, o bom andamento, a saúde dos profissionais, melhoram.
O aproveitamento do alunos melhora, o companheirismo entre alunos e com profissionais também. A qualidade de ensino aparece.
 


O CONSELHO ESCOLAR

A presença atuante do CONSELHO ESCOLAR é vital para a paz escolar, assim como libera os diretores dum peso enorme. O CE tem exatamente esta função.
Regras de disciplina devem ser criados com muito estudo e com participação de todos. 
Uma diretora não pode, do nada, simplesmente resolver que tal coisa tem que ser assim. 
Também, não se pode tratar uma indisciplina dum modo esta semana, e na outra tratar de outro jeito diferente, como um carro sem rumo.
 
O CE deve, em suas reuniões, definir que indisciplinas acontecem e determinar que plano específico colocar em ação com apoio de todos. Este plano só vai mudar quando o CE se reunir novamente e chegar, como grupo, a conclusão que se deve mudar por alguma razão de ineficácia do plano.
 
E quando CE se reúne, os envolvidos já devem ter o assunto discutido antecipadamente com seus pares para que a reunião não seja com base em 'achismo'. Se não houve o adiantamento do assunto, que a reunião sirva para dar início ao processo de juntar informações e numa próxima reunião, com sugestões nas mangas, devidamente estudados, todos possam contribuir com qualidade na solução do problema.
Junto da solução, o CE definirá como serão todos avisados, quem vai coordenar o plano, que pode ser o diretor, ou não, e, em quanto tempo se espera primeiros resultados para que haja uma reunião para reconsiderar se o plano continuará funcional e eficaz, ou haverá mudanças para torná-lo melhor. Ou mesmo trocar de plano.
 
O funcionamento do CE é explicado melhor no link abaixo.
Este texto foi baseado no vídeo da Professora Cientista Telma Vinha e no curso de Conselheiros Escolares do Governo Federal:MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA.

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terça-feira, 29 de novembro de 2016

PAIS VERSUS PROFESSORES - QUEM TEM RAZÃO




      
As crianças estão inquietas. A professora fica cada vez mais estressada, já chamou atenção diversas vezes. Ela chama atenção de toda turma porque parece que todos estão descontroláveis. Ela berra, exigindo disciplina.
Na verdade, nunca é a turma toda, mas alguns alunos que estão agitados e “indisciplinados”. Toda hora se cutucam, se mexem, não param de falar, só querem brincar.
A professora pega o mais agitado pelo braço e leva para a diretoria: “este aluno não para quieto, veja o que faz aí com ele, . . . se tiver que chamar os pais, . . . eu já não aguento mais.
A diretora começa conversando, depois começa a falar mais alto diante do silêncio, ou da aparente atitude de ironia do aluno.
É, não tem jeito mesmo, vou ter que chamar teus pais.
E lá se vai mais um bilhete para os pais pedindo que este “tomem providências” em relação a seu filho.
Em casa, os pais tentam conversar, “eu já não sei mais o que fazer com você”.
Os pais são convidados para comparecer na escola para conversar com professora e diretora.
Na escola, o conceito comum é “os pais querem que a escola dê educação, mas isto deveria começar em casa”, “estes pais negligenciam seus filhos, não tão nem aí e a escola é quem tem que se virar”.
Em casa, os pais se perguntam onde estão errando, pois conversar não adianta, e tem até aqueles que dão uma surra no filho, mas tampouco tem tido resultados.

Onde está exatamente a causa do problema?
Os professores precisam que os pais contribuam mais com a escola?
Os pais precisam que os professores resolvam o problema de seu filho enquanto na escola, porque em casa não conseguem lidar com filhos?



