Como seria bom se todos que trabalham em uma escola, assim como pais e alunos pudessem sentar, conversar e assim juntar sugestões do que fazer para melhorar a escola. Assuntos como situação do prédio, participação dos pais, relacionamentos entre diretor, funcionários, professores e pais, e até o desenvolvimento e aproveitamento dos alunos.
Isto existe e chama-se "Análise dos Critérios de Eficácia Escolar". (link para baixar documento, http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/matriz_instrumentos.pdf
O que é e como funciona
É um tipo de questionário que envolve todos os setores duma escola, com o objetivo de se saber como está cada setor, quais possíveis causas de falhas e especialmente que ações serão tomadas nos anos a frente para corrigir, começando com as mais graves.
O primeiro passo acontece antes de se reunirem.
"O Grupo de Sistematização deve definir quem estará envolvido na análise e em quais áreas. A análise dos critérios deve envolver as pessoas que mais diretamente estejam ligadas ao assunto que será analisado".
Pode se solicitar que grupos de pessoas estudem antes o conteúdo do formulários bem antecipadamente, que façam observações e sugestões. Por exemplo, pode ser feito uma passeio pelo prédio para ver a situação real do mesmo.
O formulário contém 174 questões diferentes de avaliação divididas em sete setores principais. Cada setor está dividido em subsetores.
Veja os sete tópicos: Ensino e Aprendizagem, Clima Escolar, Pais e Comunidade, Gestão de Pessoas, Gestão de Processos, Infra Estrutura e Resultados de Desempenho da Escola.
Fazendo a "análise"
Depois que de todos os envolvidos tiverem tempo de investigar em dias anteriores, o formulário e a situação real da escola, sentam para preencher o formulário. Como é feito?
É rápido. Basta dar uma nota de 1 até 5 da situação de cada um dos 174 itens. Não precisa debater e gastar tempo nesta fase.
Importante lembrar que todos os itens exigem uma evidência da situação, que deve ser documentos e não apenas o que acham os que ali estão.
A parte mais importante
A próxima Ficha é o 'Resumo dos Critérios'. Nesta vamos resumir todas as notas obtidas no formulários, escolher as piores notas.
Para cada critério dos sete, listar no máximo três requisitos e para cada requisito no máximo duas características.
Sim porque a escola atacará incisivamente as três falhas mais graves da escola de cada setor.
As fichas com soluções
As próximas fichas contém as possíveis causas de cada uma da falhas escolhidas anteriormente e dai então . . .
As ações concretas a serem tomadas.
Também tem a ficha com projeções de recursos para próximos dois anos, o Plano Estratégico com Objetivos e Metas com definição de Ação, data de início e conclusão, Responsável, custos e resultados.
Uma das mais importantes ferramentas para se alcançar a qualidade na educação
Veja o que relatou a Escola Municipal Alto da Boa Vista II sobre o assunto:
"Esta avaliação diagnostica constitui parte integrante do Projeto Político Pedagógico da escola. Trata-se de uma avaliação qualitativa voltada para o aperfeiçoamento da escola, isto é, correção dos desvios, redirecionamento de rumos, reordenação de competências e valores, no decorrer dos trabalhos pedagógicos e administrativos definidos. Trata-se de um processo dinâmico, continuado e nunca acabado, pois sempre iremos procurar melhorar e diversificar seu desenvolvimento, inovando cada vez, buscando seu melhor desempenho e eficácia".
"Sabe-se que o ato de avaliar deve pressupor uma tomada de decisão, pois a avaliação não tem fim em si mesmo; ninguém avalia por avaliar, e sim para agir sobre seus resultados".
"Embora ela seja um tema complexo e profundo, que desperta muitas emoções e pouca coragem para enfrentá-la precisa ser desmistificada e entendida por toda a equipe da escola, para que possa proporcionar a melhoria da qualidade do ensino".
"O ato de avaliar tem sido utilizado como forma de classificação e não como meio de diagnóstico, sendo que isto é péssimo para a prática pedagógica. A avaliação deveria ser um momento de “fôlego”, uma pausa para pensar a prática e retornar a ela, como um meio de julgar a prática".
". . .devemos estar abertos para observar o acontecimento como acontecimento e não como erro. O erro não deve ser fonte de castigo, mas sim um suporte para sua compreensão, retirando dele os mais significativos benefícios".
"Porém, o que predomina ainda hoje é a avaliação como instrumento do “medo” (controle social), gerando inseguranças e uma exacerbada submissão. A aprendizagem neste contexto deixa de ser algo prazeroso e solidário, passando a ser um processo solitário e desmotivador" . . .
"com a avaliação das ações iremos diagnosticar quais as ações que estão dando bons resultados e as que forem preciso reformular, para que atinja seus objetivos e metas. Propiciando assim um trabalho coletividade, envolvendo toda a comunidade escolar, em prol de uma educação de qualidade".
Como fizeram na prática
"É um projeto elaborado de forma participativa e colaborativa, originado no seio da coletividade docente, funcionários, alunos e pais, que dá uma identidade à instituição educacional. O gestor escolar ao liderar a organização do processo de monitoramento e avaliação deve fazê-lo de forma organizada e sistemática e segundo os princípios da pesquisa científica, de modo a garantir a correção e propriedade dos dados coletados e a realização de analise e interpretações confiáveis".
"Está avaliação das ações do PPP vem ao encontro denossos anseios buscamos instituições serias compromissadas e cada vez mais transparentes na sua linha de trabalho, em que a sociedade participa não só para cobrar, mas também contribuindo com a equipe de trabalho da instituição".
Mas nem tudo é tão lindo
Infelizmente nem todas as escolas seguem este modelo apresentado acima. Conheço uma escola em que foi feita a reunião pedagógica para tratar deste assunto.
Os presentes não haviam lido o formulário, estando sem saber do exato objetivo de estarem ali.
Resolveram que deveriam começar escolhendo três itens de cara para "poupar tempo".
Ao escolher tais itens, optaram por aqueles que estavam melhor. Sim optaram por aqueles que puderam dar notas 4 ou 5. Porquê?
Porque estavam preocupados em passar uma impressão boa da escola, valorizando o bem que faziam, fechando os olhos para as falhas.
Despreparados, muitos comentavam que parecia que as questões eram parecidas ou idênticas a anteriores. Que nem valeria ler novamente.
Na verdade a questão pode "parecer" igual, mas se trata de outro setor da escola.
Como demoraram tempo ao escolher o que melhor convinha, passaram dia inteiro fazendo isto. Na verdade, nesta fase, bastava dar uma nota para cada item, e se tivessem conhecimento antecipado, seria tudo muito rápido.
Resultados
Esta escola não terá metas tampouco ações que respondam ao estado real da mesma. Terá metas distorcidas e problemas mais sérios ficarão sem serem solucionados. Perdeu-se uma grande oportunidade. Mais que isto, houve uma irresponsabilidade para com a clientela, pais e alunos, que esperam no mínimo, uma escola preparada, eficaz, e preocupada com a qualidade de ensino e aprendizagem de seus alunos.
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