sexta-feira, 6 de março de 2020

BILHETES DA ESCOLA – “Pais, Tomem providências!” - série Telma Vinha - Sandra Tedeschi


Esta série de textos são reflexões da autora Sandra Cristina De Carvalho Dedeschi com a orientação da Dra Telma Pileggi Vinha e dizem respeito a resolução de diversos conflitos escolares, usando pesquisas realizadas pela equipe de educadores da UNICAMP. O texto completo está em “Bilhetes reais e/ou virtuais: uma análise construtivista da comunicação entre escola e família”.

Senhora mãe
Por favor converse com sua filha, ela não fica sentada, anda pela sala e conversa o tempo todo.
Eu peço para ela sentar ou parar de conversar e ela não quer nem saber.
Não está prestando atenção e não consegue fazer sozinha algumas atividades.
Desde já, professora.”





Foram coletados 1177 bilhetes, sendo analisados 895 e realizadas 70 entrevistas com sujeitos envolvidos no processo de comunicação. A análise do conteúdo foi realizada utilizando-se a triangulação de métodos.

Analisamos 895 bilhetes reais e virtuais em ambos os níveis do Ensino Fundamental de escola pública e particular. Dos inúmeros resultados encontrados, selecionamos alguns que consideramos mais expressivos.
Um dos que merece atenção é o predomínio de mensagens em que os conteúdos abordavam “regras convencionais” ou “conflitos”, em detrimento daqueles que visavam informar sobre “aprendizagem”.

É notória a preocupação da escola com que os alunos obedeçam às regras impostas e que as situações conflituosas sejam evitadas, demonstrando que os mecanismos empregados pelos educadores são resultantes de uma concepção tradicional que compreende os conflitos como algo negativo.



Diferentemente dessa realidade, a perspectiva adotada neste estudo vê esses problemas que ocorrem naturalmente no espaço escolar como oportunidades de aprendizagem dos alunos.

Para que ocorra o desenvolvimento é necessário que os envolvidos pensem a respeito de suas atitudes, reconheçam seus próprios sentimentos e os dos demais sujeitos, troquem pontos de vista a respeito dos fatos procurando coordenar e respeitar as ideias de todos, busquem encontrar soluções justas e equilibradas para resolver os conflitos.



Por outro lado, na escola tradicional, as regras precisam ser impostas por não serem legitimadas pelos estudantes uma vez que desconhecem seus princípios e sua real necessidade. Constatou-se também que a preocupação da escola centra-se mais fortemente nesse tipo de regras, dando menor relevância às morais.

Não raro os estudantes, assim como alguns professores, desconhecem as extensas listas de regras e proibições da escola, sendo constantemente cobrados por meio de mecanismos de coação, como censuras e advertências, para que obedeçam.






Bilhetes de responsabilização
Em síntese, ao observarmos a “responsabilização”, constatou-se que 100% dos bilhetes abordavam assuntos de responsabilidade da escola, enquanto que em 35,3% também pertenciam aos pais. Parece-nos ficar claro que os professores, muitas vezes, informavam as famílias sobre problemas cuja solução, na verdade, fazia parte de seu próprio papel.

Na concepção em que esta pesquisa se baseia, consideramos que o primeiro passo no trabalho com as atividades para casa deve ser realizado na escola, com o próprio estudante. Quando ele deixa de fazer a lição uma ou duas vezes, o educador precisa discutir com ele qual a importância de fazer as propostas enviadas e combinar uma nova data para a entrega daquelas que estão atrasadas.

Todavia, mais importante do que garantir que cumpra com a tarefa, é preciso que o educador investigue o que está acontecendo com esse aluno e as possíveis causas para não realizar as propostas para casa. Há alunos que quando voltam da escola são responsáveis por cuidar de seus irmãos enquanto a mãe trabalha, outros, ainda, ajudam no trabalho do pai, dificultando que façam os deveres escolares. A partir das causas é que as soluções possíveis devem ser pensadas e discutidas com o sujeito, como, por exemplo, combinar um período maior para que essas atividades sejam realizadas ou que possam ser entregues em partes.

Somente dessa maneira o estudante terá a oportunidade de se autorregular. Caso o acordo feito não seja cumprido, será importante contatar a família, não para lhe transferir a responsabilidade, mas para estabelecer uma parceria em que cada um dos envolvidos atue para resolver o problema. Assim, enquanto a escola cuida da aprendizagem, a família pode se envolver constantemente com a vida escolar de seus filhos e a estes cabe a disposição para fazer sua parte.




Seria bem mais simples se a solução dos problemas dos quais se queixam os professores dependesse somente dos pais estarem mais presentes na vida escolar de seus alunos, como acreditam. Tal crença acaba por promover uma ideia errônea a respeito da possível parceria com as famílias. Os profissionais esperam que os responsáveis acompanhem o desempenho do estudante em casa, principalmente garantindo que façam suas tarefas adequadamente e que as famílias sejam estruturadas de acordo com um modelo considerado favorável. Sendo a parceria compreendida como uma reunião de pessoas com um interesse em comum, como discutido no quadro teórico da presente pesquisa, não pode basear-se na terceirização das responsabilidades que cabem a cada instituição.

