Quando
a família esta “desestruturada”
Em
estudo realizado com mais de cinco mil alunos entre 14 e 18 anos de
escolas particulares e públicas da Grande São Paulo, La Taille
(2006) buscou comprovar a existência de um mal-estar nos jovens e
compreender as possíveis causas.
Para
muitos professores e diretores, a não participação das famílias
de forma propícia na vida de seus filhos se deve ao fato de serem
“desestruturadas” e “desinteressadas”. A “falta de
organização” em seus lares passou a ser compreendida como um dos
fatores que levam ao baixo rendimento dos alunos. No entanto, outros
estudos destacam que problemas como a repetência e a evasão são
fruto de um sistema educacional que vem falhando em atender às
verdadeiras necessidades dos estudantes (CAVALCANTE, 1998; CHECHIA e
ANDRADE, 2005). A ineficácia do trabalho acadêmico acaba sendo em
parte transferida para os responsáveis em casa, desviando o
olhar das causas principais que necessitam de melhoria para a
qualidade do ensino.
Qual
é o papel da escola afinal?
Acredita-se,
portanto, que a escola deverá ter definido de maneira muito clara
qual o seu papel
e, sem dúvida, reconhecer o da família, pois somente assim haverá
a possibilidade de que se estabeleça uma verdadeira parceria no
lugar da transferência de responsabilidades.
Não há como a primeira sustentar seu trabalho pedagógico em crenças como a constante crítica de que os pais dos alunos que fracassam, ou seja, aqueles que não atingem o mínimo dos resultados esperados são os que têm seus familiares ausentes.
Tal ideia é questionada, pois alguns estudos sobre as representações dos pais (RIBEIRO e ANDRADE, 2006; CARVALHO, MARTIN e PAULA, 2007) apontam que estes valorizam a instituição escolar, muitas vezes sentindo dificuldade em se posicionar de forma crítica. A queixa a respeito da não participação dos responsáveis é constante devido à dificuldade que a escola vem encontrando na realização de seu papel.
Parece não ser realizada uma reflexão mais ampla e isenta no sentido de identificar o que efetivamente afugenta os pais e sobre a relevância de revisar as expectativas em relação à atuação da família, revendo o que cabe a cada instituição.
Rego
(1996) esclarece que a escola não pode eximir-se, entre
outras coisas, de sua tarefa educativa no que diz respeito à
disciplina. Para a autora: “podemos inferir que mesmo as crianças
provenientes de ‘lares comprometidos’, cujo ambiente
familiar é desprovido de adequados estímulos e orientação, terão
condições de superar estas adversidades caso tenham a oportunidade
de vivenciar, em outros contextos educativos, um modelo
diferente de educação (p. 98-99).
É fato que quando a escola propicia um ambiente diferente do familiar, com outros tipos de interações sociais e com o conhecimento, além disso, tem um papel relevante na formação do estudante, o que não envolve a compensação de suas carências domésticas. Muito pelo contrário, a instituição de ensino precisa oferecer oportunidades para que ele tenha acesso a informações e experiências diferenciadas.
É fato que quando a escola propicia um ambiente diferente do familiar, com outros tipos de interações sociais e com o conhecimento, além disso, tem um papel relevante na formação do estudante, o que não envolve a compensação de suas carências domésticas. Muito pelo contrário, a instituição de ensino precisa oferecer oportunidades para que ele tenha acesso a informações e experiências diferenciadas.
O
que significa tratar com igualdade?
“Tratando
formalmente de modo igual, em direitos e deveres, quem é diferente,
a escola privilegiaria, dissimuladamente, quem por sua bagagem
familiar, já é privilegiado” (NOGUEIRA e NOGUEIRA, 2002, p. 29).
Se
a família não faz. . .
Mesmo
que a família não desempenhe esse papel, a escola precisa assumir
as responsabilidades cabíveis ao seu trabalho, a fim de promover
a educação das crianças e dos adolescentes em desenvolvimento. É
necessário que cada um compreenda suas funções para que a relação
seja saudável e produtiva, ao invés de despender energias com
queixas e lamentos que visam somente identificar os culpados pelos
fracassos na tarefa de educar, seja em casa ou na escola.
