sábado, 7 de setembro de 2019

POR QUE AS ESCOLAS FRACASSAM - A VELHA VS A NOVA ESCOLA


POR QUE AS ESCOLAS FRACASSAM?  EM CONSTRUÇÃO

Esta é uma série de artigos que analisam o que levou a velha escola a ser um sistema engessado, ultrapassado e desumano.

Em que difere a velha escola do que preconizam idealizadores da nova escola como Focault, Wallon, Piaget, Vygotsy, Bruner e Ausubel?

Muitas razões do fracasso descansam na forma, na base do sistema em si, outras se arrastam pela mentalidade do corpo docente, do que acham serem métodos eficientes de ensino mas que são ultrapassados. 


Muitas vezes o que sugere o sistema da velha escola se conflita com atitudes e ações da escola e do professor: ou o sistema indica métodos excelentes e professores mal preparados, não sabedores, que agem diferente, ou o sistema indica métodos ultrapassados que professores tentam driblar com conceitos da nova escola e ficam amarrados e fragilizados como "remendos novos em roupa velha".

Professores com a mentalidade da nova escola, mesmo atuando na velha, têm tido excelentes recompensas ao passo que vêm seus alunos usando toda criatividade e brilhantismo, pela liberdade e carinho que estes dão aos alunos para raciocinarem por si mesmos.

- "Mesmo o adulto, quando está em situação de formação, eu tenho que criar um ambiente livre de pressão, livre de situações que provoquem medo, para que ele utilize o seu tempo para aprender e não para vencer as emoções". -Laurinda Ramalho de Almeida citando Carl Wallow.

ENSINO FUNDAMENTAL

1 - Como funciona o cérebro do professor da velha escola?

A- Ele se acha dono do saber, de sua sala e dos alunos. Se é assim, ele é autoridade naquele recinto. Ele "está ali para mandar e o aluno para obedecer". Ele sabe tudo, e deve ser respeitado como tal.

B - Embora tenha sido jovem e aluno um dia, ele marca pressão em cima do aluno, não dá tempo para este raciocinar (enfia outra pergunta em cima, se o aluno erra já manda uma correção), ele explica tudo para o aluno e espera que este repita do mesmo jeito na prova. Ao aluno é proibido de raciocinar, mas sem questionar, aceitar como verdade absoluta o que o mestre diz. Na mente dele isto tem lógica, afinal, o professor estudou muito (na velha escola) para saber tantas coisas e o aluno não sabe nada.

C - Ele vai dar uma aula para mais de uma dezena de alunos como se estivesse falando com apenas um. Todas os diversos pensamentos e raciocínios ali presentes deverão entender em uníssono a explicação dele pois ele preparou a aula e espera que todos se "esforcem em aprender" mesmo que seja uma lição aplicada de "forma lúdica". Impõe-se então a obrigação de a criança "aprender" o que o professor quer em meio a uma "brincadeira", se não acontecer, o aluno não "se esforça". Por que uma criança deveria "se esforçar a aprender"? Entende a criança o que se requer dela, de que está ali para "estudar" não para brincar? Entende o professor que uma criança pode aprender brincando, mas fazer pressão para que a brincadeira idealizada por ele resulte num aprendizado é coisa bem diferente?   

D - No ensino fundamental, ele espera que todos estejam "em fila do menor para o maior", em sala "sentadinhos", "quietinhos", e comportados; que tenham a dimensão madura de entender que estão ali "não para brincar" mas para aprender, muito embora se preconize uma "educação em forma lúdica". No Brasil, uma criança de quatro meses começa uma rotina como um trabalhador de fábrica, com horários, regras e punições. O que se passa mesmo na cabeça de criança? Ela não entende a maior parte do que acontece. ("Vigiar e Punir, Nascimento das prisões -1975 - Michael Focault - O autor compara a escola a fábricas e prisões)

E - Para "por ordem na casa" ele usa de todos os meios que acha bom para isto, desde "berrar" até aplicar advertências, punições, sem permitir que criança fale ou se defenda. Este adulto não acha ser desrespeito ser tão grosseiro com uma criança embora jamais faça o mesmo com um adulto por achar ser falta de respeito. 

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.

F - Deixando de fora os excessos, adultos foram acostumados a "cuidar" das crianças com um olhar acirrado que às vezes as sufocam. Excesso de cuidado. Perto de uma mãe, a criança ao ser perguntada sobre qualquer coisa, primeiro olha para a mãe esperando sua aprovação. Professores que cursaram a velha escola desde tenra idade, agora adultos, assumem a mesma postura com seus alunos. Assumem o papel de representantes dos "seus" aluninhos. Parece que tudo que fizerem terão que passar pela aprovação do adulto. Com o tempo a genialidade e a criatividade das crianças vão sendo substituídas pelo domínio adulto, e, pela adolescência já desconhecem o que é ser gênio pois sua criatividade já quase nem existe mais.

G - Quando aluninhos se engalfinham, entram em conflitos, o professor ou outro profissional escolar resolve o assunto na hora usando sua autoridade. 

Muitos professores da Velha Escola têm me dito que "às vezes tem que dar um berro", que "conversar não adianta", senão vira bagunça. 


Na Nova Escola, a conversa é que faz a diferença. Conversas respeitosas, a criança sendo ouvida, gentilmente cuidada, tornam as mesmas dóceis e de fácil convivência.
Quando aluninhos se engalfinham, entram em conflitos, o professor ou outro profissional escolar da nova escola dá dicas aos envolvidos de como se resolverem. Por exemplo, de conversarem sem atacar a pessoa do outro mas a ação indesejada. O adulto deixa que as crianças se resolvam. Por fim escuta o que elas decidiram e dá mais dicas de como fazer no futuro.

O sujeito professor e o espaço de sala de aula
Em um espaço como a sala de aula há toda uma relação que já está estabelecida socialmente, ou seja, o papel de professor como aquele que ensina e o aluno aquele que aprende, o professor fala e o aluno ouve. Para repassar os conhecimentos socialmente adquiridos o professor, na maioria de suas aulas, utiliza-se de aulas expositivas e isso se deve muito mais a circunstâncias administrativas por ser uma estratégia econômica, flexível, rápida do que por trazer resultados positivos no que diz respeito ao processo ensino/aprendizagem.

... percebe-se que o uso de verbos em primeira pessoa reforça o poder e a autoridade no discurso, como se todo o saber fosse daquele que fala, apresentando o que se diz como incontestável (eu sei, portanto é verdade), na fala do professor, há a voz da experiência daquele que detém o conhecimento...

...percebe-se que o professor impossibilita ao aluno o questionamento já que afirma que ele já aprendeu, neutraliza o questionamento sobre o assunto. Ao final da aula o professor lê para os alunos questões carregadas de ironia. 

Segundo Voese(2005), a particularidade da ironia, é o fato de que ela não dá à vítima nenhuma possibilidade de reação responsiva, de modo que o produtor da ironia parece não visar, especificamente, ao que se entende por interação, mas a um riso cúmplice que deve silenciar a voz de alguém.

O uso de frases interrogativas procura fazer com que o interlocutor se comprometa. Há uma sequência de questionamentos, no entanto não há respostas por parte dos alunos, o próprio professor vai respondendo suas perguntas e dessa maneira tem a sensação de a ação desejada é orientada, sugere aos alunos que anotem as partes que “eles” consideram mais importantes, mas durante a aula reforça o que considera essencial no texto. Ao perguntar sobre o texto, o professor dialoga com o texto e não com o grupo de alunos, já que não aguarda as respostas...

Em outros momentos há a presença de verbos no imperativo, o que denota o poder do discurso, não permite aos interlocutores atitude contrária a sugerida no discurso."

(Revista Educer Et Educare – Vol 9 2014 Unioeste – Eliane Cabral Beck)


Na escola tradicional, o professor também tem esses objetivos belos e nobres, e realmente gostaria de estar trabalhando para formar esse homem. Só que, na sala de aula, uma carteira está atrás da outra e as crianças não podem se comunicar, conversar. Cada um tem que ter o seu próprio material, não pode emprestar para o amigo. A professora é quem diz o que fazer, quando fazer, como começar, quando começar, a que horas terminar. Ela é quem determina, inclusive, a ida ao banheiro. É a própria professora que diz para as crianças quando está certo e quando está errado.

(O educador e a moralidade infantil numa perspectiva construtivista - julho/1999 - Telma Vinha)


 
2 - A metodologia da Velha escola

A - O professor entra em sala, explica um assunto (como verdade absoluta) já determinado num currículo bastante restrito, lê partes de livros que são autoridades naquele saber, e como se não bastasse, manda que alunos leiam em casa muitas páginas doutro livro.

B - Ainda tem a lição de casa que tem como finalidade fixar a lição na mente do aluno e os pais têm a obrigação de dominar a lição pois espera que eles ajudem filhos mesmo sem ter nunca cursado pedagogia.

C - Alguns dias depois tem a prova que alunos farão, mas para isto são orientados quanto ao que estudar em casa para se prepararem para a mesma, como se as aulas fossem insuficientes para isto.

D - O resultado desta prova é importante para a velha escola rotular o aluno como normal, ou seja, que aprendeu aquilo que a média de alunos deveria aprender com aquela determinada idade.

E - Sempre têm aqueles alunos atrasados por diversas razões, que não se interessam muito ("preguiçosos"), pois eles terão que acompanhar os mais adiantados e ponto final.

Desde que a criança entra na escola
A criança, no papel de aluno, está ali para obedecer; o professor para mandar. Isto é a Velha Escola.
Professores que não se abaixam ao nível dos olhos da criança, que apenas mandam e espera-se que o aluno faça. A criança é proibida de raciocinar ou contestar. E ponto final. Ou não! A criança se arrisca a "desobedecer", mas o professor tem na manga uma arma poderosa: O berro! A criança assustada obedece prontamente. Ou não! Algumas se acostumam aos berros. O berro passa longe da didática. Pedagógico? Nem na China!

A Nova escola tem em seus professores seres cuidadosos, amorosos, que se abaixam ao nível dos olhos da criança. Não se isentam de se tornar verdadeiros amigos amados da criança. E fazem o que se espera de quem cuida com afetividade: raciocinam, conversam, escutam seus alunos, mesmo os mais peraltas.
Há professores assim na velha escola, mas falamos aqui dos sistemas da velha escola e da nova. A velha entrega o conhecimento pronto e exige que a criança assimile daquele jeito.

Na nova, dar a criança escuta e incentivá-la a pensar por si mesma, inclusive oferecendo escolhas para a criança fazer em vez de o adulto resolver tudo, é proceder padrão. A criança aprende 10 vezes mais sem um adulto regulando a criatividade e o aprendizado dela.
A capacidade criativa, a responsabilidade pelas próprias ações, a autonomia do aprender com mais intensidade conteúdos que englobam seus talentos, são características da nova escola. Estas criam na criança madureza, mentes abertas, geniais e autodidatas, não dependência de outros para o aprendizado; desprendimento de supostas verdades e  paradigmas ultrapassados, como consequência, cidadãos inovadores que enriquecem a sociedade em que vivem.
Professores são verdadeiros "orientadores" ou "mediadores" que cuidam com carinho das crianças.