Assim como a intenção não era de julgar as intervenções dos pais, também não se pretende culpar a escola por possíveis incoerências entre seu discurso a respeito da relevância de uma parceria com a família e as ações utilizadas no seu cotidiano. O foco desta reflexão está no fato de que, na prática, os educadores de um modo geral também parecem seguir no sentido oposto aos objetivos a que se propõem, gerando a necessidade de buscar compreender o que faz parte de seu papel e dos responsáveis. Só depois de ter consciência do que cabe a cada instituição deverá reavaliar a finalidade da parceria com os pais de seus alunos bem como as estratégias utilizadas para manter uma relação coerente e eficaz.

Outra questão a ser considerada é que não há um único tipo de família, baseado no modelo nuclear burguês. Acredita-se também que muitas dessas dificuldades vivenciadas pelos professores se encontram no fato de que pautam suas ações nessa estrutura familiar como se fosse única, desconsiderando as mudanças da contemporaneidade.

Dessa forma, concordamos com a importância do reconhecimento e da legitimação do papel da cada uma dessas instituições educativas, no entanto, como discutido em outros momentos, é indispensável considerar também a função do aluno, principal sujeito beneficiado com o aprimoramento e o sucesso da relação.




RESUMINDO

Em síntese, os dados referentes às entrevistas apontaram que…

- ao tomarem medidas quando recebem uma comunicação, os pais demonstram legitimar as informações enviadas pelos professores como se fossem a realidade absoluta).

- bilhetes resultam em desavenças no meio familiar, como discussões, censuras, ameaças e no uso de sanções expiatórias como castigos e agressão física.


- o uso de agressão física predominou no nível I da escola pública, onde foram identificadas punições consideradas humilhantes, exageradas e abusivas.

- as conversas, às vezes, se transformam em sermões nos quais só o adulto fala, cabendo ao aluno um papel passivo.

- em ambas as instituições predominaram os castigos em que os pais retiravam algo que os filhos gostassem.


- em nenhum momento foi identificado o uso de diálogos construtivos como intervenção.

- entre os sentimentos dos alunos, quando recebem um bilhete, predominaram o medo e a tristeza.

- a maioria dos estudantes afirmava mudar de postura depois das intervenções, mas nem metade dos pais concordava que houve uma mudança.

- crianças modificavam sua postura por medo de receber um novo bilhete ou outra punição ao chegarem em casa.



- alunos, pais e professores reconhecem a reincidência dos comportamentos após as intervenções.

- professores acreditavam que alguns pais não faziam nada para auxiliar o trabalho na escola, porém diverge do encontrado.

- pais demonstravam legitimar as informações enviadas pela escola, o que não era percebido pelos professores, uma vez que continuavam as queixas a respeito da “desestrutura” familiar.

- o uso dos bilhetes era intencional, pois professores esperavam que os pais resolvessem os problemas informados de acordo com os recursos educativos que dispunham.



- a escola pode ser considerada como corresponsável pelas implicações dos bilhetes nas relações familiares.

Verificou-se, assim, uma realidade bem distante do oferecimento de um ambiente sócio moral cooperativo em que esses conflitos devem ser discutidos com o próprio sujeito e as regras elaboradas pelo próprio grupo a partir da necessidade que surge das vivências diárias.

Um segundo resultado que merece ser mais discutido é o fato de que prevalece o envio de mensagens para comunicar conflitos ocorridos “com a autoridade”.

A preocupação com a ordem e a obediência parece ser um dos motivos pelos quais há um considerável número de bilhetes informando “conflitos com a autoridade”. Como vimos, conforme ficam maiores há o aumento da cobrança por posturas esperadas pelos educadores, como prestar atenção na aula, evitar conversas paralelas, realizar prontamente as atividades e as tarefas propostas, obedecer às regras impostas, entre tantos outros comportamentos vistos pelos professores como necessários para o bom aproveitamento acadêmico.

Vale ressaltar que parece não haver preocupação semelhante com os conflitos entre os pares (conflito aluno com aluno). . .





Um terceiro ponto que destacamos diz respeito aos aspectos identificados na estrutura
dos bilhetes redigidos pelos educadores do Ensino Fundamental I.

Destacou-se que cada instituição precisa assumir suas responsabilidades, evitando a terceirização dos problemas de uma para a outra. Escola e família precisam tomar ciência de que possuem papéis e funções diferenciadas no processo educativo. Dessa forma, acredita-se que nem tudo precisa ser informado aos pais, e quando for realmente necessário compartilhar uma informação, que se tenha cautela. Muitas vezes, no auge do conflito, o professor pode escrever na agenda ou no caderno do aluno por impulso, perdendo a oportunidade de realizar uma intervenção mais construtiva.