Em
pesquisa-ação realizada em uma escola pública da rede municipal da
periferia da grande
São Paulo, Paro (2007), os dados revelaram a presença de uma crença
unânime por parte dos professores, que julgavam
indiscriminadamente que o sucesso escolar de seus alunos dependia
antes de tudo da ajuda em casa. O estudo realizado destacou a
importância de os educadores repensarem sobre o conceito de
participação para favorecer o desempenho. Dito de outra maneira, é
preciso refletir sobre o que se espera dos responsáveis, e
principalmente retomar o papel de cada personagem nessa relação.
Analise esta ata.
ATA
APROVADO POR CONSELHO DE CLASSE
Aos (dia, mês e ano) _______________, foi realizada
a entrega do boletim para os responsáveis do
aluno(a)_________________da sala do _____ ano, juntamente com o
boletim foi realizada uma conversa sobre a aprovação do(a) aluno(a)
mediante o conselho de classe.
Para um melhor entendimento, explica-se que quando um(a) aluno(a) é aprovado pelo conselho significa que não atingiu a ou as notas necessárias no exame final e por este motivo o conselho formado por professores e demais profissionais da escola o(a) aprovaram para o próximo ano, por acreditarem que no ano seguinte poderá acompanhar a turma e desempenhar um bom papel como aluno(a).
Importante salientar que o mesmo aluno(a) não pode ser aprovado pelo conselho por dois anos, sendo assim, a família e a criança necessitam se empenharem mais para que no ano seguinte o educando(a) consiga obter a sua aprovação por méritos próprios.
Para um melhor entendimento, explica-se que quando um(a) aluno(a) é aprovado pelo conselho significa que não atingiu a ou as notas necessárias no exame final e por este motivo o conselho formado por professores e demais profissionais da escola o(a) aprovaram para o próximo ano, por acreditarem que no ano seguinte poderá acompanhar a turma e desempenhar um bom papel como aluno(a).
Importante salientar que o mesmo aluno(a) não pode ser aprovado pelo conselho por dois anos, sendo assim, a família e a criança necessitam se empenharem mais para que no ano seguinte o educando(a) consiga obter a sua aprovação por méritos próprios.
Eu, __________, responsável pelo aluno(a) ________
me comprometo a acompanhar com mais afinco a vida escolar do
educando(a) para que ele(a) absorva o conhecimento necessário e
obtenha aprovação no próximo ano letivo.
Cabe aos pais se responsabilizarem pelo aluno "absorver o conhecimento necessário" para aprovação? A família não "se empenhou" suficiente?
Em nenhum lugar fala da escola ponderar seus métodos e analisar se poderia melhorar.
Quando
a escola conversa com os pais
Garcia
(2005) realizou uma pesquisa com o intuito de analisar como eram
constituídas as relações em escolas de Educação Infantil durante
as reuniões de pais. A análise dos dados permitiu concluir que elas
ainda se constituem como espaços pouco explorados no projeto de
formação do professor e que concretizam preconceitos que
distanciam o discurso sobre a importância desses momentos e o que
realmente acontece na prática.
Apontam
também para o fato de que, durante seu desenvolvimento, a escola
centraliza o poder, cabendo aos representantes da outra
instituição somente ouvir as colocações feitas,
o que pode levar ao seu desinteresse. Para as autoras, esses bilhetes
podem ser aliados na relação família-escola uma vez que
possibilitam a troca rápida e prática de informações, todavia, o
fato de notificar sobre problemas com tarefas ou comportamento denota
a concepção da escola de que os pais devem ser responsabilizados
pelas atitudes de seus filhos no que diz respeito à
escolarização.
Para
Sayão (2003), essa maneira de estabelecer uma parceria entre escola
e família é um ‘duplo engano’ promovido pelo fato de que a
primeira julga ter a obrigação de comunicar tudo que acontece aos
familiares e estes validam tal postura como se fosse benéfica aos
estudantes. Enfatiza, no entanto, que isso prejudica a educação
desses sujeitos e afirma que estes são capazes de se comunicar e
assumir seus compromissos.