Na verdade, a resposta a este problema poder ser muito mais simples do que se imagina.
Talvez algumas coisas bem simples estejam escapando dos olhos dos pais, mas também dos olhos dos profissionais da escola.
A autora e professora de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vem desenvolvendo estudos bem aprofundados sobre como lidar com conflitos na escola. Na verdade, os estudos expõem nossas maneiras de resolver conflitos como sendo arcaicos e totalmente ineficazes. Por quê? Como deveríamos proceder?
A professora e sua equipe usa método científico para determinar ações normalmente usadas em escolas para “coibir” indisciplinas, o que significa que ela analisou centenas de ações que escolas tomaram. Então analisou o efeito sobre cada criança, cada pai e mãe, cada professor, através do tempo.
Fez centenas de entrevistas com pais e professores. Quais foram as medidas que mais resultados positivos tiveram. Qual a razão da maioria das medidas não terem o resultado esperado?
Como exemplo, veja a questão dos bilhetes.
Como são redigidos os “bilhetes” aos pais? Exemplo, “pais, por favor tome providências com seus filho . . .”
O que a escola espera exatamente que os pais façam?
Quantos pais “tomam providências” e resolvem a situação? Que tipo de providência costumam tomar? Como professores reagem as providências tomadas pelos pais?
O que os pais acham da “incapacidade” do professor de lidar com seu filho?
Naturalmente, a questão dos bilhetes é só um campo estudado. Há inúmeros outros. Como se faz a mediação dos conflitos dentro da escola?
Há diversas ações que nunca deram certo, mas continuam com insistência a serem usadas.
Há algumas poucas e simples maneiras de lidar com muita eficácia, mas que não têm sido usadas pelas escolas.
Bem até aqui, só há questões e dúvidas.
Mas quais são mesmo as medidas que dão mais certo?

Tenha curiosidade de assistir só um video e tua vida como professor mudará muito. Estratégias bem sucedidas são expostos de maneira simples e lógica.



(15m de duração)







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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

CADÊ O CONSELHO ESCOLAR DESTA ESCOLA, GENTE?

PLANOS DE AÇÃO PARA O FORTALECIMENTO DO CONSELHO ESCOLAR

O conselho escolar é um relevante organismo de articulação entre a escola e a comunidade. Porém, em nossa realidade escolar, isso não acontece devido à:

Sua inexistêncianas escolas da rede municipal (não existe a atuação do conselho escolar nas escolas – possivelmente pelo desconhecimento de sua real função);
Desconhecimento (também) do que seja o processo democrático pelo coletivo escolar;
Centralização do poder de partilha por parte da direção;
Falta de autonomia da escola com relação ao sistema educacional;
Falta de consciência política de boa parte da equipe;
Falta de liderança;
Ausência de momentos para diálogo e de debates na escola;
Ausência de participação da comunidade (não reivindicam direitos assegurados pela legislação, talvez por falta de conhecimento);

Segundo Paro (2007, p. 2), de todos os mecanismos de ação coletiva estabelecidos para ampliar a participação da comunidade na escola, o mais acionado e o que mais suscitou polêmicas, expectativas e esperanças foi o conselho escolar:
Temido por diretores, que receavam perder seu poder no controle da unidade escolar;
reivindicado por professores e suas entidades sindicais que pretendiam com ele
minimizar o autoritarismo do diretor e ter acesso ao poder nas unidades escolares; e
objeto de luta de movimentos populares que viam nele a oportunidade de reivindicar
mais e melhor educação, o conselho de escola, junto com a eleição de dirigentes
escolares, têm sido as características mais conspícuas das políticas educacionais . . .”

Como organização, a escola segue políticas contraditórias que atendem a interesses de grupos de expressão nacional, estadual, municipal e, muitas vezes, local. A comunidade atendida tem pouca influência nos aspectos políticos que determinam as normas e leis que impõem como deve funciona a escola dentro do sistema educacional. É ela, entretanto, que está mais próxima e que têm a escola como um dos aspectos de sua vida.
(Sandra Aparecida Riscal)

Práticas autoritárias é o que não falta à escola: direção, professores, pais, coordenadores/ supervisores pedagógicos, enfim, todos aqueles que atuam na educação, formados por uma escola marcada pela pirâmide de poder decisório, sentem-se incapazes, por vezes, de admitir outras formas de educar. (Celso Conti e Flávio Caetano da Silva)



IMPLANTAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR POR MEIO DA CULTURA DE PARTICIPAÇÃO

Plano de ação nº 1 – Fortalecendo a participação e o engajamento no conselho escolar -
Anderson de Lima (Rio Claro, SP)