Bilhetes respeitosos
No entanto, após a realização de um trabalho propício com o estudante, o educador deve refletir a respeito da real necessidade e o objetivo de determinado fato ser informado à família do aluno. Há a urgência de ser ponderado quando uma comunicação é realmente indispensável e como deve ser realizada. Ao ser constatado que é preciso informar algo aos pais, torna-se apropriado também comunicar as providências tomadas e os possíveis acordos feitos, esclarecendo a intenção de realmente informar a respeito do trabalho realizado pela escola. 

Ao enviar um bilhete compreende-se a importância de o professor pensar sobre o assunto e de que maneira as mensagens serão redigidas. Acredita-se que seus textos devam ser escritos usando-se uma linguagem respeitosa, objetiva e clara. Sendo assim, alertamos sobre a relevância de a estrutura apresentada nas mensagens remetidas aos pais serem alvo de reflexão por parte do professor e demais integrantes da equipe pedagógica.


Foi positivo para o aprendizado do aluno?
Verificamos ainda que a comunicação realizada pela escola não favorece que o estudante desenvolva a consciência necessária para a mudança de postura por meio da autorregulação.

O aluno, principal interessado nos conflitos (ou quem, pelo menos, deveria), na maior parte das vezes é excluído do processo de resolução geralmente adotado pelas escolas. 
A situação pode ser resumida da seguinte maneira: o problema ocorre, o professor registra e informa aos pais que devem auxiliar para que não voltem a acontecer. O que nos parece é que, quando alguma providência é tomada na escola, antecedendo o bilhete, limita-se a ações como a utilização de “conversas” que se resumem principalmente em censuras e sermões e ao uso de castigos e ameaças visando fazer com que o aluno obedeça.


Os pais repetem em casa o que não funcionou na escola

Chamou a atenção também o fato de que as informações frequentemente são legitimadas pelos familiares gerando implicações desfavoráveis na relação pais e filhos.

Conscientes de que os professores esperam que algo seja feito em casa, buscam resolver os conflitos informados por meio dos recursos de que dispõem, como as “conversas” (sermões e censuras) ou a aplicação de castigos (retirada de algo de que gostem ou punições físicas). No entanto, com o uso dessas sanções expiatórias, o filho é punido, “paga seu débito”, sentindo-se “livre” para cometer novos delitos. A utilização desses procedimentos gera uma mudança de comportamento por motivação extrínseca, que acarreta em uma modificação apenas temporária.

Pode-se dizer, contudo, que o modo de a escola lidar com os problemas envolvendo os alunos acaba por culpabilizar os pais e por afastá-los ainda mais do espaço escolar.

Recebendo constantemente queixas sobre o comportamento dos filhos, acredita-se que os pais sentem-se culpados por “falharem” na tarefa de educar e ainda por cima, precisam “aguentar o peso” das cobranças feitas pela escola. Constatou-se que muitos dos responsáveis por aqueles alunos considerados indisciplinados, por não saberem mais como lidar com os problemas de que são “informados”, acabam por se afastar ainda mais da escola.


Acredita-se ainda que um dos fatores que interferem é que há incoerência entre o modelo de família idealizado pela escola e as diversas configurações familiares da sociedade pós-moderna.

Diante das colocações anteriores, pareceu-nos que a escola pode ser considerada corresponsável pelas implicações decorrentes do envio dos bilhetes e seu impacto nas famílias.

Alguns professores que participaram do estudo reconhecem que os responsáveis recorrem a sanções expiatórias, como os castigos físicos, censuras ou outras punições. Entretanto, mesmo assim, enviam os bilhetes de forma intencional realmente esperando que os pais tomem atitudes disciplinares para auxiliar o controle e a obediência dos alunos quando retornarem ao espaço escolar. Assim, pode-se inferir que, se a escola manda bilhetes para casa mesmo sabendo que os pais usam de procedimentos coercitivos, há corresponsabilidade nas implicações domésticas causadas pelas mensagens que envia.

Tal ideia pode ser percebida pelo fato de que raramente são comunicadas atitudes positivas e constatou-se inúmeras situações em que o professor não chega a escrever o bilhete, mas ameaça fazê-lo como chantagem para que o aluno lhe obedeça.





PARCERIA FAMÍLIA - ESCOLA OU BUSCA POR CULPADOS?

Uma questão fundamental presente na interação entre essas duas instituições educativas é que a escola, de um modo geral, compreende parceria de forma errônea. Pode-se verificar que delega aos pais tarefas de sua responsabilidade agindo de forma reducionista e até equivocada. Em vez de terceirizar os conflitos para as famílias ou culpá-las pela ocorrência das desavenças, os educadores deveriam estar aptos para resolver os problemas que ocorrem nos espaços escolares sem transferir para a outra instituição o que é pertinente às suas funções.