Problemas
de casa e problemas de escola
“O
aluno pode aprender a ter responsabilidade com sua vida escolar.
Aliás, ele deve aprender isso na escola. Tornar-se
responsável por sua vida escolar é uma atitude que o aluno
desenvolve como consequência da atuação da escola, apesar de
muitos professores acreditarem que isso seja um pré-requisito que o
aluno deve trazer de casa (SAYÃO, 2003, p. 224).”
E
as tarefas de casa?
Um
dos assuntos geralmente informados à família é a não realização
das tarefas de casa.
Os
professores, de um modo geral, culpam os pais por
acreditarem que eles são responsáveis pelo fato de essas obrigações
não serem cumpridas. Isso acontece porque a escola legitima que, por
meio dessa estratégia, promove a fixação e o reforço dos
conteúdos trabalhados em aula, favorecendo a qualidade do ensino.
A
visão construtivista
La
Taille (2006) se refere ao período (das crianças) em que esses
sentimentos surgem como o despertar do senso moral na criança.
O primeiro é a confiança, que se refere à credibilidade
depositada nas pessoas que são autoridade.
A
simpatia. Apesar de não ser um sentimento, diz respeito à
afetividade, por ter na compaixão uma das formas de sua
manifestação, o que ocorre quando desde muito cedo os pequenos se
sensibilizam com a dor alheia. Sendo assim, é preciso
considerar que:
a
simpatia não nasce de relações de autoridade, não cabe
evidentemente aos educadores despertá-la, mas sim acolhê-la,
valorizá-la e, portanto promover um convívio escolar no qual ela
tenha lugar para desabrochar (LA TAILLE, 2009, p. 301-302).
Sendo assim, à medida que ocorrer o fortalecimento dos sentimentos morais, a simpatia vai sofisticando-se até tornar-se a virtude da generosidade. Quando uma criança é capaz de se comover com o outro é motivada para ações justas e generosas.
La
Taille (2006) ainda analisa a noção de direito e a culpa
vinculada ao sentimento de obrigação.
La
Taille afirma:
“Se
os educadores não abdicarem de seu lugar de figuras adultas, se não
sufocarem a simpatia e nem desprezarem a culpa e a indignação de
seus alunos, e se também os tratarem de forma generosa, justa e
respeitosa, a escola será um lugar no qual eles sentirão confiança,
sentimento essencial ao despertar da vida moral, e também ao
percurso posterior (2009, p. 305).
A
COOPERAÇÃO
Muitas
vezes a cooperação quer dizer discussão e não acordo. Mas numa
discussão equilibrada de forma que cada pessoa possa colocar seus
argumentos, rebater o dos outros, examinar suas posições e as dos
outros, conhecer, considerar, negar ou afirmar outros pontos de vista
que não só os próprios (p. 52).
É a cooperação que leva à descentração, sendo por meio das trocas entre os indivíduos que o egocentrismo vai declinando aos poucos. À medida que um indivíduo estabelece relações com mais igualdade, tende a descobrir que algumas opiniões são diferentes das suas, que as pessoas não pensam sempre do mesmo jeito, que todos têm suas preferências que devem ser respeitadas.
É devido a essas progressivas descentrações que a criança consegue integrar o outro às suas ações e pensamentos. As relações continuam sendo compostas pelos sentimentos de amor e de medo; porém, o receio da perda do amor ou da punição vai sendo substituído pelo temor de decair ao olhar dos indivíduos respeitados e aos seus próprios olhos.
Com
o respeito mútuo, há agora uma nova obrigação, não apenas o
respeito ao outro, mas a exigência de ser respeitado, ou seja, de
também ser visto como alguém de valor.
Assim,
se o objetivo da educação é o de auxiliar o desenvolvimento da
autonomia moral das crianças, deverá pautar-se em relações de
cooperação e respeito mútuo.