O problema e seu diagnóstico

O conselho escolar, colegiado fundamental de garantia de participação democrática nas escolas, encontra no Brasil de hoje a valorização, em alguns aspectos, que antes não possuía. Cursos de formação, legislação específica são postos a serviço da concretização desse colegiado da escola.
A leitura da realidade que marca as escolas, porém, de um modo geral, está associada a um diagnóstico bastante preocupante. Grande parte dos conselhos escolares e outros colegiados, como grêmio estudantil, por exemplo, não saem do papel e, quando saem, constituem mera formalidade a serviço da burocracia e do cumprimento da legalidade.
Reuniões fictícias, pautas desconhecidas e muitas vezes não-lidas, assinaturas inconsistentes de pessoas que nem sabem o real significado das mesmas: tudo em prol do cumprimento de legislação e calendário escolar – são meras formalidades burocráticas.
Nesse contexto, a busca pela efetivação da atuação do conselho escolar, muitas vezes buscada na prática gestora, democrática e persistente, de várias escolas, esbarra na dificuldade de viabilização da participação real dos diferentes representantes que formam esse colegiado: professores, funcionários, alunos e comunidade.

Conscientizar a todos sobre essa importante participação e contar com o movimento consciente de presença, opinião e decisão são sonhos daqueles que atuam em prol da real democratização da escola e de seus rumos.
Cada vez mais raro é o conselho escolar que atua de modo concreto e consciente na construção de uma escola de qualidade para todos, voltada de fato às necessidades daqueles que dela fazem parte.
Pensar as possibilidades de conscientização de todos e efetivação do conselho escolar de modo a torná-lo um colegiado de participação e decisão, de mudança e busca pela escola de qualidade, de validação da ação cidadã, crítica e democrática é o propósito deste texto.

Proposta de ação

Conscientizar os partícipes do processo educativo da importância de opinar e decidir sobre a escola que se quer, seus rumos, suas necessidades e suas ações na concretização de sua função social – educar – é a proposta deste trabalho.
Trata-se de uma ação que demanda reflexão e ciência da histórica situação de nosso país.
Há não muito tempo encontramos em nossa história momentos marcados por rígida ditadura, imposição de ideias e cerceamento da liberdade de expressão e também momentos de debate, de luta e conquista do povo. Nestes últimos devemos nos basear para partirmos em busca da maior e mais efetiva participação de todos nos rumos da escola e na superação do conformismo e da aceitação sem reflexão da escola como instituição sem democracia.
Democrática, coletiva, participativa e aberta a todos, essa é a escola necessáriae para a qual o conselho escolar tem papel decisivo. Contudo, sem a participação, sem o diálogo, a presença e o apoio de todos os envolvidos na prática educativa, direta ou indiretamente, fica difícil concretizar tais ideais.
Como aproximar a comunidade da escola? Como contar com o apoio de professores, funcionários e alunos na gestão democrática da escola? Tais questões norteiam as ideias que aqui se propõem.

Objetivos da ação

São objetivos das ações que aqui se propõe:
conscientizar alunos, professores, funcionários e comunidade da importância do conselho escolar, suas funções e funcionamento no cotidiano da escola;
aproximar todos esses partícipes do processo educativo da escola para assumir que essa instituição é algo de todos e para todos.