Vale destacar, ainda, que as dificuldades que uma encontra ao realizar seu papel, não podem comprometer o desempenho das funções que cabem à outra instituição.
Para tanto, faz-se necessário ter clareza de que à família é atribuída a educação no âmbito privado, sendo particular à escola favorecer as relações mantidas no espaço público. Parece-nos que a transformação do espaço escolar não depende da família e vice versa. É indispensável que a escola se conscientize de suas funções buscando refletir frequentemente sobre seus objetivos sem despender de tempo e energia buscando por “culpados” pelas dificuldades encontradas em seu cotidiano apenas extramuros.



Posteriormente, faz-se necessário que a escola reflita: O que tem feito para orientar os
familiares a lidarem com os conflitos que informam por meio dos bilhetes ou nas reuniões?

Não estamos propondo que os pais não sejam avisados, muito menos que ao receber as
informações de seus filhos devem fazer tudo o que a escola solicitar. Considerando que “muitas vezes a cooperação quer dizer discussão e não acordo” (MENIN, 1996, p. 52), para que se possa estabelecer uma parceria pautada na cooperação, é preciso que essas duas instituições educativas dialoguem a respeito de seu interesse comum: a educação de nossas crianças e adolescentes.

Dessa forma, acreditamos ser possível que a escola se torne um ambiente mais acolhedor favorecendo relações mais amistosas e respeitosas, ao invés de promover a ideia de que pais e professores são adversários no processo educativo.


Todavia, ao término deste estudo surgem outras indagações…

Poderíamos supor que ao transferir os problemas para as famílias resolverem, a escola se exime de rever como trabalha com as regras e com os conflitos que surgem naturalmente em seu espaço?

As estratégias que os professores fazem uso, como os castigos, as ameaças de enviar
bilhetes, as censuras, não estariam contribuindo para o aumento dos mesmos problemas que tentam resolver?

É só a família que deve fazer ajustes?



Será que encontraríamos dados semelhantes em outras escolas da rede pública? E nas
particulares?

Como seria a comunicação com as famílias numa escola que ofereça um ambiente sócio moral cooperativo?Haveria diferença?

E as regras convencionais cobradas dos alunos? Como surgem? Quais os mecanismos de trabalho para sua legitimação no espaço escolar antes de ser informado aos familiares que não estão sendo cumpridas?





O que fazer então?




Veja o vídeo onde a Dra Telma Vinha explica isto pessoalmente:
MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA - TELMA VINHA 



Referências

1 - CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL NA ESCOLA: os conflitos interpessoais e a aprendizagem dos valores (VINHA, TOGNETA, 2009)

2 - BILHETES REAIS E/OU VIRTUAIS: uma análise construtivista da comunicação entre escola e família (SANDRA CRISTINA DE CARVALHO DEDESCHI, 2011)

SE A CRIANÇA TEM CONHECIMENTO DO QUE É “CORRETO”, POR QUE NÃO O FAZ? - Série Telma Vinha, Sandra Tedeschi


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SE A CRIANÇA TEM CONHECIMENTO DO QUE É “CORRETO”, POR QUE NÃO O FAZ?

Esta série de textos são reflexões da autora Sandra Cristina De Carvalho Dedeschi com a orientação da Dra Telma Pileggi Vinha e dizem respeito a resolução de diversos conflitos escolares, usando pesquisas realizadas pela equipe de educadores da UNICAMP. O texto completo está em “Bilhetes reais e/ou virtuais: uma análise construtivista da comunicação entre escola e família”.

No convívio escolar como no familiar, frequentemente os educadores se deparam com situações em que é possível constatar que as crianças e os adolescentes sabem o que deveria ser feito, mas algumas de suas ações são contrárias ao considerado certo por eles mesmos. Surge a questão: se tinham conhecimento de que era “correto”, por que não o fizeram?




Se sabe, fará! Só que não!
Piaget (1954-1994) reconheceu em seus estudos que as ações humanas eram motivadas por uma afetividade, em que destacou que esta caminha paralelamente ao desenvolvimento cognitivo. Para ele, não existem atos de inteligência sem o interesse do sujeito como seu disparador. Verificou que, apesar de a afetividade não ter poder para desenvolver as estruturas, influencia no funcionamento destas, sendo considerada como a energética da ação.

La Taille (2006; 2009) destacou a importância dessa energia afetiva para o agir moral, uma vez que saber o que deve ser feito não é garantia de que a ação desejável será realizada.


Em seus estudos, mostrou que à moral cabem as regras que devemos cumprir se relacionadas ao bem estar de si e dos outros. São elas quem determinam os deveres, isto é, que indicam o que deve ou não ser feito. Portanto, a moral faz parte da dimensão da obrigatoriedade, podendo ser traduzida na forma de uma questão: “Como devo agir?” Assim, o papel da razão torna-se indispensável para que o indivíduo conheça quais são os deveres e as regras a serem seguidos, sendo capaz de tomar decisões, de se descentrar, coordenar perspectivas, pensar por meio de hipóteses. Entretanto, só o conhecimento não é suficiente para uma realização.