Desenvolvendo
a autonomia nas crianças
Em
muitas escolas, “Apesar de o discurso e os projetos pedagógicos
enfatizarem objetivos que visam à autonomia, à criticidade, à
cidadania, entre tantos outros, nas salas de aula o que em geral
se encontra é o exercício de atividades e relações autoritárias,
principalmente pautadas no respeito unilateral, que levam à
obediência por meio da coação, reforçando a heteronomia”.
Entretanto,
para que isso seja possível, faz-se necessário rever a postura
do professor, de forma que este diminua sua autoridade,
procurando estabelecer relações pautadas em respeito mútuo. Piaget
(1932-1994) constatou que, quando pequenas, as crianças confundem a
justiça com tudo o que a autoridade ordena, ou seja, “os menores
estimam que a ordem adulta é justa, pois provém de um adulto e deve
ser obedecida” (LA TAILLE, 1992, p. 54).
Araújo
(2002) alerta que “o sujeito poderá até obedecer ao superior
hierárquico, mas não o legitimará como uma autoridade que deve ser
respeitada” (p. 64).
Não
resolva pelas crianças
Delval
(2003) Torna-se indispensável que ele promova conflitos cognitivos
que levem o sujeito a buscar novas respostas. Assim, em vez de
fornecer soluções prontas, contra-argumentará por meio de
indagações cujas respostas devem ser pensadas pelo próprio aluno.
Para isso, refere-se à importância de que os conhecimentos prévios
sejam valorizados e que se promovam situações em que o aluno
confronte suas ideias com o conteúdo que deve aprender.
Faz-se
necessário reconhecer que, em um diálogo, há a presença de
um emissor que fala e um receptor que ouvirá as palavras do
primeiro. Assim sendo, é preciso ter consciência de que elas não
são inofensivas e podem deixar marcas, afetando a vida dos
alunos para melhor ou para pior.
Para
alguns autores (GINOTT,1979; FABER e MAZLISH, 2003), a comunicação
pode
ser
mais coerente por meio do uso de uma linguagem que não avalie a
capacidade das pessoas e nem julgue sua personalidade. Para isso,
considera-se a utilização da linguagem descritiva, em que o
emissor deve descrever os fatos, falar do que vê, do que sente,
sem emitir julgamentos.
Linguagem descritiva é falar sobre a ação da criança, do que a criança fez, e não do que a criança é (ou do que o adulto acha que ela seja). Se a criança fez bagunça com seus materiais, não vá logo chamando de "bagunceira", mas concentre se em raciocinar com a criança da necessidade de cuidar de seus materiais, convença-a através de raciocínio lógico dos benefícios da organização para ela mesma. Substitua o "você e uma bagunceira" por "você fez uma bagunça e isto não é nada bom, como podemos concertar isto?"
Substitua o "você é mesmo uma..." por "vamos falar desta situação?" ou vamos consertar isto?" ou vamos pensar nisto que você fez?" ou ainda, "vamos resolver o problema?"
Linguagem descritiva é falar sobre a ação da criança, do que a criança fez, e não do que a criança é (ou do que o adulto acha que ela seja). Se a criança fez bagunça com seus materiais, não vá logo chamando de "bagunceira", mas concentre se em raciocinar com a criança da necessidade de cuidar de seus materiais, convença-a através de raciocínio lógico dos benefícios da organização para ela mesma. Substitua o "você e uma bagunceira" por "você fez uma bagunça e isto não é nada bom, como podemos concertar isto?"
Substitua o "você é mesmo uma..." por "vamos falar desta situação?" ou vamos consertar isto?" ou vamos pensar nisto que você fez?" ou ainda, "vamos resolver o problema?"
Conforme
orienta Ginott (1973, p. 59), a essência da verdadeira comunicação
é saber aplicar esse princípio nas mais diversas situações. É
importante destacar que o tipo de mensagem transmitida nessa forma de
usar as palavras reduz a resistência, diminuindo o gasto de
tempo e de energia do sujeito com justificativas ou defesas.
Mas
a tarefa da escola é só ensinagem!