Desenvolvendo a moral da criança
"Humano, no sentido de pessoa humanizada, merece reflexão. Será que os nossos procedimentos pedagógicos, aqueles que utilizamos em sala de aula, são coerentes com esse homem que queremos construir? Na escola tradicional, o professor também tem esses objetivos belos e nobres, e realmente gostaria de estar trabalhando para formar esse homem. Só que, na sala de aula, uma carteira está atrás da outra e as crianças não podem se comunicar, conversar. Cada um tem que ter o seu próprio material, não pode emprestar para o amigo. A professora é quem diz o que fazer, quando fazer, como começar, quando começar, a que horas terminar. Ela é quem determina, inclusive, a ida ao banheiro. É a própria professora que diz para as crianças quando está certo e quando está errado."
 

"Como é que queremos formar pessoas cooperativas, se um não pode ajudar o outro, porque isso é visto como ‘cola’, como uma coisa negativa? Quando escrevem, eles colocam o braço sobre o trabalho para o outro não ver. Como é que eu posso formar pessoas solidárias, se cada um tem que ter o seu, se eu não posso compartilhar os meus materiais, se eu não posso compartilhar minhas atividades com o meu colega? Como é que eu quero
formar pessoas que saibam decidir, se o professor decide até a hora das crianças irem ao banheiro, decide que atividade vai ser dada, como vai ser feita? Como é que eu quero crianças que saibam viver em uma democracia, conviver com os iguais, se eles não podem conversar?" 

"A moralidade não é ensinada por sermões. A moralidade vai se dando a partir das pequenas experiências diárias que a criança tem ao se relacionar com o outro. [...] Ensinar sem permitir que eles descubram, passando os conceitos como se fossem verdades prontas, ensinando a técnica para resolver sem deixá-los resolver por si mesmos, assim o educador deixa claro que a verdade vem da cabeça do professor. Assim, o que os alunos têm de fazer, mesmo que eles não entendam, é obedecer, é aceitar a autoridade, que hoje é o professor e amanhã pode ser o diretor, o chefe, o marido, o político.
As crianças vão aprendendo a engolir sem entender. Vão engolindo e achando que é assim mesmo e quando crescem, continuam acreditando que as verdades vêm de determinadas pessoas e não questionam essas verdades." (O Educador e a Moralidade Infantil - Telma Vinha - UNICAMP)



"De acordo com Munroe (1999), os líderes se tornam atraentes pela sua capacidade de inspirar os outros a se tornarem o melhor que podem. São pessoas capazes de atrair e tirar o melhor das outras pessoas. Por isso, a necessidade de se ter lideranças com excelência nos espaços escolares."

"Klausmeier (1977, pp. 259-260) apud Piletti (1987, p.63) afirma que sem motivação não há aprendizagem. Ele argumenta que professor e aluno podem ter todos os recursos didáticos disponíveis para um bom desempenho intelectual, mas que tudo isso será em vão se faltar a motivação. Ele enfatiza que pode ocorrer a aprendizagem, mesmo com a falta do professor, dos livros, da escola, sem uma porção de tantas outras coisas, mas se houver a motivação para elevar a autoestima dos alunos, todas estas dificuldades serão transponíveis." 
(A Importância da Autoestima do Aluno no Processo de Ensino-aprendizagem – Teixeira, Rubio, Chaves, Silva - ISSN (1981-2183)



Preparação para provas
É muito esquisito quando o professor fornece uma data, uma dica do que vai cair e o aluno deve "estudar" em casa. 
O aluno já não aprendeu em sala? Para que estudar em casa? Seria desumano fazer uma prova ou algum tipo de avaliação, mesmo oral, no final da aula ou no início da próxima? Ora se o aluno "aprendeu", não terá dificuldades, e nem precisará "estudar" para a prova em casa, aliás terá prazer em responder avaliação. E, se o aluno não aprendeu em sala, qual a chance de aprender ao 'estudar' em casa? E, se o aluno não aprendeu em sala, surge a oportunidade de descobrir o porquê e corrige-se na hora o problema. Se não, deve haver algum problema no processo de ensinagem. O professor usará seus truques para impedir que aluno burle, cole ou chute na prova, fará até pegadinhas sem resultados pedagógicos concretos. 

Qual seria o problema, ineficácia de quem ensina? Quantidade de alunos elevada em sala? Falta de motivação? Pouco tempo para muito conteúdo? 


Que desastre é, que alunos que passaram sua vida na escola precisem de cursos com dicas rápidas de como se sair bem no ENEM!

A Nova escola tem como seu principal diretriz: "Esta ação contribuirá para o aprendizado?" "É pedagógico?" Ela não se preocupa com "provas de que aluno aprendeu" e avaliações desta maneira! Os alunos avaliam a si mesmos. Aprendem a serem honestos quando vêm que isto os leva ao progresso no conhecimento. Não se usa "prova" de que aluno aprendeu, nem se rotula aluno pela nota que tira. Os professores não precisam que aluno "prove" que sabe.

As avaliações
Quando as avaliações são por conceitos como "AO - atingiu objetivos" ou parecidos, imputa-se à criança a responsabilidade de não ter atingido alvos. Nos Conselhos de Classe qualifica-se a criança como "sem interesse" ou "sem vontade". Analisemos alguns exemplos de critérios para avaliação:

Conhece a história da escola, identificando o motivo pelo qual recebeu o seu nome?
Lê e interpreta informações de tabelas e de gráficos simples?
Discrimina sons graves, médios e agudos?
Produz pequenos textos?

Estes critérios deixam bastante evidente que, porquanto a criança dependa inteiramente do professor para ensiná-la, ela só fará se receber ensino de qualidade. A criança não vem de casa sabendo reconhecer estes critérios, tampouco nasceu sabendo, assim irá aprender. 
Se ela não "atingir objetivo" e a resposta do professor for "não" aos critérios, a "culpa" ou a responsabilidade será inteiramente do professor em não ter conseguido ensinar.
Jamais a criança deveria ser inputada como preguiçosa, bagunceira ou coisa assim e por isto não ter aprendido. 

Em palavras mais simples e diretas, nós, professores, não fomos aptos para ajudá-la, pois é para isto que estamos ali. 
Se for uma criança "bagunceira" e desinteressada, não exime isto de nossa inaptidão, mas é um desafio saudável e faz parte de nossa profissão.

Imagina um médico orientando sua secretária em seu consultório: Veja quantos doentes tenho hoje para atender. Os menos graves ponha em primeiro, depois aqueles doentes medianos. Os doente mais graves mande embora e se forem doentes teimosos que não se cuidam, dê uma bronca e diga para não mais aparecerem. Que médico incapaz, inapto para a profissão!

Seguimos com outros critérios mais abstratos:

Demonstra interesse diante dos temas trabalhados através de questionamentos, sugestões, opiniões?
Resolve conflitos através de diálogo?
Consegue resolver conflitos pessoais e do grupo?Tem concentração, boa audição, entendimento das orientações repassadas?
Escuta, com atenção, falas de professores e colegas?
Resolve problemas, criando caminhos para sua resolução, e que desenvolvam a iniciativa, a imaginação e a criatividade?

Estes critérios deixam ainda mais evidente que, porquanto a criança dependa inteiramente do professor para ensiná-la, ela só fará se receber ensino de qualidade. A criança pode não vir de casa sabendo reconhecer estes critérios.

Mas neste caso, nós, professores, arguímos que deveriam vir "de casa" sabendo, e que são os pais que devem educá-los. Pelo menos é isto que profissionais da velha escola dizem aos pais quando chamam estes à escola, que seu filho não presta atenção, que faz bagunça, etc e por isto não está progredindo. Dizem que a criança não tem vontade e que ela precisa desenvolver vontade. 

No caso do último critério citado acima, . . .resolve problemas, criando caminhos. . . desenvolvendo a iniciativa . . ., o caso é que a criança já vem de fábrica com criatividade e tem iniciativa, mas o professor domina o ambiente, a criança tem que fazer tudo ao modo do professor. Como poderá aprender novamente a "desenvolver a imaginação e criatividade"?

Assim, nos Conselhos de Classe, culpamos os pais, culpamos o desinteresse das crianças e nos eximimos inteiramente da responsabilidade, "fizemos tudo que podíamos", mas a "criança não se esforça".  Na entrega das avaliações aos pais, entornamos a responsabilidade para que os pais "façam alguma coisa em casa", como se a escola não tivesse mais esta obrigação ou aptidão para sanar o problema. Aos pais vai a mensagem que aluno "demonstra dificuldades na leitura e escrita", e estes pais fazem o quê?
 
Primeiro eles assinam um termo de compromisso com as seguintes premissas:

"Aos (dia, mês e ano) _______________, foi realizada a entrega do boletim para os responsáveis do aluno(a)_________________da sala do _____ ano, juntamente com o boletim foi realizada uma conversa sobre a aprovação do(a) aluno(a) mediante o conselho de classe."
Para um melhor entendimento, explica-se que: "quando um(a) aluno(a) é aprovado pelo conselho significa que não atingiu a ou as notas necessárias no exame final e por este motivo o conselho formado por professores e demais profissionais da escola o(a) aprovaram para o próximo ano, por acreditarem que no ano seguinte poderá acompanhar a turma e desempenhar um bom papel como aluno(a).
Importante salientar que o mesmo aluno(a) não pode ser aprovado pelo conselho por dois anos, sendo assim, a família e a criança necessitam se empenharem mais para que no ano seguinte o educando(a) consiga obter a sua aprovação por méritos próprios.

Eu, __________, responsável pelo aluno(a) ________ me comprometo a acompanhar com mais afinco a vida escolar do educando(a) para que ele(a) absorva o conhecimento necessário e obtenha aprovação no próximo ano letivo."

 

Cabe aos pais se responsabilizarem pelo aluno "absorver o conhecimento necessário" para aprovação? A família não "se emprenhou" suficientemente?

 
Em nenhum lugar fala da escola ponderar seus métodos e analisar se poderia melhorar.


DO FUNDAMENTAL AO ENSINO MÉDIO

Alunos robôs?
Alunos são tratados como verdadeiras máquinas idênticas. O professor prepara uma aula e  espera que “todos” os alunos da sala aprendam aquele mesmo conteúdo. Se um deles tem mais dificuldades será rotulado de aluno 'lento' ou pejorativamente de 'gênio'. Se alguns conseguem, todos devem conseguir igualmente. E, se alguns não conseguem, o carro anda, virá o dia da avaliação, depois o conteúdo será outro e na outra semana outro, e assim vai. 
Alunos que vão muitíssimo bem em algumas disciplinas, não vão bem em outras. Ninguém é tão bom assim. O “gênio” é assim só numa área. A cada duzentos anos aparece um Leonardo da Vinci, que domina várias áreas, mas nunca todas. Mas a escola acha que todos tem que aprender, apreender, apropriar-se, de “todos” os conteúdos no mesmo tempo, como se tivessem cérebros produzidos em série. 
O nível de aproveitamento é exigido por igual de pessoas totalmente diferentes (considere isto nas avaliações escritas, mas também em todas as avaliações utilizadas na escola atual). Vemos crianças rotuladas como 'inquietas, bagunceiras', que são na verdade mais espertas mentalmente, mais curiosas, mais criativas, gênios, só que incomodam do ponto de vista do professor que não descobriu em que áreas estas se darão bem (inclusive melhor que as outras crianças). Passa-se o mesmo conteúdo, cobra-se com mesmos critérios de avaliação de alunos totalmente diferentes. "Ser diferente é legal!", mas na prática . . .