Investimento afetivo, valores
Para justificar o que leva um sujeito a agir moralmente, é preciso que o conhecimento esteja revestido de afetividade, ou seja, que se torne valor. Entende-se por valor o investimento afetivo que é depositado num objeto; por exemplo, valorizar ações honestas e justas ou ter uma roupa da moda.

Assim sendo, é preciso considerar que existem valores morais (honestidade, generosidade, justiça etc.) e não morais (beleza, riqueza, poder etc.)

Segundo Adler (1935), todo ser humano, naturalmente, apresenta um sentimento de inferioridade,. . .Dessa maneira, começa a construir suas imagens de si, sendo que ao seu conjunto é dado o nome de representações de si, que são sempre investimentos afetivos.


O que outros pensarão de mim
Além de as representações serem constituídas pelas imagens originadas no juízo que o próprio indivíduo faz dele mesmo, não se pode desconsiderar o papel do julgamento alheio




Essa informação pode levar a uma situação muito presente na rotina das escolas em que um aluno, depois de ser repreendido, frequentemente na frente dos demais, considera que se sua imagem já está decaída e não adianta mais mudar seus atos.

O que normalmente acontece é que como não tem mais nada a perder, repete os comportamentos pelos quais foi repreendido muitas vezes, chegando a piorá-los.
Faz-se necessário o alerta aos educadores de um modo geral que, o conteúdo das críticas e dos elogios, ou seja, dos seus valores transmitidos por suas ações, palavras e até mesmo por um olhar, podem influenciar nessa construção das representações de si.



Conhecimento e moral, ética e afeto

Sendo assim, enquanto o plano moral é responsável pela conscientização das regras, ao ético cabe o controle dessa energia que leva à ação.



“Agora vejamos: se a moral, como um conjunto de deveres, é inspirada pela tomada de consciência, a ética é inspirada por uma energia ou o que chamamos de afetividade” (TOGNETTA, 2009, p. 23).

O olhar da escola, portanto, deverá contemplar essas duas dimensões, a cognitiva e a afetiva, compreendendo que o valor moral não está simplesmente na obediência às regras determinadas socialmente, e sim, no motivo da obediência, isto é, no princípio compreendido em cada ação (PIAGET, 1932-1994).

Concluindo

Saber não garante que alguém fará. Vai depender de quanto aquilo vale para a pessoa. A pessoa pode até ter a consciência moral de que deva seguir aquela regra.
Mas quando aquela regra tiver valor para a pessoa, ela usará de ética. Geralmente quando a pessoa entende a razão da regra (seu princípio), ela tende a querer (valor) cumprí-la.

Em muitos casos, a preocupação será de como vou ser vista por outros. Se isto se tornar valor importante para mim, cumprirei a regra.
Quanto isto vale pra mim, quanto eu construí em minha personalidade por conselhos e por experiência na vida, quanto me agrada, será o valor ou meu afeto.

Se apenas "mandar" sua criança fazer, ou obrigar sob pena de castigo, ou colocá-la no "cantinho para pensar" (pensar o quê?), ela cumprirá a regra somente em sua presença.

Se sei duma regra mas ela não tem valor para mim, não me apeguei a ela, posso até achar que é uma boa regra, uma regra justa, mas posso não fazer.
Se esta for incutida em meu coração, passo a apreciar e torna-se objeto de meu afeto, vira valor para mim, então farei com prazer.

Quer que sua criança obedeça alguma regra mesmo longe dos teus olhares?


- Ajude-a a entender o princípio (as razões por trás).

- Ajude-a a gostar, a ter prazer em cumprir.

"Para que a criança cumpra as normas é preciso que se valha de procedimentos coerentes. É necessário que o adulto associe uma norma a uma sensação de bem estar, de satisfação pessoal ao cumpri-la e também reflita com a criança sobre as conseqüências do não cumprimento da mesma, para que ela vá compreendendo a necessidade de sua existência."
"A relação da criança com o meio ambiente é fator importante no desenvolvimento da personalidade. A criança disciplinada não é aquela que foi treinada a obedecer, mas sim aquela que sabe o porquê de agir ou não de determinada maneira de acordo com a situação, pautando suas ações em valores morais,  independentemente da presença ou não do adulto."
"Assim, nenhuma atitude é definitiva ou faz com que a criança aprenda de uma vez por todas, mas, sim gradualmente, resultante de reflexão contínua, diálogo, trocas de pontos de vista, havendo assim o
amadurecimento de relações."
"O ideal é dialogar sempre, pois a troca de idéias, as argumentações que ocorrem através do diálogo, auxiliam na descentralização da criança e fazem com que ela vá percebendo os diferentes pontos de vista, ampliando seu mundo. Assim, ela vai aprendendo que toda ação provoca uma reação e que é responsável pelos seus atos."
"É preciso uma auto - avaliação constante de conduta por parte de todos e principalmente do professor que exerce influências diretas devido ao seu papel."
"Quando um professor vive com intensidade um determinado valor, este acaba sendo transmitido com força para os alunos."
"Ao contrário do que muitos pensam os valores morais não são ensinados diretamente. Não se pode ensinar a ser honesto, justo ou a respeitar o outro, com sermões, histórias ou lições de moral. A criança
constrói sua moralidade (sentimentos, crenças, juízos e valores) a partir de sua interação com as inúmeras e cotidianas experiências que tem com as pessoas e com as situações. Para se construir tais valores, ela necessita interagir com situações em que a honestidade, a justiça ou o respeito estão presentes de fato."
"A construção de um ambiente cooperativo propicia situações favoráveis para que, aos poucos, ela se auto-discipline, regulando seu próprio comportamento. Os educadores precisam analisar profundamente a contribuição que exercem mesmo sem perceber na construção das personalidades, revendo o ambiente moral no qual estão interagindo, . . ." 
"VALORES NA ESCOLA - MÁRCIA ELAINE CARLOS 2009)