Para
Delval (1998), o objetivo da educação não é apenas a transmissão
de conhecimento e o ensino de habilidades, sendo responsabilidade da
escola a contribuição para o desenvolvimento mental, moral e
afetivo dos sujeitos além de propiciar a construção do
conhecimento.
(A
escola, no mínimo deveria considerar as fases de Piaget, pois para
cada fase de idade da criança exige do professor abordagens e
intervenções diferentes. Entender quando ocorre “assimilação”
e quando ocorre “acomodação” de novos saberes. Precisa haver um
“desequilibrio”, depois uma “equilibração” destes saberes
na mente da criança. Para uma explicação mais abrangente veja
texto original)
Embora
esse processo de equilibração seja idêntico durante todo o
desenvolvimento,
existem
divergências entre as condutas do sujeito em suas diferentes idades.
Conforme se desenvolve, ele amplia seu repertório de esquemas e
constrói novas estruturas que oportunizam o progresso da
inteligência à medida que ficam mais velhos. Por essa razão, para
compreender e caracterizar as transformações das estruturas
intelectuais ao longo da vida é necessário diferenciar os quatro
estágios do desenvolvimento cognitivo elaborados por Piaget.
Isso
quer dizer que obedecem a uma sequência, pois apresentam
determinadas particularidades em cada momento da evolução do
pensamento, não podendo um se adiantar em relação aos
demais. Além disso, o avanço para um período mais evoluído
implica que ele englobe os anteriores. Portanto, cada estágio
constitui uma forma particular de equilíbrio, de acordo com as
estruturas pelas quais é definido, sendo a evolução mental
resultante de uma equilibração sempre mais completa (PIAGET,
1964-2001, p. 15). Apesar de seguirem sempre a mesma sequência, não
foram definidas idades rígidas para seu desenvolvimento, pois
dependem da interação do sujeito com o meio.
Não
será possível limitar o trabalho à simples transmissão verbal
do conteúdo tornando-se necessário buscar por estratégias que
apresentem problematizações geradoras de desequilíbrio a
fim de possibilitar, de forma ativa, que os estudantes busquem por
formas de equilibração construir novas estruturas cognitivas.
(citando Piaget)
Por
essa razão, o educador deve encorajar seus alunos a refletir
sobre suas próprias soluções, a confrontá-las com as ideias de
seus colegas, propor questões que os ajudem a repensar suas
perspectivas favorecendo a descentração de seu ponto de vista para
a compreensão de outros divergentes. . . .o estudante terá a
oportunidade de entender o que está realizando em vez de
cumprir com listas extensas de atividades muitas vezes sem sentido.
Outra
questão relevante, ao repensarmos a aprendizagem em nossas escolas,
é o papel do erro diante da ideia de construção do
conhecimento. A educação tradicional sempre nos mostrou que errar
era algo que deveria ser evitado, valorizando somente as
respostas corretas, tornando-se um juízo indissociável das práticas
avaliativas que comumente são vivenciadas pelos estudantes.
Entretanto,
o erro na visão construtivista é considerado como parte do
processo. Ao acreditarmos que as construções se realizam por meio
da autorregulação, tem-se a compreensão de que os aspectos do erro
podem ser corrigidos ou mantidos, tendo em vista o que se quer
alcançar. Dessa forma, o erro e o acerto são intrínsecos no
desenvolvimento, não sendo predeterminados ou dados externamente
(MACEDO, 1994).
(Quais
são os pais que entendem toda este desenvolvimento da mente da
criança de maneira a “tomar providência” quando a mesma não
vai bem na escola?).
A
culpa é a falta de interesse do aluno
Muitos
educadores, quando se referem à aprendizagem, se queixam
constantemente de que
um dos problemas que enfrentam é a falta de interesse, que
aumenta significativamente nas séries mais avançadas. No entanto,
Piaget (1954-1994) aponta que a necessidade de conhecer, ou seja, a
curiosidade manifesta-se desde muito cedo. Uma questão pode surgir:
como sujeitos que entram ainda tão pequenos na escola perdem o
interesse por adquirir conhecimento?