Procedimentos da ação

A conscientização de todos para a viabilização de um conselho escolar atuante e presente na escola demanda, a princípio a tomada de conhecimento sobre o que é, qual a função e o funcionamento desse colegiado.
Partindo dos alunos, alvo principal da ação educativa e da escola como um todo, torna-se pertinente, conhecer por meio de assembleias, opiniões, ideias e desejos que a clientela escolar possui sobre a escola que tem. Somente a partir do conhecimento da visão do aluno sobre a escola como um todo (desde aspectos físicos, passando pela organização e aspectos pedagógicos) é possível lançar mão da possibilidade de mudança e melhoria por meio da participação de todos, via conselho escolar.
Assim, depois de realizadas assembleias de debate sobre a visão do aluno a respeito da escola, tendo um diagnóstico coletivo e concreto, é possível partir para a apresentação do conselho escolar como colegiado que viabiliza a participação, com poder coletivo de decisão sobre os rumos da escola.
Parte-se, nesse momento, para a apresentação do conselho, sua importância e seu funcionamento. Para tanto, as assembleias são bastante interessantes para esse processo, na medida em que o aluno conta com a informalidade da situação e a abertura para o debate o qual promove o questionamento livre e a exposição de sua opinião.
Funcionários da escola também devem ter a sua oportunidade de participar, de expor opiniões, criticar e argumentar sobre a escola, sobre o seu ambiente de trabalho. Também a partir desse diagnóstico é possível apresentar-lhes o conselho escolar e suas possibilidades. Alunos e funcionários precisam ter ciência de todos os aspectos relevantes sobre o conselho escolar já que, como membros da comunidade que envolve a escola, podem divulgar ideias, lançar sementes sobre aquilo que vão conhecendo melhor.
Trata-se de uma sensibilização que precisa ser valorizada e para a qual todos precisam estar presentes, assim, devem acontecer no cotidiano escolar e contar com a maior presença possível de pessoas de dentro e de fora da escola.
Grupo fundamental nesse processo, os professores não podem ser esquecidos nessa sensibilização sobre conselho escolar. Para tanto, além desse processo indispensável de diagnóstico sobre a escola, pequenas ações ligadas diretamente ao cotidiano desses profissionais, podem resultar na melhor compreensão da participação democrática e da importância do conselho escolar. Decidir sobre pautas de horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC), opinar sobre horários de reuniões, sobre eventos da escola, enfim, sobre a organização escolar diretamente ligada a eles, é muito importante. Dar-lhe voz pode ser um passo importante para apresentar, depois, o conselho escolar como “colegiado da voz e da vez” de todos, em que a escola assume a responsabilidade desta ação e os convida a opinar, pensar juntos e decidir.
Tendo professores, funcionários e gestores tomados clara consciênciada importância do conselho escolar e também da realidade da escola em que estão, falta ainda trazer para esse processo, a comunidade escolar.
Pais de alunos, cidadãos do entorno da escola são fundamentais na construção de um conselho escolar forte.
Nesse momento, a participação de professores e alunos pode ser decisiva. É por meio da ação pedagógica/educativa que tais ideias (sobre conselho escolar) podem ser divulgadas para conscientizar a todos aqueles que ainda não se fizeram presentes na democracia escolar.
Panfletos, cartazes, banners, produções feitas pelos alunos orientados por seus professores, participação em rádios e jornais com textos coletivos das turmas, enfim, a divulgação como objeto de produção escrita, leitura e desenvolvimento da oralidade podem ser muito úteis na divulgação do conselho escolar. Trata-se de direcionar por algum tempo as práticas de produção escrita e arte dos próprios alunos para essa importante missão de chamada da comunidade mostrando que aquilo que não está bom pode melhorar com o envolvimento de todos.


Além disso, reuniões sejam em pequenos grupos ou em assembleias maiores, em ambientes mais informais e agradáveis, podem também ajudar nesse processo de aproximação da comunidade. Com o apoio e o engajamento de todos que estão dentro da escola, aqueles que estão “fora” (comunidade) certamente entrarão.
Vale ressaltar aqui que verificar o que os pais e a comunidade pensam da escola e as mudanças que julgam necessárias é um passo importante para que, de posse das idéias sobre a estrutura, o funcionamento e a força do conselho escolar, engajem-se na construção desse colegiado.
Paralelamente a esse processo de conscientização de todos é fundamental que ocorram momentos, mesmo que iniciais e sem tanta força, de decisão coletiva.
É preciso fazer experimentar o gosto da decisão coletiva e democrática. Coisas simples como organização de recreios, divisão de trabalho de limpeza ou de rotinas de secretaria, entre outros, podem começar a ser pensados por aqueles que estão diretamente envolvidos, num treino de democracia e participação.
A aproximação dos pais, a recepção dos mesmos na escola e a organização mais formal do conselho escolar precisam contar também com a participação efetiva de professores, alunos e funcionários. Depois de feita a divulgação e a conscientização sobre o conselho, é muito importante que ocorram as assembleias para a votação dos conselheiros e para que todos juntos decidamsobre os encaminhamentos de reuniões iniciais para que a presença de todos, ou pelo menos da maioria, esteja garantida.