Veja o vídeo onde a Dra Telma Vinha explica isto pessoalmente:
MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA - TELMA VINHA 



Referências

1 - CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL NA ESCOLA: os conflitos interpessoais e a aprendizagem dos valores (VINHA, TOGNETA, 2009)

2 - BILHETES REAIS E/OU VIRTUAIS: uma análise construtivista da comunicação entre escola e família (SANDRA CRISTINA DE CARVALHO DEDESCHI, 2011)

A CONSTRUÇÃO DE REGRAS NA ESCOLA DO FUTURO - série Telma Vinha , Sandra Tedeschi

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Esta série de textos são reflexões da autora Sandra Cristina De Carvalho Dedeschi com a orientação da Dra Telma Pileggi Vinha e dizem respeito a resolução de diversos conflitos escolares, usando pesquisas realizadas pela equipe de educadores da UNICAMP. O texto completo está em “Bilhetes reais e/ou virtuais: uma análise construtivista da comunicação entre escola e família”.




A relação educativa requer leveza, um clima bem humorado e amistoso.

Sendo as regras impostas de maneira autoritária, desde pequenos ensinamos aos alunos que devem ser obedecidas, não demonstrando a necessidade de serem compreendidas. Basta pensarmos quando muitos adultos usam de imperativos como: “Porque eu estou mandando!”. Tal expressão geralmente é dita quando eles são questionados diante de alguma ordem proferida.

Entretanto, quando é realizado um trabalho construtivista em relação às regras, aos poucos, os estudantes percebem que podem participar ativamente de sua elaboração, bem como discutir a necessidade de rever e reestruturar alguma norma quando percebido que não está atingindo a finalidade para qual foi planejada. Assim, constatando-se que são acordos estabelecidos pelo grupo, não são vistos como rígidos ou preestabelecidos pelas autoridades e sim, pertencentes a todos os seus participantes.






A princípio, as regras podem ser classificadas de duas formas distintas.

Negociáveis

A primeira delas são as “negociáveis”, que, como o nome diz, podem ser negociadas com os estudantes gerando contratos, normalmente também nomeadas pelos professores de “combinados”. Torna-se importante refletir que “combinar” não é sinônimo de impor a regra de acordo com o desejo do educador, não é induzir para que o grupo decida por aquilo que ele considera indispensável para normatizar suas aulas.

Ao contrário, negociar é discutir a necessidade da regra e qual o princípio que a sustenta, é coordenar os diferentes pontos de vista durante a discussão, refletir sobre as possíveis implicações que as atitudes podem ocasionar. Enfim, oferecer as condições para que os educandos participem ativamente de sua elaboração e de sua vivência.

Não negociáveis

A segunda forma de classificarmos as regras surge do fato que, se os princípios são básicos e servem para norteá-las, seria um equívoco achar que qualquer assunto relacionado ao comportamento poderia ser combinado.

Por exemplo, norteando-se pelo princípio de uma boa saúde, nenhum pai vai combinar se a criança quer ou não escovar os dentes e tomar banho diariamente. Compreende-se que os princípios podem ser explicados e trabalhados, mas a validade dessas normas e sua pertinência não serão discutidas.

Nem tudo será combinado com filhos e alunos, pois há regras que não são explicáveis, entretanto torna-se importante refletir sobre sua necessidade. Elas devem existir em pequena quantidade, sendo criadas quando realmente for importante colocar alguma norma que limite ações que possam causar danos ao próprio sujeito ou aos outros com os quais convive.

Não são criadas pelo grupo, mas podem ser realizadas reflexões para que compreendam sua existência. É possível oferecer uma margem de escolha, garantindo que sejam cumpridas, como quando um pai combina com seu filho se este tomará banho antes ou depois do jantar. De uma forma ou de outra, fará sua higiene corporal, porém nada impede de que participe da tomada de decisão a respeito do momento em que isso vai acontecer.


Regras morais
Podemos dizer que também existem as regras “morais”, ligadas diretamente a questões referentes às relações interpessoais.

Elas têm como função colocar os limites e ditar algumas diretrizes para o convívio equilibrado entre os indivíduos, como por exemplo, tratar as pessoas com respeito e de maneira justa.