Podemos dar indícios de uma resposta para tal questão por meio da definição de uma educação construtivista que destaca a atividade do próprio sujeito, apresentando três requisitos básicos: envolver seu interesse, inspirar experiências com direito a tentativas e erros, e apoiar a cooperação entre adultos e crianças e entre os iguais (DEVRIES e ZAN, 1998).
É
possível compreender que estar motivado não depende somente do
próprio aluno, uma vez que sofrerá as influências do ambiente
em que está inserido. Torna-se necessário atentar para as dimensões
em sala de aula que podem repercutir nesse aspecto, como rever a
postura da autoridade, as interações entre aluno-professor e
entre os pares, o tipo de atividades propostas, os conteúdos
ensinados e os procedimentos de avaliação.
Para
tanto, a sala de aula deve ser um ambiente acolhedor em que o
aluno se sinta pertencente, reconhecido no seu esforço em
aprender, legitimado e nunca desmerecido quanto a sua dúvida ou
dificuldade. Com certeza, aulas muito expositivas, atividades
mecanicistas, cópias e exercícios repetitivos prejudicam a
motivação.
Vale
a pena também que os alunos façam parte do projeto das disciplinas
podendo selecionar conteúdos que tenham sentido para eles. A
atividade proposta deve envolver os alunos, desafiá-los, mas é
relevante que seja um desafio passível de ser realizado, sendo para
isso necessário esforço e engajamento do sujeito.
O educador precisa estar atento, ainda, ao nível de dificuldade da tarefa, cuidando para que não seja fácil demais nem muito difícil. O esforço, principal indicador da motivação, só é utilizado pelo estudante para ultrapassar suas próprias dificuldades ou para se engajar em situações novas ou desafiantes caso este acredite na sua própria capacidade de obter êxito. (BORUCHOVITCH e BZUNECK, 2009).
O educador precisa estar atento, ainda, ao nível de dificuldade da tarefa, cuidando para que não seja fácil demais nem muito difícil. O esforço, principal indicador da motivação, só é utilizado pelo estudante para ultrapassar suas próprias dificuldades ou para se engajar em situações novas ou desafiantes caso este acredite na sua própria capacidade de obter êxito. (BORUCHOVITCH e BZUNECK, 2009).
ANTES
DE CHAMAR OS PAIS PARA RECLAMAR DE SEUS FILHOS . . .
Considerando-se
que a moral é um objeto de conhecimento que se aprende pelo uso da
razão
e não por transmissão verbal, as escolas precisam abrir espaços
de reflexão sobre os valores morais. Sendo assim, devem propor
atividades sistematizadas para trabalhar com procedimentos de
educação moral que . . .propicie a capacidade necessária para o
sujeito utilizar estratégias mais evoluídas ao resolver seus
conflitos inter e intrapessoais.
No
entanto, o que temos encontrado são jovens com pouca ou quase
nenhuma capacidade para resolver seus conflitos, uma vez que
provavelmente não tiveram oportunidades de participar ativamente da
busca das soluções de seus problemas, da reflexão acerca das
consequências de suas atitudes e nos sentimentos ou coordenar
perspectivas.
Atualmente,
muitos dos ambientes escolares podem ser considerados autocráticos,
pois, normalmente,
em nome do controle e da disciplina, além de possuírem um
excesso de regras, contam com a presença de algumas consideradas
abusivas. Nesse contexto, há a exigência de que sejam
obedecidas, não sendo considerado importante que os estudantes as
compreendam.
Sendo
as regras impostas de maneira autoritária, desde pequenos ensinamos
aos alunos que
devem ser obedecidas, não demonstrando a necessidade de serem
compreendidas. Basta pensarmos quando muitos adultos usam de
imperativos como: “Porque eu estou mandando”. Tal
expressão geralmente é dita quando eles são questionados diante de
alguma ordem proferida.
CONCLUSÃO
Poderíamos
supor que ao transferir os problemas para as
famílias resolverem, a escola se exime de rever como trabalha
com as regras e com os conflitos que surgem naturalmente em seu
espaço?