Verdadeiras bibliotecas ambulantes
A quantidade e qualidade de conteúdos é imensa e algumas vezes inadequada. Por exemplo, o professor de Física, exige que todos os alunos da sala aprendam sobre “a energia do fóton emitido na transição que vai corresponder à diferença de energia entre os subníveis atômicos”, ou seja a energia que o elétron ganha ou perde ao pular de camada. Ou nas aulas de “Ótica Geométrica”, associação de espelhos planos, espelhos convexos e lentes convergentes, ele exige saber resolver todas as formulas. 
Aulas 'exigidas' de alunos que jamais irão usar isto na vida, que o professor não usa, senão em aulas. Alunos que terão profissões em áreas totalmente diferentes. Existem milhares de   conteúdos em todas as disciplinas que são cobrados de todos igualmente sem importar as diferenças pessoais, diferenças de talentos e o uso que estes conteúdos terão se é que terão no futuro. 
O aluno passa mais de vinte anos aprendendo. Quanto ele retêm para a vida e quanto ele usará na vida é questionável. O tempo é curto, então alguns conteúdos, obrigatoriamente, terão que ser mitigados. Quais? Seres humanos limitados fazem assim: ou fazemos muitíssimas coisas, mal feitas, ou fazemos poucas coisas bem feitas. Na busca da qualidade na educação não será diferente. Por que há atualmente um estresse muito grande que antecede as provas do ENEM? É possível dizer que o aluno realmente aprendeu tudo em sala mas 'esqueceu"? Ou que, de fato, é muita coisa para o cérebro reter? 

"Moreno-Marimón & Sastre (2002) numa pesquisa recente, perguntam a adultos que passaram por diferentes escolas se um determinado conteúdo aprendido em tal instituição teria hoje, em sua vida adulta, algum sentido ou, em outras palavras, teria sido utilizado fora da escola. A resposta a esta questão nos parece longe de mostrar que a escola tem cumprido seu papel formador. Perguntados sobre “quando utilizaram a raiz quadrada em suas vidas” apenas 6% dizem ter utilizado esse conceito em aplicações úteis como por exemplo, para cálculos de área, ou enquanto professores, para dar aulas particulares e outros 4% diriam que seu uso foi importante para ser usado em jogos diversos. (Bullying e violência na escola: entre o que se deseja e o que realmente se faz - Tognetta/Vinha)


Alunos com cérebros geniais
Em qualquer escola do Brasil (velha escola), em qualquer dia, alunos são 'obrigados' a dominar milhões de informações até o dia da prova. O aluno precisa dominar todas as disciplinas ao mesmo tempo. 
Pegue uma semana qualquer do ano, uma escola de nível médio. O aluno precisa saber do conteúdo da semana de língua portuguesa, matemática, biologia, cidadania, filosofia, artes,  sociologia, química, física, etc. O cérebro é limitado, não se pode simplesmente "socar" um monte de informações ali dentro em curto espaço de tempo. Depois da prova, do Enem, do vestibular, o cérebro apagará metade deste conteúdo que serviu apenas a este propósito.  

Se pegar qualquer professor (ou diretor) nesta semana e pedir para fazer qualquer prova de outra disciplina, é muito provável que não saberá. Se pedir para qualquer professor, que não seja de matemática ou física, para resolver uma simples questão de equação de segundo grau, é possível que não saiba. Mas o aluno tem que saber "tudo de todas”, cada semana, o ano inteiro.

Métodos de ensino ultrapassados  
Por exemplo, depois de uma explicação em que só se ouve a voz do professor, este pergunta -Todos entenderam? - A turma responde em coro – Sim, professor! 
Alunos tímidos ficam em silêncio ou se juntam ao coro, mas 'eles não entenderam'. O professor toca a aula pra frente, muitas vezes acaba nem sabendo que “nem todos entenderam”.  Só descobre na prova, quando alunos "provam" que aprenderam.

O professor tem uma vivência de muitos anos na escola, na faculdade, na vida, num casamento, numa roda de amigos, enfim, toda uma experiência única e rica. Ele não entende como é que estes alunos 'preguiçosos' não assimilam o conteúdo, pois o professor foi 'muito claro' em sua aula, ele acha que 'todos deviam ter entendido sim' o que ele explicou. Chamamos isto de “Discursos Que Perpassam” a abordagem em si, ou seja, como nosso interlocutor entenderá nossa fala. 

Quando esperamos que outra pessoa entenda exatamente assim como nós entendemos determinado ponto de vista vivemos uma ilusão, uma irrealidade.

Proprietário ou mediador do conhecimento?
Professores ainda passam o conhecimento, e a nova visão de ensino diz que o professor deve, como mediador, contribuir para que o aluno aprenda, ajudá-lo a raciocinar e chegar a conclusões. Algumas vezes talvez seja possível alunos que 'pegaram' o assunto ensinem outros alunos (com supervisão), pois quando se ensina, aprende-se. 
Mas se um aluno diz que não acredita, por exemplo, na Teoria da Evolução (mesmo que o professor não acredite ou não possa apresentar provas concretas), surge um mal estar, por que os livros mostram homens grotescos, hominídios peludos e encurvados, e apresentam  como fato e o professor somente repete. 

E assim será mesmo na faculdade, em que o aluno em geral não pode defender 'a própria opinião”, por mais que tenha embasamento em experiências reais, em estudo de campo, em laboratório. Só será aceito quando o aluno cita 'famoso', renomado nos meios científicos. Por outro lado, insistimos que iremos, como professores, transformar o aluno em cidadãos pensantes, reflexivos, autônomos, etc. 


Uma vez um aluno perguntava depois de cada exposição minha do conteúdo como ele poderia saber que aquilo era verdade. Eu acabei me irritando, achando que ele queria atrapalhar minha aula e dei um bronca nele e exigi que ficasse em silêncio dali em diante. Hoje vejo que errei, pois o professor tem a obrigação de ajudar o estudante a buscar o conhecimento, a questionar, a discordar, a não entender, a ter dúvidas, querer saber o porquê e como.



Professores estressados
É impressionante a quantidade de projetos e atividades que se envolve durante o ano. Muitas vezes professores estão com vários projetos ao mesmo tempo, mais os projetos de comemorações, e estes demandam uma grande quantidade de tempo e serviço, pouco ensino e muita montagem, recortes, murais, etc. Não dá tempo nem para avaliar o aproveitamento do último projeto, porque acabou, mas já tem outros em andamento e outros a começar. Uma loucura! Muitas vezes se deixa de lado por um instante o conteúdo para se desenvolver trabalhos da próxima comemoração, inclusive treinamento para apresentações e ensaio de musicas afins com alunos. É um dos principais empecilhos para a qualidade na educação, mesmo que haja quem defenda como necessário e digam que é pedagógico.

Quer fazer bem feito, faça com tempo suficiente, devagar e bem feito, para isto, enxugue, trabalhe com qualidade no pouco e bem feito.  

Interferência externa
"O aprisionamento do professor a métodos e conteúdos ditados pelas autoridades em assuntos escolares. As escolas públicas têm a sua prática pedagógica determinada ou por orientações oriundas das secretarias de educação ou pelos próprios livros didáticos. Isso resulta, na maioria das vezes, em uma prática curricular muito pobre, que não leva em conta nem a experiência trazida pelo próprio professor, nem a trazida pelo aluno, ou mesmo às características da comunidade em que a escola está inserida. Por outro lado, isso restringe a autonomia intelectual do professor e o exercício da sua criatividade. E pior: não permite que a escola construa sua identidade" -

(http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=14550&chapterid=10917) . 

Na reestruturação da educação em diversos países, o professor tem liberdade de construir o currículo segundo as necessidades do aluno, às vezes o próprio aluno ganha certa liberdade para participar disto também.


Veja "ESCOLA DO FUTURO"
Leia: "Diretrizes para o Programa Escola Integral - São Paulo"

Espaço Físico
Como é usado o espaço físico da velha escola e por que muitas são feias, pichadas e depredadas?
Ninguém se sente dono do prédio. Quando se diz prédio público se entende da prefeitura, estado, ou de empresa.
A Escola pública na verdade é como uma praça pública num bairro, o estado constrói, fornece manutenção e cuidados, mas a quem realmente pertence? É da comunidade! E quando esta entende isto, passa a usar e a cuidar dela como algo que lhes beneficia muito. A comunidade é quem paga impostos para ter isto.
Na velha escola, os pais podem não ter entendido que ela pertence a comunidade, a eles. Numa centena de anos a escola afastou os mesmos dela. Agora acha que os pais são responsáveis por seu fracasso porque "não dão educação em casa" para seus filhos e esta se exime também desta tarefa. O Conselho Escolar exime a Velha Escola, mas apenas onde é aplicado e funciona como deve.

Como é a Nova Escola?
A Nova Escola foi devolvida aos pais. Estes são convidados a vir a escola sempre que desejarem, e passar tempo ali. Participam das decisões através do Conselho Escolar que os representam. Quando há reunião do Conselho, este não decide sozinho, mas consultam os pais, funcionários, professores e alunos antes de tomarem decisões. Se envolver trabalho no prédio (pinturas, concertos, etc.) não são os membros apenas que comparecem, mas toda a comunidade.
Em muitas escolas os pais podem ficar na escola durante o período sem nenhum prejuízo para o andamento dela, desde que não interfiram na mesma.

A Nova Escola coloca em prática a análise dum documento preparado pela Velha Escola que se chama "Análise de Critérios Escolar" em que participam todos da comunidade ao analisar e depois ao aplicar quaisquer ações nos próximos meses.

E o dinheiro para sustentar a educação
Para cobrir gastos com manutenção de prédios a Velha escola não deveria produzir sua própria fonte de dinheiro como diz o caderno 7 do MEC:

"A autonomia financeira deve possibilitar à escola elaborar e executar seu orçamento, planejar e executar suas atividades, sem ter que necessariamente recorrer a outras fontes de receita, aplicar e remanejar diferentes rubricas, tendo o acompanhamento e fiscalização dos órgãos internos e externos competentes. Em síntese, é obrigação do poder público o financiamento das instituições educacionais públicas e compete às escolas otimizar e tornar transparente e participativo o uso dos recursos. Assim, o conselho escolar é o local apropriado de discussão e democratização do uso dos recursos financeiros administrados pela escola."  

"Assim, no tocante à dimensão financeira, a escola passa a ser responsável por definir ações, elaborar e executar os seus projetos educativos e de gestão. Essa responsabilidade, diferente de antigamente, não fica mais restrita à figura do diretor e à sua equipe de coordenaçãoTodos os envolvidos direta e indiretamente são chamados a se responsabilizar pelo bom uso das verbas destinadas à educação.
Ao defendermos a autonomia da escola, estamos defendendo que a comunidade escolar tenha liberdade para, coletivamente, pensar, discutir, planejar, construir e executar o seu projeto político-pedagógico, entendendo que neste está contido o projeto de educação e de escola que a comunidade almeja."

No entanto, a Velha Escola ainda está envolvida em bazares, grandes festas, onde se oferecem alimentos, rifas, diversão para angariar fundos, desviando-se de sua função. A escola não deveria precisar "arrecadar dinheiro". Para isto, funcionários da administração, merendeiras, agentes de limpeza e professores gastam bastante tempo na preparação, tempo que deveria ser usado com objetivo simples e restrito: ensinar os alunos. 