Cronograma da ação

O tempo necessário para esse processo de conscientização sobre o conselho escolar está associado ao tamanho da escola e ao público nela presente.
Assim, precisa-se ter claro que, mais importante do que os prazos rígidos, é necessária a verdadeira conscientização de alunos, professores, funcionários e comunidade. Não é possível formalizar um conselho escolar sem que tal consciência ocorra e, portanto, somente depois dela que se colocarão datas, horários e regras decididas coletivamente. As assembleias de alunos e funcionários podem acontecer simultaneamente, embora não juntas.
As ações de participação de cada grupo na tomada de decisão do cotidiano escolar devem ser viabilizadas de imediato para que motivem a busca pela garantia da democracia participativa na escola e conduzam todos para a concretização do conselho escolar como forma dessa garantia.

Acompanhamento da ação

A proposta que aqui se apresenta conta com um princípio fundamental que é a noção de gestão democrática da escola. Para tanto, uma equipe gestora consciente da importância e do valor de um conselho escolar na luta pela escola de qualidade que todos queremos é primordial.
A opção pela democracia demanda a divisão do poder, o diálogo, a tolerância, a persistência dos gestores num processo que não é simples nem rápido.
Pelo contrário, trata-se de um processo longo e que precisa partir da crença de sua importância. Somente assim poderá gerar, de fato, frutos de envolvimento, de democracia efetiva.
O acompanhamento das ações propostas está, nesse contexto, diretamente ligado ao gestor escolar e sua equipe (vice-diretores, coordenadores) enquanto viabilizadores diretos da presença e da ação de um conselho escolar que descentraliza poder e opina, acompanha, colabora na construção da escola. A cada novo passo, os novos envolvidos, aqueles que se engajam na construção desse conselho podem ajudar nesse acompanhamento, que, no final, desencadeia a formalização de um conselho escolar de todos e para todos.




Plano de Ação nº 2 – Estratégias para desenvolvimento de cultura participativa no conselho escolar - Josiane Simões Hirakawa (Tremembé, SP)

Problema e seu diagnóstico: a falta de cultura participativa

A participação efetiva da comunidade dentro dos conselhos escolares mostra-se deficiente, por vezes meramente fictícia. Pais, funcionários, alunos e professores muitas vezes são convidados a participar, em um movimento de “convencimento” exaustivo realizado pelo gestor, e este enfrenta negativas situações de participação, e se pergunta se ainda acreditar na possibilidade real de participação democrática.
Perceptível é a falta de conhecimento sobre as funções do conselho escolar e a esquiva para assumir funções de responsabilidade. Muitos aceitam a função e logo avisam que não poderão participar das reuniões e ações, apenas assinarão as atas se for necessário. Outros membros da comunidade desculpam-se pela falta de tempo ou se consideram sem preparo para a atuação. Sabemos que muitas reuniões dos conselhos escolares acontecem sem quórum, com expressivas decisões sendo tomadas por minoria, sem legalidade representativa.
É notória a presença de um grupo que se dispõe a participar, são membros quase vitalícios dos conselhos, aqueles que quando o filho se forma, quando o próprio aluno se forma, quando o funcionário ou professor muda de local de trabalho, o gestor sabe a falta que irá fazer.
Há também o gestor que não admite a divisão do que chama de poder, que não atua democraticamente, detendo para si próprio toda e qualquer decisão sobre os acontecimentos escolares. O gestor inseguro, que defende mais sua posição de protagonista único acima de qualquer meta escolar, acaba por escolher membros para o conselho escolar de forma a não ter oposições frente as suas decisões.
A escola não pode atingir a qualidade educacional desejada sem a participação de todos os segmentos de forma descentralizada e transparente. O fato de o conselho escolar ser um colegiado que representa a comunidade e ter o papel de mola propulsora em todos os processos é inquestionável, mas, como refletir sobre as ações do conselho escolar de forma que este exista de fato, além das atas?
O problema nos leva a crer que a ação primordial é cuidar, com apoio da Secretaria Municipal de Educação (SME), para que aconteça o desenvolvimento de cultura participativa, realizando campanha para que de fato exista ação democrática no ambiente escolar.
Para que a SME possa desenvolver outras ações para o fortalecimento dos conselhos escolares, como curso de formação aos conselheiros e gestores, verificação de legislação municipal para respaldar as ações do conselho, dentre outras, é necessário que exista previamente a consciência da importância do envolvimento e participação de todos envolvidos no processo, assim como dados realísticos desta participação nas unidades escolares.

