Qual a função do grito?
Funciona mais ou menos assim: as crianças começam a obedecer seus pais/professores somente quando os gritos aparecem, como se tivessem criado um espaço de tempo entre o pedido e o grito. O pensamento acontece desse jeito: "como sei que meus pais/professores ainda não gritaram, entendo que tenho ainda mais tempo para enrolar antes de fazer o que eles pediram". Essa é a reflexão da criança que, muito inteligente, percebe o nosso funcionamento e se adequa a ele.
O grito funciona como um grande susto. A criança sente a pressão, a irritação ou até mesmo a raiva e sai em disparada, assustada para fazer o que lhe foi gritado. No grito não absorve o que foi dito, por isso o pequeno volta a repetir esse mesmo comportamento até que mais um grito acontece. Ou seja, pais/ educadores passam a gritar todos os dias.
Além disso é importante pensarmos em qual mensagem estamos enviando quando gritamos. Existe uma listinha bonita que fala sobre o que aprendemos no jardim de infância e gostaríamos de destacar dois itens que todos os adultos deveriam levar muito a sério: respeite o outro e peça desculpas quando machucar alguém. As crianças têm uma sensibilidade enorme para perceber quando os adultos fazem exatamente o contrário do que dizem e, sendo assim, esses valiosos ensinamentos que estão apenas sendo ditos e não vividos, perdem muito de sua força.
É muito mais fácil para os pais/professores manterem o controle das crianças na base do grito, da opressão e do autoritarismo. Percebam que autoritarismo não é o mesmo que autoridade. Os pais/professores devem, sim, exercer sua autoridade (é preciso, inclusive), mas é essencial que eles tenham em mente que é imoral silenciar a voz da criança. É difícil, mas essencial, exercer a tolerância. Assim como a liberdade da criança precisa de limites para que não se perca na libertinagem, a voz dos pais/professores também necessita de limites éticos para que suas palavras não se tornem agressivas e machuquem as crianças.
Também é importante pensar que comportamentos mais agressivos, como o grito, podem contribuir para que essas crianças apresentem baixa estima, falta de confiança em si mesmas, medo dos adultos e dificuldades em estabelecer relações interpessoais. Podendo ser negada a possibilidade de desenvolver de uma forma saudável as estratégias para enfrentar as dificuldades que a realidade impõe. Já pensou se sempre que não nos sentirmos ouvidos vamos resolver isso através do grito?
Assim, um passo importantíssimo é cuidar de como nos comunicamos. Olhar nos olhos, ir até a criança e falar com o tom de voz baixo e firme, ter clareza e cuidado ao comunicar o que precisa acontecer. Isso facilita o dia a dia de todos os envolvidos nas tarefas necessárias e diminui o estresse.
Referências:
Faria, Daniella “Gritar não faz com que crianças aprendam com os erros”;
Varcelli, Ligia “O professor de educação infantil como promotor do desenvolvimento emocional da criança pequena”;
Psic. Fernanda Bortolotto
http://www.tempodecrescer.net/#!Texto-Qual-a-fun%C3%A7%C3%A3o-do-grito/czcz/54fdd11b0cf27b8ab251c05e
Professor, Não Grite Com Seu Aluno
Observo muitos professores, na beira do abismo do stress, tentando fazer com que os alunos os escutem e aprendam aos berros. Fico me perguntando, como acreditam que eles vão aprender algo agindo dessa forma? Sabem eles que isso gera um enorme constrangimento ao aluno? Sempre leio nas redes sociais: “gritos não educam”, também entendo que não ensinam. Então, pra que gritar? Não sou professora, entendo o lado “de saco cheio” que muitos possuem, porém, também entendo que de nada adianta reclamar da turma. A válvula de escape de muitos professores é o grito, mas vamos lá, o que pode causar tanto stress numa turma?
Quando questionados sobre afetividade, muitos professores alegam que são afetuosos com seus alunos, e eu acredito nisso. Mas, por que também não o ser na hora das atividades? Que, diga-se de passagem, é a hora mais importante. Seja do ensino infantil ou do fundamental, ser afetuoso vai além do abraçar quando chega ou se despedir quando vai embora. No ato de ensinar precisa ter uma dose também, e das grandes!