As
estratégias que os professores fazem uso, como os castigos,
as ameaças de enviar bilhetes,
as censuras, não estariam contribuindo para o aumento dos mesmos
problemas que tentam resolver?
Como
seria a comunicação com as famílias numa escola que ofereça um
ambiente sociomoral
cooperativo?Haveria diferença?
E
as regras convencionais cobradas dos alunos? Como surgem?
Quais os mecanismos de trabalho para sua legitimação no espaço
escolar antes de ser informado aos familiares que não estão sendo
cumpridas?
Para
a escola destacamos a relevância de rever seu trabalho no
que diz respeito à forma como o conhecimento vem sendo trabalhado.
As
intervenções devem ser pensadas de forma que o professor envolva
esse aluno na discussão e na busca por soluções justas e
equilibradas para seus problemas.
Além
disso, a escola precisa urgentemente rever como lida com suas
regras, procurando identificar quais os princípios que as
sustentam e como são elaboradas. Faz-se necessário compreender
que envolvendo os estudantes em discussões sobre a real
necessidade de algumas normas e permitindo que outras sejam
criadas a partir das situações vivenciadas no dia a dia, favorecerá
que sejam legitimadas e cumpridas.
Uma
opção de estratégia mais coerente com a autorresponsabilização é
quando o aluno tem
a oportunidade de realizar constantemente a autoavaliação
dialogada, que consiste em pensar sobre suas realizações, sendo
incentivado pelo professor a identificar quais posturas são
favoráveis ao seu desenvolvimento, reconhecer suas conquistas e
dificuldades, traçando metas para superar seus obstáculos.
Sugerimos
que espaços para o diálogo sejam abertos nas escolas para
que possa haver a discussão com os familiares sobre tais
assuntos. Para a construção desses espaços de diálogo,
acreditamos que o pai de um aluno não pode ser visto pela escola
como uma ameaça, como alguém que deve limitar-se a ouvir e
seguir suas instruções.
Realizar
trabalhos com os pais para que conheçam procedimentos que os
auxiliem com seus
filhos em casa, como o uso da linguagem descritiva, a
aplicação de sanções por reciprocidade
e as consequências das expiatórias, a importância de oferecer
escolhas às crianças, refletir sobre a relevância de
compreenderem que as regras devem surgir de necessidades
vivenciadas e que aquelas que não são negociáveis podem ser motivo
de discussão
para o entendimento de sua existência.
Todavia,
gostaria de encerrar o presente texto apontando que:
Quando
se objetiva uma interação mais eficaz entre a família e a escola,
assim como acreditamos
que deva ser com as crianças e com os adolescentes, os educadores
precisam compreender que uma real parceria não será possível se
não forem revistas suas concepções e construídas relações
pautadas no respeito mútuo, na reciprocidade e na cooperação.
Veja o vídeo onde a Dra Telma Vinha explica isto pessoalmente:
MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA - TELMA VINHA
Referências
MEDIANDO CONFLITOS NA ESCOLA - TELMA VINHA
Referências
1
- CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL NA ESCOLA: os conflitos interpessoais
e a aprendizagem dos valores (VINHA, TOGNETA, 2009)
2
- BILHETES REAIS E/OU VIRTUAIS: uma análise construtivista da
comunicação entre escola e família (SANDRA CRISTINA DE CARVALHO
DEDESCHI)
VOLTAR AO MENU- Série Telma Vinha - Sandra Tedeschi
- SE A CRIANÇA TEM CONHECIMENTO DO QUE É “CORRETO”, POR QUE NÃO O FAZ? - Série Telma Vinha, Sandra Tedeschi
- BILHETES DA ESCOLA – “Pais, Tomem providências!” - série Telma Vinha - Sandra Tedeschi
- A CONSTRUÇÃO DE REGRAS NA ESCOLA DO FUTURO - série Telma Vinha , Sandra Tedeschi
- QUANDO PAIS SÃO CHAMADOS NA ESCOLA – QUE DESASTRE! - série Telma Vinha, Sandra Tedeschi
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