A Velha Escola tem sido criticada a mais de cem anos.
A Nova Escola não é tão nova, tem uns cem anos.
A Velha Escola é boa para produzir cidadão dependente do sistema.
A Nova Escola é "perigosa" pois desenvolve cidadãos autodidatas, questionadores, exatamente o que propõe a velha escola.
A velha escola produz cidadãos que dependem de cursos, formações, incentivos para se desenvolver.
A nova produz inovações, gênios e artistas que empreendem e transformam o mundo.


Leia mais:

Veja a lista de assuntos sobre velha e nova escola:

Veja vídeo:






quarta-feira, 4 de setembro de 2019

PROFESSOR DO FUTURO NA ESCOLA DO FUTURO

 ESCOLA DO FUTURO


O que se espera de uma escola que pretende “educar” crianças duma determinada comunidade? “Ensinar a ler e escrever” e o que mais?

Está a escola preocupada com o cidadão(ã) que sairá dali para o mundo?
Com sua saúde física, mental e emocional?
Com sua boa educação, moral e ética, além da simples graduação?
Quer melhorar o ideb da escola?
Quer ter mais qualidade de ensino?

O que realmente acontecia é que deixávamos “a vida me levar”, o que é um erro muito grande. Tínhamos que nos planejar, determinar o que e como faríamos tudo, sempre. “Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer “.


Esperar que tudo dê certo sem a devida preparação, sem estudo, sem diagnóstico, sem cada um saber exatamente o que fazer, era viver na ilusão que mesmo assim ía dar certo.


Sem planejamento, fazíamos 'mal feito', sempre. Porque fazíamos o que dava na cabeça na hora sem maiores aprofundamentos ou consultas a outros que poderiam ajudar. A correria nos tirava tempo para este planejamento e, sem este, a correria aumentava.


Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.... de Albert Einstein.


Eficiência trata de como fazer, não do que fazer. Trata de fazer certo a coisa, e não fazer a coisa certa.

Já a eficácia trata do que fazer, de fazer as coisas certas, da decisão de que caminho seguir (Peter Ferdinand Drucker).

Imagine que haja um vazamento de água no escritório. O primeiro funcionário imediatamente corre atrás de um pano, de um balde e de um rodo para retirar toda a água do ambiente. Ele foi eficiente, pois fez de maneira certa o que deveria ser feito. Viu o problema e resolveu.O segundo funcionário procurou observar toda a sala e tentar encontrar a origem para o surgimento de tanta água, concluiu que vinha exclusivamente do banheiro instalado dentro à sala. Uma vez lá dentro, eliminou todo o problema de vazamento. Este funcionário foi eficaz, pois fez o que era certo fazer para solucionar o caso. Ele pensou ANTES de executar. BRENDER, Arthur. “A diferença entre eficiência e eficácia”




Gestão democrática 

"De acordo com o CREI, a gestão democrática está garantida por lei e prevê que o Projeto Político Pedagógico de cada unidade de ensino seja construído e acompanhado com a participação ativa da comunidade (alunos, educadores, famílias e comunidade)."
 “Em uma escola que tem sala de aula, aluno, provas, tudo isso, não se pode fazer educação integral. Quando eu digo que não tem aluno em uma escola, me refiro ao aluno como objeto de aprendizagem, e eu não quero isso; o que quero é estar com sujeitos de aprendizagem. As pessoas confundem escola com edifício, mas a escola são as pessoas. Hoje, não se ensina nem se aprende, porque não se pode dar a beber a um cavalo que não tem sede”, provoca Pacheco." (https://lunetas.com.br/educacao-integral/)

VOLTEMOS AO FUTURO!


Escolas do futuro são parques educativos

Hoje, escolas são parques educativos. Ali, crianças são sujeitos de aprendizagem. Não se empurra mais conhecimento goela abaixo, nem se soca saberes em seus cérebros. Crianças são livros em branco e quem os escreve são elas mesmas, não um procedimento fabril, em série, nem um procedimento clínico, matemático e frio, como no passado. Não são mais "soldadinhos" do passado, que estão ali para obedecer, mas são clientes, pequenos gênios, ansiosos para desenvolver suas genialidades.
Não se espera mais que aprendam as mesmas coisas porque não são robôs, não se faz mais provas e avaliações como se fossem produtos. Não é necessário nem separar crianças por idade, mas se faz por campos de aprendizagem, em que se pode valorizar os talentos.

"Propiciar um ambiente favorável à aprendizagem em que sejam trabalhados a auto estima, a confiança, o respeito mútuo, a valorização do aluno sem contudo esquecermos da importância de um ambiente desafiador, […] mas que mantenha um nível aceitável de tensões e cobranças, são algumas das situações que devem ser pensadas e avaliadas pelos educadores na condução de seu trabalho."

(MARTINELLI, Selma de Cássia. Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Psicopedagógia, Petrópolis, RJ: Vozes, 2005 p116)

(Veja também: "A Importância Da Afetividade Na Aprendizagem - FACETEN ")

 
No futuro, o professor. . .
"Para Antunes (2008), existem dois tipos de professores, aqueles que mesmo trabalhando em ambientes hostis, com dificuldades, sem regalias, sempre enxergam em cada momento, como por exemplo, o início de mais um ano letivo, a oportunidade de aprender mais, enfim, um momento mágico de revisão crítica e decisões corajosas. Estes ele define como professores de fato e de direito. Mas há também aqueles, que a cada retorno à sala de aula, se sentem angustiados, enfadados por terem que repetir tudo o que de errado e certo fizeram ontem, sem nenhum entusiasmo.
Vêm os alunos como clientes chatíssimos, e que quando se transformam em espectadores, estão mais interessados na indisciplina do que na aprendizagem."
(A IMPORTÂNCIA DA AUTOESTIMA DO ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM - Teixeira - Rúbio - Chaves - Silva)

Professores que no passado eram estressados aprenderam que cada um de nós tem a capacidade de não deixar que eventos externos afetem nosso sistema racional. E só!

Não importa o que aconteça em nossa volta, não precisamos deixar que isto nos afete. Este é o futuro do professor!


A coordenação ajuda ou atrapalha

O que era visto muitas vezes era a coordenadora gastando muito tempo precioso fazendo murais, tabelas de aniversários dos funcionários, lembranças para homenagens. Outras vezes eram materiais de sala e de conteúdo. Estes sempre foram importantes na vida escolar, mas quem toma a dianteira em prepará-los são as professoras e ainda assim os alunos participam ativamente.

"O Coordenador(a) tem um papel importante pois prepara o terreno para que as mudanças sejam implementadas, exemplifica os modelos adequados que deverão ser impressos no fazer diário de cada Professor.

Como isso é feito?
Interagindo com a sua Equipe, transformando os horários coletivos de trabalho em períodos de estudo, na reflexão sobre os problemas didáticos, na busca de soluções, na criação de momentos de troca de experiências entre os colegas, na concepção de ambientes de aprendizagem, na interação entre as pessoas da equipe e também na tarefa de relacionar a cultura contemporânea com o currículo.
Desta forma, os professores vão reconhecendo em você não apenas um líder mas também um parceiro que vai ajudar a ampliar e aprofundar as estratégias para pensar na elaboração das aulas e na condução didática das propostas, no desempenho de cada aluno e na avaliação dos percursos de aprendizagem.
É o Coordenador que impulsiona a construção de uma cultura colaborativa e assim consegue influenciar os resultados da escola."
 - Material de Apoio Coordenador Pedagógico.

Quando uma professora levava um aluno direto à diretoria, ou aos pais através de bilhetes, passava-se por cima dum profissional chave, e de ferramenta essencial à resolução de suas dificuldades: o Coordenador(a). Este profissional planeja soluções junto dos professores e depois participa na aplicação de estratégias bem sucedidas.


O "SOS Professor" disponibiliza excelentes conteúdos gratuitos para capacitação de coordenadores. SOS PROFESSOR



Corrigindo situações

A roda de discussão é uma metodologia praticamente universal nos projetos analisados.
Alguns iniciam todos os dias de trabalho com uma roda de aquecimento, onde se discute como cada um está, os fatos mais importantes do momento e o que será feito no dia, e terminam as atividades igualmente em roda, avaliando o que foi feito no período e deliberando sobre os próximos passos. Problemas de disciplina frequentemente são trabalhados em discussões coletivas”. (http://www.unicef.org/brazil/pt/midia_escola.pdf)

Devido ao estresse que crianças agitadas normalmente causam, precisou-se colocar na roda de discussão a razão de gritos da parte de profissionais com as crianças.

Sempre ficava como se as crianças fossem culpadas e que os professores “precisavam fazer isto mesmo”. Mas sempre foi necessário haver um ambiente no mínimo educado em todos os procedimentos, afinal estamos no lugar mais apropriado para se manifestar verdadeira “educação”. http://vivendosoilusao.blogspot.com.br/2015/07/educando-com-berros-resolve-mesmo.html

Considere ler a matéria:

EDUCANDOCOM BERROS - RESOLVE MESMO


O Conselho de Classe

Lembramos que também há uma "roda de discussão" quando acontece o Conselho de Classe. Boas orientações passaram a guiar estas reuniões:

"O grupo reúne-se e então os Professores sentem-se livres para manifestarem-se sobre os alunos. Os diálogos versam sempre sobre o comportamento e problemas de indisciplina do aluno, tendo seu desempenho e sucessos desconsiderados. São diálogos entrecortados de comentários, opiniões, juízos de valor, julgamentos, preconceitos e achismos. Onde todos buscam o apoio e anuência uns dos outros como que para validar as afirmações feitas.

Muitas vezes o fracasso do aluno é atribuído a causas psicológicas e então são emitidos juízos de valor baseados no senso comum e não em laudos diagnósticos ou fonte segura que o ampare. Ao invés de avaliar o processo de aprendizagem, a interação pedagógica, e a eficiência da prática pedagógica do professor, o Conselho presta-se apenas para apontar e julgar comportamentos do aluno."

"Neste modelo de Conselho de Classe, nada de fato é discutido e de fato nada é solucionado. Todos desabafam, todos discorrem livremente suas angústias, alguns nem falam pois não são apoiados nas suas colocações, então tudo fica na mesma."


Isto é passado!


"Conselho é composto de pessoas, e estas exercerão o papel de Conselheiros, que terão o objetivo de ponderar, aconselhar, orientar, propor, discernir as melhores intervenções e soluções para uma determinada questão."


Como Fazer o Conselho de Classe

(http://www.sosprofessor.com.br/blog/como-fazer-o-conselho-de-classe/)


Alunos com lento aprendizado

- “Entrava ano e saía ano, ao olhar a tarjeta de notas a situação era a mesma, muitos alunos que não aprendiam, alunos que precisavam de ajuda."
- "Os professores continuavam dando as aulas como se nada estivesse acontecendo, e acabavam recorrendo à Coordenação para que o problema fosse resolvido".

Afinal quando o aluno não conseguia ou não “queria” fazer a lição, o mesmo era retirado da sala e enviado para a Coordenação. Já ouviu esta história antes? Pois é, o que estava faltando para o Coordenador eram as ferramentas para orientar os Professores e também para acompanhar o processo de aprendizagem de todos os alunos.