Por essa razão, muitas vezes vamos demonstrar sua existência aos nossos alunos, por meio de afirmações como: “Não se bate nas pessoas” ou “compreendendo que você não o considera seu amigo, mas ele deve ser tratado com respeito”.

Dessa forma, desde muito cedo, terão a oportunidade de perceber que também existem normas que regulam a convivência, contribuindo para o despertar de sentimentos que farão parte de seu desenvolvimento moral, como discutimos anteriormente.



A prática escolar
Nos últimos anos, todavia, se pode dizer que houve relativa mudança em relação ao trabalho com as regras em algumas escolas. Passou a ser comum ouvirmos dos professores que ‘combinam’ as regras com seus alunos, fazendo cartazes para serem expostos nas salas de aula a fim de que todos saibam o que devem ou não fazer. No entanto, tais educadores parecem realizar essas ações sem o conhecimento e sem ter refletido sobre o papel das normas, seus princípios, inclusive, desconhecendo o desenvolvimento da criança em relação ao assunto.

Quantas vezes ouvimos relatos de que logo na primeira semana de aula as regras são “combinadas” com os alunos e cartazes são confeccionados para serem expostos na classe. Não raro, alguns deles são plastificados para que sejam aproveitados no ano seguinte, o que confirma a ideia de que elas não surgiram de acordos com os alunos e nem de uma necessidade percebida no convívio diário, e sim, impostas pela autoridade.



Mesmo quando abrem um espaço para conversar com as crianças a respeito dessas regras, os professores já têm em mente aquelas que desejam discutir com os alunos.


 
1- Assim, comumente são presenciadas formas de indução em que se percebe um grande empenho do professor para que os alunos “elaborem” determinada norma que ele julga ser a melhor para aquela situação.



2 -Outras vezes, evidencia- se uma espécie de “democratismo”, cujo poder decisório apenas é passado pelo professor ao grupo quando lhe é conveniente, ou seja, os alunos somente são chamados a “discutir” os problemas de interesse do docente, tais como indisciplina, desobediência a uma regra, a não-realização de determinadas atividades, etc.

3 -Observa-se, ainda, o espaço das assembleias sendo utilizado principalmente para legitimar regras que atendam as necessidades dos professores, que, não raro, são autoritárias e unilaterais.

4 -Por outro lado, encontram-se outras escolas em que, na prática, as normas são predeterminadas apenas pelos adultos, somente cabendo aos alunos obedecerem, concordando ou não com as mesmas.




Que estresse! 
Observou-se nessa classe, como em inúmeras outras classes de outras escolas, a necessidade de um controle demasiado por parte da professora, que demonstrava querer legislar sobre quase tudo.

Ficam atentos às menores “transgressões”, considerando quase tudo como “desrespeito” à figura do professor.

Perde-se, portanto, um tempo enorme e há um desgaste muito grande por parte do professor querendo legislar sobre coisas tolas e desnecessárias, que acarreta tensão, estresse e angústia ao próprio educador e gera um ambiente tenso na classe. O professor, querendo controlar tudo, acaba “deixando passar muita coisa” e parece estar sempre “medindo forças” com os alunos, principalmente quando estes são adolescentes e já não mais aceitam tão facilmente imposições e regras que não possuem boas justificativas para existirem ou princípios que as sustentem.


Obedecem só quando vigiados
Assim sendo, passam a ser cumpridas apenas enquanto a autoridade que as institui
estiver presente, e isso se a pessoa que as impõe possui poder para exigir esse cumprimento, gerando uma obediência superficial e heterônoma, que permanece somente enquanto há o medo de ser punido ou quando se espera uma recompensa.



Há normas e. . . normas
É preciso despertar o olhar dos envolvidos no processo educativo para que não privilegiem a primeira em detrimento da segunda, como constantemente pode ser visto nos espaços escolares. Muitas vezes despende-se um tempo enorme cobrando dos estudantes que obedeçam às convenções determinadas pela escola, como o uso do boné. Por outro lado, não é dada a devida importância a situações em que ocorre a falta de respeito ou a prática de ações injustas, como quando um colega agride verbalmente o outro.



Muitos professores e pais brigam com suas crianças, obrigando-as a cumprir essas regras absurdas, sem ao menos pararem para refletir se elas são de fato necessárias para ordenar as relações ou para o processo de aprendizagem, e se são justas e respeitosas. Ao serem questionados, esses educadores, frequentemente numa atitude heterônoma, dizem: “mas é a regra da escola”; “essa norma já existe há muito tempo”; “se a regra existe, temos que cumpri-la”, “eles precisam aprender a obedecer às regras porque, quando crescerem, viverão numa sociedade com muitas regras”...

Regras surgem de necessidade
Para que realmente se promova um trabalho construtivo em relação às regras, deve-se ter claro que algumas vão surgir no decorrer da vivência entre os sujeitos na busca por favorecer sua convivência. À medida que surge a necessidade, juntos, pensam e organizam as normas que deverão ser seguidas por todos.