Proposta de ação: mobilização da comunidade escolar

Respeitando o que preconiza a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 1996), em seu art. 14, inciso II, atenta para a participação da comunidade educativa e local nos conselhos escolares; a ação deve ser iniciada com plano de divulgação de informações, estímulo de reflexões e mobilização da comunidade para tal participação.
Para que a atuação do conselho escolar possa existir em todos os setores e processos escolares, é necessário estimular a comunidade escolar à participação democrática dentro da escola, realizando campanha informativa, provocando reflexões sobre seu papel na construção de uma escola de qualidade, onde aconteça o desenvolvimento do potencial do aluno de forma que o mesmo possa exercitar cidadania consciente e transformadora.
A ação deverá ser acompanhada e avaliada em seu desenvolvimento e resultados pela Secretaria de Educação(SE) local, por meio de relatórios, atas das reuniões dos conselhos e/ou presença de um representante da própria SE. Esta ação trará para a secretaria de um quadro diagnóstico e prognóstico (ao final) da atuação dos conselhos escolares das unidades escolares, respeitando as diferenças entre as comunidades escolares.

Objetivos da ação

Ao realizar campanha informativa e provocar reflexões pretende-se atingir os seguintes objetivos:
Romper com modelo tradicional de participação da comunidade escolar; conscientizar a comunidade escolar da possibilidade real da participação democrática; manter estímulo constante à participação dos membros envolvidos ao longo do processo, desenvolvendo a cultura de participação; realizar diagnóstico e prognóstico dos conselhos escolares do município à SE.

Cronograma da ação

O plano de ação é programado para ter início durante o segundo semestre do ano letivo anterior.
A ação se inicia em agosto e a verificação dos resultados no final do ano letivo seguinte. Um quadro foi elaborado para visualização do cronograma previsto para as ações. Esse cronograma é colocado como um guia, como uma sugestão, pois cada escola poderá adequar o período e forma de aplicação das etapas estratégicas à sua realidade, desde que todas as etapas possam ser realizadas.

Acompanhamento da ação

A ação será acompanhada em todas as etapas pelo próprio conselho escolar, desde o início da até o final, havendo, se necessário, reajustes na condução e desenvolvimento das estratégias.
A proposta é que uma ficha avaliativa seja preenchida nas reuniões após as reflexões sobre a ação para que se possa ter um registro, inclusive um gráfico avaliativo da presença e atuação dos conselheiros escolares.
A ficha avaliativa deverá ser elaborada pelos próprios conselheiros no início da ação e será usada nos dois anos letivos em que a ação será desenvolvida, podendo ser recurso inclusive ao final do processo como instrumento comparativo de resultados.




Este texto é conteúdo do “Conselho escolar: ALGUMAS CONCEPÇÕES E PROPOSTAS DE AÇÃO” (Editora Xamã - 2010)
(Maria Cecília Luiz (organizadora)
Juliana Carolina Barcelli 
• Celso Conti 
• Sandra Aparecida Riscal
Géssica Priscila Ramos 
• Maria Cristina Fernandes
Flávio Caetano da Silva 
• Ana Lucia da Silva 
• Ronaldo Martins Gomes
Júlia Pires Pasetto 
• Lucéia de Souza Paula 
• Viviane Wellichan
Lariska Nicolle de Oliveira 
• Drieli Camila Giangarelli

Resultantes de um trabalho desenvolvido no curso de extensão “Formação Continuada a Distância em Conselhos Escolares”, oferecido em parceria com a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação e a Universidade Federal de São Carlos, em 2009/2010, os “planos de ação” foram propostas elaboradas por cursistas (professores, diretores e técnicos das Secretarias Municipais de Educação do Estado de São Paulo), com o objetivo de propiciar uma ação pedagógica diferenciada e fortalecer o conselho escolar (CE). O curso, enquanto formação continuada possibilitou a esses alunos vincular conteúdos teóricos (amadurecidos durante os estudos dos dez cadernos do Ministério da Educação (BRASIL, 2004b, c, d, e, f; 2006a, b, c, d, e) sobre conselhos escolares e discussões teóricas nos fóruns), e práticos (vivenciado por cada cursista), com perspectiva de construir ações baseadas em suas realidades.



REFERÊNCIAS: CADERNOS DA "FORMAÇÃO DE CONSELHEIROS"


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