Foi uma boa ideia implementar "Fichas de Monitoramento por Aluno e por Turma e criar alternativas diversificadas para realizar as intervenções e corrigir o baixo aprendizado dos alunos”. Foi Personalizado o atendimento.

Escola agitada, alunos indisciplinados

Havia ocasiões em que não eram alunos que estavam com problemas, mas os profissionais.

No passado, no tempo em que o professor mandava e o aluno obedecia, o profissional chegava estressado por outros motivos alheios a escola, e exigiam demais dos alunos, aumentavam a intensidade da voz conforme alunos não correspondiam as expectativas insanas daquele dia, mais uns minutos e o profissional estava gritando e perguntando, "por que vocês estão tão agitados hoje"?

Se não houvesse quem o aconselhasse, um observador de fora da sala, ele realmente não entenderia a razão de estes alunos estarem assim, abobados. Abobados porque quando o professor não era claro, embora grosseiro, o aluno não ousava contrariar, muito menos cometer a grave infração de dizer que não estava entendendo. Ficava como se as crianças daquela turma estivessem vagando, ritalizados. Entrava outro professor na sala, e a turma se acalmava e correspondia à mansidão do novo professor.  

 Quando há a necessidade do aconselhamento aos profissionais é feita uma boa preparação. É possível usar filmes, usar textos de especialistas sérios no assunto. Deve-se dar sempre tempo para que cada um exponha sua situação. Mas não fazer dinâmicas infantis em reuniões em que se gasta muito tempo apenas para no final 'supostamente' aprenderem uma lição tão corriqueira que seria muito mais eficaz se fosse conversado com franqueza e objetivamente. Ao usar vídeos, que sejam de profissionais sérios, não vídeos infantis com "musicas" emocionais. Estes terão sua serventia em outras ocasiões mais informais.

Mas jamais use para impôr uma ideia, obrigar outros a engolir uma maneira de pensar nem para dar "indiretas". A franqueza assim como ouvir outra parte é o mais justo e própria da escola do futuro.

Por que não eram passados vídeos nas reuniões pedagógicas sobre escolas com estratégias bem sucedidas?

A autora e professora de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vem desenvolvendo estudos bem aprofundados sobre como lidar com os diversos conflitos na escola. Na verdade, os estudos expuseram nossas antigas maneiras de resolver conflitos como sendo arcaicos e totalmente ineficazes. Por quê? Como deveríamos proceder?
Por exemplo, ela considera longamente a eficácia do uso de bilhetes para os pais.  
Os que tiveram a curiosidade de assistir só um vídeo teve a vida como professor mudada para sempre. Estratégias bem sucedidas são expostas de maneira simples e lógica.
Segue links:

1-MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA - TELMA VINHA

2-Práticas de sucesso na resolução de conflitos - Telma Vinha
3-A ESCOLA DO FUTURO

  Passa-se um vídeo para todos assistir. Comenta-se as dificuldades e deixa-se que cada um dê sua opinião. Opiniões errôneas, antigas, ruins, devem ser rebatidas com base no livro ou filme. A ideia sempre foi e continua sendo “mudar” a escola, não ficar se justificando ou culpando crianças, mas francamente discutir 'como' ajustar a escola com as ideias apresentadas por escolas bem sucedidas e conselhos de estudiosos do assunto. Mas não é para 'copiar' e sim usar como exemplo. Poder-se-ia sugerir que cada participante lesse um livro ou um texto curto diferente e depois passasse para outros as partes que mais gostaram.


O “achismo” é uma praga que assola a eficácia.


"Escolas Modelo" nunca foram para serem copiadas, mas estudadas. Cada escola é autônoma e deve estudar a si mesma para achar as soluções personalizadas segundo suas características. Soluções baseadas na afetividade do professor para com aluno sempre funcionará melhor.



Programa “Otimização através da contenção de tempo gasto”

Muitas atividades precisavam de simplificações. Tempo é tudo.

Passamos a “otimizar” a quantidade de trabalho na escola. Por exemplo, se uma profissional gastava muitas horas fazendo mural, ou atividades em homenagens como aos pais e coisas parecidas, passamos a fazer mais simples e de maneira menos trabalhosa. Simples, objetivo e bonito, como são como as crianças fazem.

"Otimizar" significou também se livrar de muitas tarefas que a escola fazia mas que não fazia parte dela mesma, como bazares, noite dos pasteis, rifas, deixando estas para APP e Associação de moradores. A escola assumia tantos 'deveres', comemorações, dia da diretora, dia das mães, dia dos funcionários, etc. E mesmo aqueles eventos que faziam parte do currículo foram "otimizados", feitos de maneira mais simples e mais fáceis para crianças assimilarem sem dar tanto trabalho para os profissionais envolvidos.


E passamos a aplicar isto até no Ensino Médio com sucesso.

É hora de conversar assuntos sérios

Pensar mais, discutir mais, dar tempo para, antes de tomar decisões. Reuniões regulares são um procedimento adotado em todo o mundo porque funciona. Mais pessoas participam da tomada da decisão, consequentemente mais assumem responsabilidades compartilhadas de fazer acontecer. Inclusive, criam olhares mais críticos, aprendendo a “ver” problemas e já “imaginar ou estudar possíveis soluções”.

Em assuntos mais urgentes, sempre que possível, se expõe o problema num horário, deixa-se em pé o assunto para colher as ideias no próximo horário. Reuniões ultra rápidas, cheias de achismo momentâneo, sem tempo para pesquisar todos os fatos e literatura ou internet, só pode levar ao arrependimento e desastre. Há coisas que não se pode sair resolvendo na hora, para ver “se” vai dar certo ou não depois. 


Parece contraditório, mas precisou-se conversar mais em menos tempo, todavia, com mais qualidade e objetividade. Por isto a necessidade de fundamentação em que se basear decisões e o monitoramento na resolução para que os mesmos problemas não ficassem se repetindo, como acontecia no passado.


Mas não dava para ficar fazendo reuniões o tempo todo. A questão era que alguns problemas se arrastavam ou ficavam nas costas da direção corrigi-los. Muitas vezes eram meras repetições de problemas recorrentes que nunca eram de fato "resolvidos". Um dia teria que se parar e resolver de maneira eficaz. "Bugou, reinicia". Surgia a Nova Escola, do zero.


Reuniões com qualidade têm professores preparados antecipadamente

Toda pauta de qualquer reunião deve passar por todos os que participarem dela alguns dias antes para que sugiram pontos novos ou contribuam com pontos de vista, bem estudados antes, sobre assuntos já constantes dela. gora, profissionais cobram isto para poder se preparar com ideias dinâmicas e executáveis. 

Quando isto não acontecia, os participantes ficavam alienados antes, durante e depois da reunião. Mas o mais grave ainda é que durante a reunião participantes contribuíam com "achismo" que na hora parecia ser lógico mas que mostravam ser desastrosos uma vez que não se prepararam adequadamente.



O que é o Brain Storm?
Escreve-se problema num papel grande e deixa “o tempo necessário” para que pessoas escrevam ideias ao seu redor para serem mais tarde avaliadas e executadas, a melhor delas ou a soma delas."

De repente o problema aparecia, ou não era tão de repente!

Profissionais escolares tiram tempo para “observar seus alunos", observando cada detalhe, mas não saem corrigindo, anotam num caderno, preparam-se para conversar com base, com tempo. São bons observadores. Observam bulling, observam a menina que não larga do menino, observam quem é líder do mal e sempre se safa, quem é só seguidor e que é pego sempre, quem tem problemas em casa e está cabisbaixo, quem está sendo rejeitado, qual a professora encarna e rotula aluno e fala para outros na sala de professores, quem gosta de abraçar, quem está carente.
Aprendemos que, sempre que possível, devíamos ajudar nossos pupilos a resolverem eles mesmos seus problemas, então não saímos mais resolvendo os problemas deles para eles, só damos algumas dicas antes..
          
Leia: EDUQUE COM EDUCAÇÃO


Mais eficácia, menos eficiência

-"Ah, mas você não imagina a correria que é na escola,  se não resolver na hora, se não der um grito, se não mandar para a diretoria, a coisa desanda". Ouvíamos muito isto.

Aqui está a diferença entre eficiência e eficácia, entre passado e futuro.

Eficiência– saía corrigindo, dando bronca, resolvendo na hora, outro dia acontecia outra vez, ano inteiro a história se repetia.

Eficácia– fica em silêncio, prepara fala, literatura se preciso, prepara ocasião formal, absorve pontos de vista  de outros profissionais sobre o assunto, não critica todos por causa de alguns (esta turma hoje está impossível), ensina e educa. Pode se usar até projetos, teatro, vídeos para "educar". Fala uma vez, repete alguns dias depois (não muitos dias depois). Tantas vezes até que assunto se resolva. A coisa mudou, devagar, mas mudou.

  Parecia que 'toda vez' que tinha um evento na escola, os profissionais tinham que ficar dando sermão, cutucando bagunceiros, mandando parar de falar, ameaçando, "vocês não aprendem, tem alguns aqui que não entenderam, vão ter uma conversa mais de perto depois, será que vou ter que chamar os pais". Uma ocasião de alegria virava uma sucessão interminável de broncas.  


"Casos de indisciplina que possam ser solucionados pelo próprio professor, devem ser evitados de serem levados à Equipe Pedagógica sob o risco do professor perder sua autoridade. Somente casos relevantes, devem ser encaminhados . . .

Já dizia a "Sanções Disciplinares e Legislação".

Precisava-se de conversas mais positivas e frequentes, estratégias boas, métodos coletivos para que todos falassem a mesma língua.

Quando professores conseguiram ter domínio de sí mesmos, da turma, ensinando as crianças a falar baixo, serem leves e generosas, as crianças não foram mais levadas para diretoria. Quando entenderam que não precisavam mandar para que o aluno obedecesse, mas pedir educadamente. Quando passaram a ter conversas mais frequentes com alunos sobre boa educação, ouvindo inclusive o que os próprios alunos achavam de quando o professor era grosseiro ou cobrava sem levar em conta a condição de cada um, os alunos passaram a admirar seus mestres e isto facilitou as vidas de todos. 

Estas crianças se desenvolveram com o apoio de professores amistosos e quando chegaram na adolescência, continuavam gênios. Os professores foram amigavelmente deixando as responsabilidades de cada um recair sobre eles mesmos, e estes, os alunos, passaram a participar junto com professor em preparar a aula, chegando a decidir qual conteúdo era melhor para eles naquele momento. O professor que antes "enfiava goela abaixo", passou a compartilhar a aula, e até o ensinar. Alunos entenderam que ao escolher junto com professor o conteúdo da aula, passaram a ficar satisfeitos e felizes de estar na aula e participavam cada vez mais.