 Diferentemente disso, o que as escolas têm feito é que, por conhecerem os tipos de problemas mais comuns que ocorrem em seus espaços, elaboram uma série de regras às quais o aluno deve obedecer sem perceber sua utilidade. Pode-se supor que essa seja uma das razões para a grande dificuldade que os educadores encontram para conseguir a obediência, tornando-se alvo de constantes queixas.

La Taille (1996, p. 20) esclarece que “toda moral pede disciplina, mas toda disciplina não é moral. O que há de moral em permanecer em silêncio horas a fio, ou em fazer fila? Nada, evidentemente”.
“Ou seja, o aluno considerado indisciplinado não necessariamente é imoral. Pelo contrário, imoral pode ser o professor, supervisor ou diretor, que impõe regras em benefício próprio, e espera que os outros obedeçam!” (p. 110).

Uma vez constatada a existência de regras convencionais e morais, se fazem necessários momentos de reflexão com os educadores, em que os aspectos apresentados sejam discutidos para que as normas não sejam tratadas da mesma forma na escola, como se tivessem a mesma relevância.



 Conforme Vinha e Tognetta (2009), para que os alunos legitimem as regras é importante que o educador faça corresponder o cumprimento das normas a uma sensação de bem estar, de satisfação interna, de orgulho ao respeitá-las e também que promova a reflexão sobre as consequências naturais decorrentes do não cumprimento das mesmas, favorecendo o desenvolvimento do autorrespeito (VINHA e TOGNETTA, 2009, p. 530).

Quando são formuladas as regras escolares
García e Puig (2010) definem a assembleia de classe como um momento institucional em que alunos e professores têm um espaço para falar a respeito de temas que considerem relevantes para favorecer um bom convívio entre os indivíduos do grupo.
Desse modo, a realização das assembleias promove a atuação democrática nos espaços escolares, uma vez que o próprio grupo elabora regras diante da necessidade percebida por seus participantes, pautando-as em princípios como os de justiça e equidade, além de oportunizar a descentração indispensável para compreender o ponto de vista alheio.



“São, na verdade, mais uma possibilidade de resolução de conflitos e uma oportunidade para que crianças e adolescentes se sintam pertencentes ao grupo e responsáveis por este.” (TOGNETTA e VINHA, 2007, p. 100).

A visão construtivista compreende o conflito e sua resolução como partes importantes do currículo e não apenas o vê como um problema a ser administrado. Em vez de o professor gastar seu tempo e energia tentando preveni-los, deve aproveitar os mesmos como oportunidades para auxiliar as crianças a reconhecerem os pontos de vista dos outros e aprenderem, aos poucos, a buscar soluções aceitáveis para todas as partes envolvidas.
 Ao agir assim, o educador demonstra reconhecer a importância de desenvolver nas crianças habilidades que as auxiliem na resolução de conflitos interpessoais e, consequentemente, favorecer a formação de pessoas autônomas.


Crianças mudam

Na relação com a criança pequena, há mais regras não negociáveis, que vão se tornando negociáveis conforme ela vai crescendo. No desenvolvimento moral, a primeira interação da criança é com o universo das regras, que é concreto. Todavia, por volta dos 8 anos, ela abstrai o espírito das normas, entrando em contato com os princípios...


Por conseguinte, é importante, conforme as crianças vão crescendo, saindo do “mundo concreto das regras”, que as matrizes das quais estas são derivadas sejam explicitadas a elas, para que tenham oportunidade de refletirem sobre os princípios

Uma pessoa moral é aquela que possui valores e princípios e que compreende as regras com tradução dos mesmos. Dessa forma, a moralidade é algo bem mais amplo do que saber quais são as boas leis, as normas justas ou como se deve agir numa determinada situação; a moralidade implica refletir sobre o porquê de seguir certas regras ou leis e não outras, muito mais do que simplesmente obedecer a elas (Menin, 1996).


Concluindo
Como foi visto, os princípios que são básicos e norteadores não são debatidos, mas sim explicados; já as regras contratuais, que se fundamentam nos princípios, são discutidas e negociadas. As regras contratuais devem preservar e propiciar ao sujeito o respeito por si próprio e pelo outro, ou seja, o bem-estar de todos.
São acordos feitos que devem beneficiar a todos e têm como objetivo contribuir para a organização do ambiente de trabalho, promover a justiça e a responsabilidade por aquilo que acontece na sala de aula, incentivando o comprometimento de todos com os procedimentos e decisões tomadas na classe, considerando um grupo cooperativo.





(A autora cita exemplos de regras não negociáveis, de regras tolas e desnecessárias e de princípios morais no artigo Considerações sobre as regras existentes nas classes democráticas e autocráticas - Telma Vinha)
 Você acha neste link: Publicação da Telma Vinha


Veja o vídeo onde a Dra Telma Vinha explica isto pessoalmente:
MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA - TELMA VINHA  


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