Gritar com uma criança é algo assustador, tanto para quem está do lado dela quanto para a própria criança. Muitas vezes ela não vai entender que o grito é para educá-la, até porque nenhum grito é bem vindo numa relação. Quando a criança é pequena o que pode se desenvolver é um medo ou uma vergonha, dependendo a situação que gerou o grito. Já com as maiores, podemos pensar que se desenvolverá uma raiva, uma irritação pelo constrangimento que foi gerado. São muitos os professores que berram com um determinado aluno na frente de outros, e isso não é uma coisa agradável. Crianças também se sentem constrangidas e isso afeta todo o sistema social delas!
Se queremos desenvolver cidadãos que respeitam e que acreditam no futuro precisamos mudar alguns hábitos nas salas de aula. Sei que pode ser difícil, mas acredito que não é impossível. Se você, professor, acredita que ‘gritos não educam’, acredite que também não ensinam. Pois realmente não ensinam! Desenvolvem-se os medos, as vergonhas, culpas desnecessárias e irritação, que prejudicam, que atrasam e que ficam guardadas como rancores de uma aprendizagem mal sucedida. A atividade, que era para ser algo inovador, se transforma em algo assustador e aí as dificuldades aparecem. Outra coisa que pode aparecer também é a violência, que mais tarde, pode ser uma via de escape do aluno.
Eu sou psicóloga e acredito na capacidade de mudança do ser humano, acredito que ele pode, se ele assim desejar. Acredito que podemos mudar um mundo inteiro, se mudarmos nossas atitudes com a infância. Vemos tantas notícias ruins de alunos que agridem seus professores que fico pensando o quão pior ainda pode ficar. Acredito que se tornarmos a aprendizagem mais afetiva, os alunos confiarão mais e acreditarão que são capazes de aprender.
O que grito faz é totalmente o contrário: bloqueia, diminui a autoestima e a motivação do aluno. Quer gritar? Que sejam gritos de alegria, com muita gargalhada. E não gritos de humilhação e medo.
Psi Stephanie Machado Barbosa
https://stephaniepsi.wordpress.com/tag/gritos/
ENSINAR, APRENDER, APREENDER E PROCESSOS DE ENSINAGEM
Léa da Graças Camargos Anastasiou
Sabe-se que o modelo jesuítico, apresentava em seu manual, Ratio Studiorum - datado de 15991,
os três passos básicos de uma aula: preleção do conteúdo pelo
professor, levantamento de dúvidas dos alunos e exercícios para fixação,
cabendo ao aluno a memorização para a prova. A aula
é o espaço onde o professor fala, diz, explica o conteúdo, cabendo ao
aluno anotá-lo para depois memoriza-lo (a partir daí surge o aluno
'preguiçoso, sem estímulo).
Toma-se,
assim, a simples transmissão da informação como ensino, e o professor
fica como fonte de saber, tornando-se o portador e a garantia da
verdade.
Assim,
se eu expliquei um conteúdo, mas o aluno desse não se apropriou, posso
dizer que ensinei, ou apenas cumpri uma parte do processo? Mesmo tendo
uma sincera intenção de ensinar, se a meta (a apreensão, a apropriação
do conteúdo por parte do aluno) não se efetivou plenamente, como seria
necessário, ou esperado, para prosseguir o caminho escolar do aluno,
posso dizer que ensinei?
Trabalhando
com os conhecimentos estruturados como saber escolar, é fundamental
destacar o aspecto do saber referente ao gosto ou sabor, do latim sapere – ter gosto. Na ensinagem, o processo de ensinar e apreender exige um clima de trabalho tal que se possa saborear o conhecimento em questão. O sabor é percebido pelos alunos, quando o docente ensina determinada área que também saboreia, na lida cotidiana profissional e/ou na pesquisa e socializado com seus parceiros na sala de aula. Para isso, o saber inclui um saber quê, um saber como, um saber porque e um saber para quê.3
EDUCANDO COM BERROS - RESOLVE MESMO PARTE 03
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