A genialidade acompanha os alunos 
 A genialidade, a criatividade que outrora era das crianças, mas que sumia na adolescência uma vez que a escola destruía as mesmas, restringindo e entregando pronto os conteúdos, agora voltaram. Os gênios precisam alargar, brilhar, aumentar seu leque de conteúdo em direção a seus talentos e a escola fazia o contrário, desconsiderava as genialidades para impor um conteúdo que achava que todos igualmente deviam assimilar. Agora, nossos adolescentes podem tentar, inventar novos rumos para si mesmos, sem aqueles gessos, sem as amarras antigas impostas pelas escolas e por teóricos com restrições de conhecimentos. (Veja o vídeo: A Escola Mata a Criatividade)  

Como desde cedo na vida estes pequenos gênios já davam fortes indícios de quais áreas tinham mais facilidades, como foram dadas liberdades de trabalharem mais nestas áreas, continuaram motivados em seus recintos escolares, entusiasmados por estudar e fazer conteúdos de seu gosto, com liberdades de ampliar seus rumos especialmente aqueles saberes que mais expressavam em seus interiores os seus talentos.
Quando alunos enxergavam novas possibilidades, foi lhes não só permitido pensar, mas com apoio, companhia e até assessoria dos professores, se aprofundar, e produzir as ideias incríveis que jaziam dormentes pelas mortalhas de velhas escolas autoritárias. 

Suicídio de adolescente, nunca mais

Problemas seríssimos como tentativas de suicídios foram facilmente resolvidos. Profissionais entenderam que sendo mais observadores e amorosos, mais gentis com alunos, conversando mais e especialmente ouvindo mais as dificuldades dos alunos, em vez de achar que sabiam de tudo e só cobrar sem levar em conta o sentimento do aluno, os mesmos passaram a abrir seus corações para aconselhamento amistoso dos mestres.

Assim problemas domésticos dos alunos, problemas românticos ou familiares e mesmo problemas com seus "eu" internos puderam ser vislumbrados por profissionais, seja nas oficinas na área de humanas, seja por queridos mestres que dedicaram um momento particular para seus pupilos.


A Na escola do futuro, os profissionais são grandemente recompensados pela sua disposição de ouvir o aluno. Grandes experiências começaram a surgir conforme crianças, libertas dos grilhões da "fábrica-escola" de Foucalt, mostram seus potenciais maravilhosos de criação, inovação, produção de ideias e construção do conhecimento.    


Obeserve mais, mantenha a calma

Quando notarmos que sala está barulhenta, ou nos corredores tem muita agitação, tire um tempinho e fique olhando, isto será preventivo. Hoje, quando vemos alguma atitude reprovável, não saímos mais gritando e corrigindo.
Esperamos, observamos, obtemos os fatos e depois calmamente e com certeza de todos os fatos chamamos só aquela criança, raciocinamos com a criança, dizemos que a observamos e lhes é explicado como deve ser seu comportamento (sem elevar a voz, sem ameaçar de chamar pais, polícia, ou CT); também, eliminamos o senão (ameaça), dizemos simplesmente para a criança parar, raciocinamos o porquê, e só. 

A criança se sente segura de ter adulto observando, não acoada, nem ameaçada. Ela não deve pensar que se um adulto não estiver vendo ela pode aprontar, mas ela deve sentir que na escola 'ela é' observada com carinho.


Considere ler um resumo do livro  "VIGIAR E PUNIR" de MICHEL FOUCALT.



O professor conhece as regras?

Achávamos que conhecíamos todas as regras e cobrávamos dos alunos.
Mas muitos de nós nem haviam lido o regimento de nossa escola!
Nem sabíamos discernir quais regras eram de moral, ou de ética ou do cotidiano.
Muito menos sabíamos a maneira de lidar com cada um dos tipos diferentes de regras!  

- "Ah, mas tem alguns casos mais complexos de indisciplina". 
"Os educadores constatam, angustiados, que as brigas estão sendo resolvidas de forma cada vez mais violenta, mas sentem-se despreparados para realizarem intervenções diferentes de conter, punir, acusar, censurar, ameaçar, excluir, ou mesmo ignorar... Assim, acabam por educar moralmente agindo de maneira intuitiva e improvisada, pautando suas intervenções principalmente no senso comum." (CONSTRUINDO A AUTONOMIA
MORAL NA ESCOLA - Telma Vinha)


Mas isto foi resolvido quando passamos, primeiro a aprender com especialistas como a doutora Telma Vinha de como fazer distinção correta dos tipos de regras escolares, depois por chamar os pais e junto com a comunidade escolar criar o regimente personalizado de cada uma de nossas escolas, através do Conselho Escolar, não da prefeitura ou de agentes externos.  

Normalmente os Regimentos Escolares deixam bem claro:


DO CORPO DISCENTE


 DOS DEVERES

 - Manter atitudes de respeito e atenção para com os membros da Direção, Coordenadores, Professores, Funcionários e colegas;

DOS DIREITOS

 - Ser tratado com respeito e atenção pela Direção, Coordenadores, Professores e Funcionários do Estabelecimento;
 - Dialogar com a Direção, Coordenadores, Professores e Funcionários, expondo opiniões a respeito de quaisquer assuntos; (http://www.unidep.com.br/regimento_53.html)

Depois disto, todo Regimento deve ter cláusulas sobre indisciplina e como cuidar desta. (Gestão Escolar Deliberação 16/99 CE)   



As diferenças entre moral, ética e do cotidiano passaram a ser bem claras na mente do professor. Se quiser saber mais de como são estas diferenças, leia "CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL NA ESCOLA da Telma Vinha.

Ela considera os tipos de regras e as implicações de cada. Começa na elaboração do regimento. Qual o "princípio" que sustenta cada regra? Ou seja, qual o "porquê" de cada regra?
Você vai notar que "encontra-se comumente nas escolas a imposição de regras tolas e desnecessárias. . . algumas " . . . embasadas na mera obediência à autoridade". 
A escola agitada, com professores estressados, normalmente têm como a causa desta agitação, não "crianças sem limites", mas o excesso de regras, assim como a mistura de todas sem críterios quanto a necessidade e a punição correspondente.

Leia também: "Considerações sobre as regras existentes nas classes democráticas e autocráticas".

Se quiser pode também assistir o vídeo:  MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA


Também havia o excesso de regras 
Dependendo do dia, a professora não estava em seus melhores dias, o aluno não podia olhar para o lado que recebia uma bronca. Assim, diminuir a quantidade de regras e montar um grupo de ação para resolver faltas mais graves, facilitou em muito a vida de todos na escola.
Ainda havia aqueles professores e professoras que já chegavam irritados. Enquanto um professor calmo, tranquilo, administrava uma aula prazerosa com a colaboração de todos, aquele professor que o precedia chegava irritado, sempre tinha aquela mesma turma inquieta e comentava com outros que sua turma era indisciplinada. Mas ele não consegue vislumbrar as causas disto. O grupo, com visões externas pode fornecer aconselhamento equilibrado e gentil a este professor, e mudar a vida desta turma.

“Na classe autocrática, as regras existentes e que eram impostas pela professora visavam ao bom comportamento e ao controle. Em nome da disciplina, da “aprendizagem” ou do bom andamento dos trabalhos eram tomadas determinadas medidas autoritárias e impostas regras abusivas, como, por exemplo, querer que as crianças ficassem sentadas em silêncio após concluírem suas atividades ou ainda fixar um horário antes e depois do recreio para irem ao banheiro e beberem água. Outros exemplos de normas abusivas: as crianças não deviam conversar ou somente deviam fazê-lo quando solicitado pela professora; ficar sentado todo o tempo de duração das aulas; não ficar se movimentando pela sala; estar sempre atento; não ficar fazendo outra coisa que não seja aquilo que a professora tenha mandado, etc. As normas não precisavam ser compreendidas, mas obedecidas. Não eram necessários bons argumentos que justificassem a necessidade das regras; bastava a demanda da professora, que reforçava a submissão e a obediência acrítica.

Para manter a obediência, conseguir o silêncio e o bom comportamento, a professora valia-se de ameaças e sanções expiatórias, como, por exemplo, deixar as crianças sem o recreio ou retirar a educação física, realizar cópias, encaminhá-las para a diretoria ou contar aos pais. . .”
Observou-se nessa classe, como em inúmeras outras classes de outras escolas, a necessidade de um controle demasiado por parte da professora, que demonstrava querer legislar sobre quase tudo. Os educadores pretendem determinar como os alunos devem se vestir. . . como devem se comportar. . . e como usar os materiais. Ficam atentos às menores “transgressões”, considerando quase tudo como “desrespeito” à figura do professor: . . . De forma contraditória, tentam ser rigorosos com os alunos, mas são bastante condescendentes consigo próprios,tanto em relação ao exemplo que dão, quanto em relação ao seu comportamento quando estão no papel de alunos ao fazerem cursos…
Muitos professores e pais brigam com suas crianças, obrigando-as a cumprir essas regras absurdas, sem ao menos pararem para refletir se elas são de fato necessárias para ordenar
as relações ou para o processo de aprendizagem, e se são justas e respeitosas.”

(Considerações Sobre As Regras Existentes Nas Classes Democráticas E Autocráticas – 2006 –Telma P Vinha e Luciene Regina Paulino Tognetta)

Mas como mensurar que regras serão apropriadas para tipos de ações que correspondam bem a cada situação? Procure por artigos de Telma Vinha na internet. Seus artigos estão em UNICAMP.



Um deles é o “CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL DNA ESCOLA”, onde é considerado como avaliar "regras tolas e desnecessárias".
". . .a resolução rápida desses conflitos. Educadores transferem o problemas para a família ou especialista; dão as soluções prontas; utilizam mecanismos de contenção e punições; incentivam a delação; culpabilizam; admoestam, associam a obediência à regra ao temor da autoridade, ao medo da punição, da cesura e da perda do afeto."


 Como elaborar estas regras? Quem elabora? Quais princípios estão por trás das regras? Como são aplicadas as regras? Sabem os adultos diferenciar os tipos das regras, em que momento aplica cada tipo e como? E os alunos, sabem também?

Toda escola deveria ter imprimido em papel estas matérias, e sempre considerar em suas reuniões. É um texto de fraseologia simples e de fácil entendimento, mas muito profundo e prático para a vida escolar. 

Exemplo e modelo 
"Nós precisamos, como educadores, ter uma postura extremamente exemplar. Somos modelos e sabemos que, nesse período pré-operatório, a criança aprende muito por imitação, que é inconsciente. O modelo tem que ser exemplar porque a criança não vai aprender o que é falado, mas com os atos de quem fala. Por isso, é fundamental que haja coerência no modo de agir e coerência no discurso.
Para a criança aprender o respeito, tem que viver em um ambiente de respeito. Para aprender a falar baixo, é preciso que se fale baixo com ela. Se as crianças utilizam uniforme, os professores têm de usar também. Se o professor quer que as crianças, por exemplo, respeitem uma fila, tem que respeitar também e, na hora da merenda, entrar na fila, e se quer que eles falem a verdade, tem que ser sincero.
O modelo tem que ser exemplar e isso é fundamental. A criança não vai seguir as mensagens passadas verbalmente, oralmente. Ela vai seguir o comportamento. Por isso a postura tem que ser muito exemplar." (O Educador e a Moralidade Infantil - Telma Vinha - UNICAMP)

 
A agitação é normal em crianças
Hoje em dia, os professores entram em suas salas de maneira calma, e amistosa. Estão alegres e passam este bem estar para seus alunos. Se achar que se perde tempo assim, pense em como fica se ficam agitados durante a aula inteira apesar dos clamores do professor, como era no passado.
Também, treina-se as crianças sobre problemas recorrentes, por exemplo, como lidar com a fofoca. Acha que quando uma criança vem fofocar a melhor maneira é criticá-la momentaneamente e dar uma bronca – isto não funciona!! Eficiência talvez, mas eficácia. . .
Muitas escolas adotaram sinais, cores, formas, para sinalizar momentos de silencio, de conversar, etc.

Leia também: 

Crianças saudáveis fazem barulho
Em algumas escolas, a hora da campainha, era hora de gritar e correr, especialmente na última aula.

Tem como deixar mais baixa e tempo mais longo? É possível usar musica em vez de som estridente?
Professores, alguns minutos antes, orientam alunos a saírem calmamente até se tornar padrão, fazem isto até que se acostumam.                 

- “A gente falava mais não funcionava, quando ouvíam a companhia saíam correndo e gritando”. 

A professora solta os alunos minutos antes, calma e silenciosamente. Não adianta deixar “tudo solto”, menos ainda exigir silêncio de crianças saudáveis – precisa-se dosar a quantidade de barulho permitida. Também não adianta a professora ficar gritando exasperada, exigindo silêncio. Se um professor(a) exige muito, outro deixa solto, é desastre na certa.

Qual é preocupação de nossa escola com a criança?

Se professores têm controle, as crianças não se ferem. Os conflitos aconteciam porque as crianças ficavam se pegando, se encostando, se derrubando, o tempo todo. Daí a diretora não sabia o que tinha acontecido, punia a criança errada; a que chorava mais era menos punida, a que argumenta melhor era menos punida. Aquela que era pega batendo era punida, a criança esperta batia escondido, não era punida.

Domínio a custa de berros é antieducacional, prejudica a próxima professora que assume a classe e tem que lidar com crianças agitadas. Ensina a criança a ser mal-educada, e ensina que se deve resolver conflitos no berro, na violência. (Que escola estranha é esta?) Pra que serve o cartaz na parede: Use palavras mágicas, por favor, desculpe. . .? 
                                                                
Leia a matéria:EDUCANDO COM BERROS - RESOLVE MESMO                                                      
Equidade é necessária
Equidade: virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos.

Havia o professor que corrigia todos como se todos fossem maus, mas apenas alguns aprontavam e, todos ouviam a bronca. Hoje, o professor se aproxima dos poucos alunos da bagunça e falam baixinho com carinho e firmeza, sem sarcasmo.

Vale a pena parar a aula um instante, corrigir amorosamente a situação com apenas os envolvidos, pois perde-se menos tempo assim do que deixar largados e depois corrigir a custa de berros.
Outra opção é não fazer nada na hora, ter uma conversa amorosa e calma com firmeza mais tarde, raciocinando, deixando a criança falar bastante, não ficar dando bronca sem parar. 

Noutra vez que criança aprontar, tentar entender o que aconteceu, se esqueceu iremos lembrá-la, se estiver com problemas iremos ajudá-la, de repente é outra criança que está levando esta a perder a calma.
Tem dias que a criança está mais calma, sonolenta; e outro dia há crianças que estão agitadas, não param quietas. Até parecem gente grande, humanos mesmo! Pelo menos nós somos assim, por que a criança não poderia ser assim também?
 
Eu via muitas vezes uma criança cutucando outra sem parar até que esta perdia a cabeça, dava um soco, iam para diretoria, levavam bronca, chamava-se a mãe, chama-se o CT, a polícia, o FBI.
Uma vez uma criança que sempre é muito calma deu uma mordida nas costas de outra criança. Esta outra que levou a mordida é conhecida por sempre incomodar as outras.                                                                                                                                                        
O Sarcasmo

Aliás, o sarcasmo era o método mais comum e contraproducente. Não ensinava nada.


Evite dizer “eu não quero” (como se a criança tivesse que fazer o que "eu quero"), “parabéns pela bagunça” (sarcasmo) ou taxar aluno (rotular).


Quem não ouviu no passado coisas assim:

- "Você não viu que sujou todo o chão? Parabéns, nota 10 para você!",
- "Isto, pisa nos papeis",
- "Vai, suja toda a roupa, é a mãe que lava mesmo".

Não era muito mais fácil aconselhar correta e amorosamente?  

Muitas vezes a direção dáva bronca, ameaçava chamar pais, dando longos e firmes sermões, a criança saia da sala de direção e quando ninguém via, saia dando risada, parecia que nada aconteceu. A bronca, o medo, não atingia o coração.

“Os chamados “sermões” não são proibidos, porém, muitas vezes são improdutivos. Uma discussão aberta sobre o ocorrido, ou ainda um filme escolhido com critério, tem um maior efeito nos jovens.

Considerando que eles estão vivendo a onipotência juvenil, é difícil acreditar que eles mudarão seus comportamentos a partir de um “sermão”, principalmente se o interlocutor for uma pessoa que represente o poder sem um elo de identificação com os alunos, por exemplo: se o sermão for dado por um professor tradicional de quem eles não gostem".(Sanções Disciplinares e Legislação)
 
Professores discordariam, ”porque os alunos são terríveis, não dá pra dá moleza não”, e continuavam assim, com alunos terríveis, estresse, broncas, garganta detonada . . .


Adrenalina corre solta

Esperamos que as crianças estejam espertas, dispostas, animadas, vivas. Mas não admitíamos que fizessem bagunça.
Queríamos que estivessem plenamente ativas e acordadas nas aulas com jogos e educação física, mas de um minuto para outro exigíamos silêncio, cada um “sentadinho” no seu lugar, porque havia mudado a disciplina.
Deixavamos-nas gritarem porque estavamos num jogo participativo e dinâmico ou porque estavam no parque, mas exigíamos enfileiramento, silêncio e ordem no minuto seguinte porque estavamos na área que antecede as salas ou na próxima aula.
Uma "transição" programada entre aulas agitadas e calmas era mister, para baixar a adrenalina! Não era tão difícil de entender.


Nos cursos com adultos ainda acontece exatamente a mesma coisa, até uma 'piadinha' do palestrante nos faz perder concentração e já falamos com nossos vizinhos de assento; se cai alguma caneta no chão todos param para ver, mas as crianças, não. . . Haveria uma insensibilidade quanto às necessidades das crianças? Os adultos poderiam estar afetados por diversos problemas familiares, de doença, mas as crianças seriam repreendidas sem a menor preocupação de saber as razões para agitação. As salas ficavam muito agitadas.


Campanha “faça a criança se sentir segura”

Um casal de professores decidiu ter um filho. A coisa mais importante da vida está diante de seus olhos. Um casamento pode se desfazer, mas o amor de mãe e pai pelos filhos é perene.
Mas acontece uma situação em que os pais precisam se ausentar e deixarão seu filho amado aos cuidados de alguém. De quem? Da avó? Da vizinha? Da amiga do casal? Que situação! Como ficará o coração da mamãe? Terá que ser alguém de muitíssima confiança, alguém conhecido e responsável.
Poucos anos mais tarde os pais enviarão seu filhinho para ficar com estranhos, longe deles por mais de quatro horas vários dias da semana. Estranhos que cuidarão do bem estar físico, emocional e ainda darão todo o ensino necessário e adequado para seu filho.
No outro lado estavam profissionais altamente qualificados que infelizmente se apegavam a um conceito muito errôneo sobre os pais: "os pais dos alunos não se preocupam com seus filhos, não se interessam, não dão educação em casa e querem que os professores deem jeito". Embora pudesse haver poucos pais com este perfil, a maioria dos pais não eram assim.
A pergunta passou a ser inversa: Como pessoas totalmente estranhas aos pais estavam cuidando destas joias, confiadas a eles meramente por serem parte dum sistema educacional confiável?
Como estavam cuidando do pequeno cidadão, no campo do ensino, do emocional, ético e moral?
Um dos maiores objetivos da Escola é este, além da ensinagem, a formação dum cidadão moral, mental e emocionalmente equilibrado.

 "De acordo com Munroe (1999), os líderes se tornam atraentes pela sua capacidade de inspirar os outros a se tornarem o melhor que podem. São pessoas capazes de atrair e tirar o melhor das outras pessoas. Por isso, a necessidade de se ter lideranças com excelência nos espaços escolares."


"Klausmeier (1977, pp. 259-260) apud Piletti (1987, p.63) afirma que sem motivação não há aprendizagem. Ele argumenta que professor e aluno podem ter todos os recursos didáticos disponíveis para um bom desempenho intelectual, mas que tudo isso será em vão se faltar a motivação. Ele enfatiza que pode ocorrer a aprendizagem, mesmo com a falta do professor, dos livros, da escola, sem uma porção de tantas outras coisas, mas se houver a motivação para elevar a autoestima dos alunos, todas essas dificuldades são transponíveis."


. . .“autoconceito é a percepção que a pessoa tem de si mesma, ao passo que a autoestima é a percepção que ela tem do seu próprio valor." 



Para Machado (1982, p.90) apud Piletti (1987, p.279), as crianças que são amadas quase sempre apresentam boa adaptação no ambiente escolar.


(A IMPORTÂNCIA DA AUTOESTIMA DO ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM - Teixeira - Rubio - Chaves - Silva)


Escute mais, dê menos sermões, era a recomendação.

As crianças qualificadas como mais "problemáticas" por professores, na verdade, são aquelas com menor autoestima.
As crianças não deveriam ter medo de adultos, sim respeito. Olhares carrancudos de adultos observando as crianças como se fossem sempre criminosos e estivessem prestes a cometer crime é imposição pelo medo.
Há de haver um esforço para, antes de um conselho, certificar-se de que realmente entendeu o que a criança quis fazer, ou quis dizer, ou a justificativa da suposta falha da criança. (Pedagogia da Escuta: o que é e como exercitá-la na Educação Infantil?)

Um aluno se encaminha após refeição antes dos demais em direção ao banheiro, um olhar sério dum adulto o repreende prontamente sem saber do que acontecia, em seguida veio a voz ríspida mandando voltar. Outro adulto que passa, não falou nada, deu um sorriso para criança, ganhou um abraço e a acompanhou carinhosamente abraçados para o lugar certo. Muitas vezes a repreensão é por uma coisa que a criança “não fez” mas que se calou em defender-se “com medo” da represália. (A Importância Da Afetividade Na Aprendizagem Dos Alunos)



A criança sempre é culpada - elas só aprontam

Havia situações parecidas, na verdade paralelas, culpava-se prontamente a criança sem saber o que aconteceu de fato. Por exemplo, aluno caiu, machucou seriamente cabeça e nariz:
- “Bem feito, mas também, você não para quieto”.
Não parar quieto é 'normal de criança saudável', e se “não parar quieto” incomoda, a culpa era do adulto de não ter interferido corretamente e amigavelmente antes.
Culpar a criança pela falta de domínio é injusto. Pra que a criança vinha á escola, senão aprender não a base do chicote, mas do raciocínio, da educação e do amor?
Na verdade a criança “é tirada” de seu lar cedo na vida, sem entender o que acontece, e estranhos passam a dar bronca e exigir coisas dela, lições, comportamento, coisas que às vezes é diferente na casa dela.

"Quando ocorrer qualquer tipo de incidente é preciso que os fatos sejam apurados, assim nada de sair fazendo pré-julgamentos, tomando partido ou ainda pior: enveredar na conversa inconsequência que o Pai traz, geralmente quando está muito nervoso, comprometendo assim a veracidade dos fatos.

No momento da apuração é preciso que os envolvidos sejam ouvidos separadamente e depois confrontados. Quando confrontados é preciso que os mesmos saibam o mal que causaram ao outro, pois desse modo facilita para que eles vejam a extensão do ato."
(Material de Apoio - Coordenador Pedagógico,Gestor escolar e Diretor - http://www.sosprofessor.com.br/blog/)

A autora e professora de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vem desenvolvendo estudos bem aprofundados sobre como lidar com conflitos na escola. Na verdade, os estudos expõem nossas maneiras de resolver conflitos como sendo arcaicos e totalmente ineficazes. Por quê? Como deveríamos proceder?

Tenha curiosidade de assistir só um video e tua vida como professor mudará muito. Estratégias bem sucedidas são expostos de maneira simples e lógica.

Ver videos da pesquisadora Telma Vinha:


1 - MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA


2 - JEAN PIAGET: VALORES E MORALIDADE




Ao dar conselhos, a primeira regra sempre foi, saiba de tudo quanto possível antes. Segunda regra, estude métodos diferentes e eficazes de aconselhar.

Terceira, dar bronca afastará o ouvinte do conselho e fará agir exatamente ao contrário, fará escondido na próxima vez se não entender a sabedoria do conselho.

Leia: ‘Pedagogia da escuta’: a escola sob uma perspectiva malaguzziana



Programa “Seja um Educador Completo”

Entender o que significa ensinar e educar é fundamental.
Ensinar é passar conhecimento. Educar é ajudar o aluno a tornar parte de sua vida o aprendizado. 
Então não adianta um professor ficar falando como se estivesse ensinando. É o aluno que interioriza o conhecimento por raciocinar e chegar a conclusões. O professor só ajuda este por instigar a curiosidade e por guiar pelo caminho que chega lá.

Educar não é dar sermões. A educação acontece à partir do interior do aluno ao passo que ele repete em sua vida o que já sabe, o que já aprendeu. "Educado" na verdade significa "acostumado" à pratica do saber. A pessoa repetiu tanto um saber que lhes é fácil fazer mesmo sem pensar como alguém que aprende a dirigir automovel não precisa raciocinar mais porque seu cérebro faz sem perceber de tantas vezes que fêz.
 
Eu fui ensinado que "ao sinal vermelho pare", mas não paro. O guarda de transito e a multa terão o papel de me educar.
Usar todos os momentos para “educar” verdadeiramente é fundamental. Exemplo, O xadrez serve para criança desenvolver estratégias para resolução de problemas. Que problemas? Na vida. Mas o que professor poderia estar fazendo era simplesmente ensinando aluno a “jogar xadrez”, nada mais.
Professora que ensina português, ou qualquer outra disciplina, está ela preparando aluno para inteligentemente usar estratégias para vida?

“O educador não pode ser aquele que fala horas a fio a seus alunos, mas aquele que estabelece uma relação e um diálogo intimo com ele, bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa capacidade de gerar ideias e colocá-las ao serviço de sua própria vida”.

SALTINI, Cláudio J.P. Afetividade e Inteligência. Rio de Janeiro: Wak, 2008 pag 69.

Vincule a aula com a vida real

Depois da aula, aluno se confronta com um problema, a professora berra com ele, demonstrando que ela própria não sabe como desenvolver estratégias inteligentes para lidar com situações da vida profissional, inclusive com crianças!
Acreditava-se que era impossível de aplicar hoje, porque as crianças haviam mudado. Mas as crianças são o que sempre foram, cheios de energia.

Professores falavam o tempo todo, inclusive nas broncas, de ser bem educado, respeitar outros, etc. Mas o que faziam quando surgia de fato situações em que se poderiam exercitar isto? Por exemplo quando surgia uma disputa entre dois alunos, a professora intervinha dando bronca, muitas vezes sem respeito e sem saber exatamente o que aconteceu. Esta era a hora para deixá-los resolver sozinhos, ou antes orientá-los e depois deixá-los resolver. Mas o exemplo de se conter, ser amistosa e amigável, embora firme, que daria às crianças o modelo para seguir.
Quando aluno não fazia lição, não vinha uniformizado, não trazia todo material, etc, era um caos, estresses e broncas.
Hoje, ajuda-se o aluno a raciocinar, deixá-lo entender por ele mesmo e assim criar responsabilidade. Alunos atingem a madureza com pessoas maduras para darem o exemplo. Criança sempre precisaram da orientação correta, não de gritos, carrancas, desprezo, humilhação, etc.

- "Mas já foi conversado várias vezes, ele não aprende!"

Com a bronca em voz alta, ele aprenderá? Não, mas o professor se estressava!


Outros professores não achavam nenhuma criança responsável. Em muitas escolas tinha e têm até hoje um aluno monitor de referência em cada sala que pode ser mudado por semana para criar responsabilidade neste em manter a sala em silêncio.



 

O passado já era sábio em suas orientações
 “Para formar o jovem idealizado (autônomo, solidário e competente) a prática pedagógica dos educadores deve ser modificada de modo que o jovem seja tratado como fonte de iniciativa desenvolvendo a capacidade de agir, não sendo passivo no processo pedagógico; como fonte de liberdade porque a ele devem ser oferecidos cursos alternativos para aprender e avaliar e tomar decisões e fonte de compromisso, porque deverá aprender a responder pelos seus atos, sendo consequente nas suas ações.

Nesse período da vida, o jovem procura e experimenta oportunidades de criação de espaços, de participar e de ser ouvido dentro e fora da esfera escolar, é mais do que importante garantir que tenham acompanhamento e orientação pelos educadores. Para que isso ocorra, é necessário que o ambiente escolar seja cuidadosamente pensado de modo permitir a o educando conquistar a autoconfiança, autodeterminação, autoestima, autonomia, capacidade de planejamento, altruísmo, perseverança, elementos imprescindíveis no desenvolvimento de suas habilidades e competências na conquista de sua identidade pessoal e social.


E esse empenho consequente conduz os alunos a patamares superiores em termos de autonomia, conferindo-lhes melhores condições para lidar com as diversas alternativas no enfrentamento e resolução de problemas que os desafiam. Nesta prática, os jovens têm a possibilidade de exercer a sua capacidade de liderança a serviço do desenvolvimento de sua turma, servindo de exemplo e referência para os seus colegas, inspirando-os e contribuindo para a mudança de suas posturas, apoiando-os e contribuindo para a mudança de suas posturas, apoiando-os no envolvimento das soluções que dizem respeito a tudo aquilo pelo qual ele desenvolve uma atitude de não indiferença seja em relação à escolar, à sua comunidade, às pessoas etc.


O ‘produto’ do trabalho do professor não é a aula, mas sim a aprendizagem do aluno. Quando não acreditamos nisso é possível conceber que o ‘professor ensine’, ‘sem que o aluno aprenda’. Uma avaliação realizada de forma articulada a essa concepção, possibilita ao professor redirecionar suas estratégias e procedimentos para atender necessidades específicas de seus alunos."

http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/342.pdf


“Estão vendo este meu cachorro? O nome dele é Dog, e eu o ensinei a falar!” “Ensinar eu ensinei, só que ele não aprendeu”. "Não ensino meus alunos. Crio a condição para que aprendam" - se faz oportuno Alberto Einstein." (Foco na aprendizagem e não na ensinagem)



Autoridade com tranquilidade


- “Mas já foi conversado várias vezes com aluno”. 

Mire no exemplo do juiz, ele tem autoridade para aplicar sanções e disciplina. Como fazem os juízes? Levantam da cadeira e esbravejam, dão bronca, gritam, xingam, ameaçam? Pelo contrário, falam baixo, mandam prender, pronunciam condenação, etc. Pais e professores também têm autoridade. Na verdade o esbravejar não melhora em nada a situação.


O professor do futuro

Eu separei mais de vinte livros sobre afetividade na educação. Existem centenas de filmes, documentários, palestras, etc.
Para se aconselhar alguém, precisa-se mostrar artigos especializados, filmes, livros. Argumentação precisa transcender nosso raciocínio, traspassar o achismo de cada um, precisa ter base sólida e clara, de maneira que quem precisa mudar não fique se justificando, entenda que tá errado e que tem que mudar. No caso de professores, a vida de alunos está em jogo.
Na questão dos berros, podemos separar mais de cem artigos na internet que mostram que é errado e suas consequências para o resto da vida das crianças. Existe algum artigo que prove o contrário?
Veja lista de artigos no final do texto: “Educando com Berros – Resolve Mesmo"

Precisavamos ler mais, sem ficar esperando as “capacitações” esporádicas.


Se quisermos que “todos” aprendam a dançar igualmente, que gostem da dança igualmente, e que tirem boas avaliações, cairemos frustrados, isto “nunca” vai acontecer.


Por isto, hoje em dia, em escolas experientes com oficinas, vemos crianças de diversas idades numa oficina. É ruim, você que está ainda no passado, pensou. Na verdade, é excelente, porque alunos maiores ajudam a professora por darem o exemplo uma vez que aprenderam mais rápido, podem até ajudar a professora a ensinar, e, enquanto ocupados, não incomodam, mas aprendem melhor uma vez que participam em ensinar. Alunos maiores que ajudam na oficina, ajudarão depois na hora do recreio, mesmo depois de saírem da escola, defenderão os menores porque desenvolveram senso de responsabilidade e de proteção aos menores. Em vez de ficarem fofocando, participarão da solução. As professoras ficaram mais satisfeitas, porque em vez de ficar dando bronca o tempo todo aos alunos sem motivação porque não gostam daquela disciplina, terão só alunos que tem prazer na disciplina.

Não existe mais aluno preguiçoso, existiam aulas sem motivação, existiam professores que não estimulavam, que não descobriam primeiro os interesses de cada aluno para usar este interesse didaticamente.

Mesmo assim, depois de cada um se colocar em oficinas que mais interessam, sobrará alguns. Entra em cena o papel de incentivo, explicação clara do que é cada oficina, motivação. Pensa num aluno desinteressado que não quer ficar na aula. “Você não se manda, vai ter que ficar lá e pronto”, é desmotivador. Mas se mostrar calmamente e usando o raciocínio lógico os benefícios, põem-se no coração o desejo de estar naquela oficina. Nada obrigado é prazeroso.

Começe assistindo este vídeo: "A ESCOLA DO FUTURO"



Referências: Videos



"MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA - TELMA VINHA"




"Práticasde sucesso na resolução de conflitos - Telma Vinha"


Série: UNIVESP - D-26 - Princípios Gerais de Administração Escolar



Série: Afetividade na Educação

Conhecer e Aprender | Afetividade na Educação | Parte 1
Conhecer e Aprender | Afetividade na Educação | Parte 2
https://www.youtube.com/watch?v=wV8Z0peLGjs

Rubem Alves - A Escola Ideal - o papel do professor


O Que A Escola Deveria Aprender Antes De Ensinar?

Como Lidar com a Indisciplina? - 'Workshop do Educador'

A importância do vínculo afetivo entre professor e aluno


Referências: sites

Estes são identificados junto ao texto
http://www.sosprofessor.com.br/blog/  -Site feito por professores para professores

Pedagogia Waldorf

INSTITUTE RUTH SALLES

Referências: livros

Veja a lista no final do artigo 
EDUCANDOCOM BERROS - RESOLVE MESMO



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J á na infância, acabamos descobrindo que não existe Papai Noel. Depois descobrimos que Jes...